Fanfic: Vivendo Nos Ares ⋆ Vondy, Chaverroni, Ponny | Tema: RBD - Vondy, Chaverroni, Ponny

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Quando o serviço de bordo terminou, Dulce viu Maite um tanto distraída. Elas estavam dividindo uma estação¹ e a chefe de cabine aproveitou isso. A morena sempre parecia um pouco distante, um pouco calada, e isso era algo que despertava intensamente a curiosidade da ruiva.

― Ele é bonito. ― Dulce disse, seguindo o olhar dela e percebendo que se dirigia a um passageiro específico.

― É casado. ― Ela comentou, se virando para a galley e organizando algumas taças. ― A esposa e o filho estão sentados na 6-Delta².

― E isso te incomoda? ― Dulce estreitou o olhar, curiosa.

― Não, só me surpreendeu. ― Deu de ombros, sorrindo. ― Não é como se fosse me importar.

― Isso é adoravelmente francês da sua parte. ― A outra olhou para ela com um misto de compreensão pela surpresa desagradável e alegria por vê-la bem, ao menos. ― Vamos cuspir na comida ou na bebida dele?

― Nos dois. ― A morena sorriu.

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FLASHBACK

Roma, seis meses atrás

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Maite Perroni rumara pelo corredor do hotel batendo os saltos no chão, até parar em frente à porta do quarto em que estava hospedada, destrancando-a. Estava cansada após seis horas de voo desde Nova York, mas havia um motivo especial para colocar aquele sorriso em seu rosto.

Conhecera um homem especial naquela viagem e ao abrir a porta, foi ele que a recepcionou com um beijo apaixonado, apenas dando tempo para que pudesse deixar a bolsa e o casaco sobre o sofá.

Estavam se encontrando há alguns dias, por mais que isso fosse contra as regras da Pan Am. Afinal, talvez fosse isso que tornasse tudo ainda mais interessante.

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― Com licença, querida. ― A mulher sentada na 6-Delta chamou Maite. ― Teria um minuto? Se for permitido conversar com os passageiros, é claro.

A comissária sentiu um arrepio gélido percorrer sua espinha, mas sentou-se na poltrona vaga à frente da mulher.

― Eu adoraria saber onde comprou esses cílios maravilhosos. ― Começou a passageira. ― Eles são tão naturais.

― Merci. ― Maite respondeu, dando um sorriso sutil. ― São mesmo naturais.

― Eu estava torcendo para que pudesse adquirir um par em alguma loja de Londres. ― A mulher riu. ― Você parece tão elegante, é invejável.

― Agradeço. ― A comissária respondeu, surpresa com o rumo que a conversa levava. Então um sinal sonoro ecoou pela cabine. ― Com licença, tenho que me preparar para o pouso.

Levantando-se, Maite se dedicou à ajudar as companheiras com a arrumação da galley e dos passageiros. Após um pouso sem qualquer tipo de complicações, postou-se à saída da aeronave dizendo o usual “Obrigada por voar com a Pan Am”. E todos os passageiros saíram tranquilamente, até que a mesma mulher do 6-Delta retornasse.

― Esqueci minha bolsa. ― Ela disse rindo.

― Eu a acompanho. ― Maite dissera, indo com a passageira até a poltrona e entregando-lhe a bolsa. Olhando melhor, vira uma folha com um desenho infantil. ― Acho que pertence ao seu filho.

― Pode ficar com ele. ― A mulher disse, adquirindo uma expressão séria que assustou-a. ― Coloque na porta da sua geladeira e, quem sabe, isso não te ajude a se lembrar de não sair com homens casados.

Enquanto a passageira saía do avião, Maite fixou os olhos no desenho. Havia - em rabiscos infantis - um céu azulado, um avião e uma família. De repente, ela se sentiu inferiorizada, humilhada, enganada. Ela não sabia que aquele homem possuía esposa e filhos, ela jamais aceitaria ter sido uma amante. E ali estava ela, com o coração partido.

estação¹ = local onde ficam os assentos dos comissários e todo o material sob responsabilidade dos mesmos, como lanternas, cilindro de oxigênio e afins.

6-Delta² = a aviação possui um alfabeto próprio e nele, a letra D se chama Delta; Logo, entende-se que a mulher estava sentada na 6ª cadeira da 4ª fileira (D), de modo que sua poltrona é a 6-Delta.