Fanfic: milonga... | Tema: portiñon

 Que é? Não estavam tão longe e eu me esforcei pra escutá-las.
— Você vai continuar andando com a sapatão? Perguntou, eu
suspirei de raiva.
— E desde quando eu devo algo pra
você? A Reeh respondeu e virou as costas, mas eu percebi quando ela se
aproximou de mim que não se sentia nada confortável com essa história.
Caminhamos até o auditório em silêncio e sentamos longe da Dulce, eu não conseguia olhá-la. Na verdade, eu não conseguia olhar nada além do chão.
Os boatos continuaram e o auditório foi ficando cada vez mais cheio. A palestra começou, e as professoras falavam sobre casamento e sobre a importância deles. No ver delas, eram:

* Ter filhos.
* Ser uma boa dona de casa.
* Ter um bom nome para orgulhar os pais.

Fiquei encolhida na cadeira o tempo todo, achando aquilo muito horrível. Temos que ter sentimentos, e era isso que eu sentia pela Dulce.

— Mas professora, é por isso
que Deus não perdoa esses gays né? A professora não entendeu seu
raciocínio e pediu para que ela continuasse. — Assim, já que
devemos nos casar e termos filhos, gays não podem ter isso. Vão queimar no inferno. Algumas pessoas me olharam, e eu apenas respirei fundo. Não
tinha coragem pra dizer nada pra eles, a Reeh escorregou a mão até a minha e a apertou.

 Sorriu ap Sim, querida. Mas infelizmente as pessoas se juntam apenas por luxúria, por vontade do corpo da outra pessoa do mesmo sexo, que é totalmente errado. Já que o homem foi feito para a mulher. Meus olhos marejaram e eu olhei o chão.
— Mas não temos nenhum jeito de curá-los? A
menina voltou a perguntar. A professora negou com a cabeça.
— Só Deus pode curá-los. Falou, e houve um barulho. A Dulce
levantava quase derrubando a cadeira.
— Professora, acho que Deus tem que curar outra coisa primeiro.. Todos a olharam, e ela continuou. — A ignorância das pessoas que pensam que são
animais. Se forem assim, deveríamos morar todos no mato e viver tendo filhos, com todos os machos que passassem pela frente. Enterrei o rosto entre as mãos, mas me senti orgulhosa. A professora grunhiu.
—
Deus fez a gente assim! Protestou a garota, Dulce a olhou com uma cara de cínica.
— Assim? Ignorantes e preconceituosos?
Negou com a cabeça. — Desculpa, mas isso foi só com você.enas com os cantos dos lábios.Soou um barulho de "oh!" coletivo e a professora tentou acalmar os alunos.
— Dulce, podemos conversar depois?
Perguntou, Dulce balançou os ombros.
— Aham, mas agora eu tô saindo dessa aula. Foi caminhando por trás dos bancos e se aproximou do meu, me puxou devagar pelo braço. — Vem comigo.. A professora tentava mudar o assunto e ver se os olharem saiam
de cima de nós.
— Você tá louca? Sussurrei, ela continuou puxando.
— Anda logo! Murmurou e eu levantei, fui saindo o mais rápido da sala com ela. Entramos na sala de canto que estava vazia, e ela encostou a porta, eu sentei perto do piano e tentei conter as lágrimas. — Não chora.. Ela sussurrou, eu passei as mãos pelos olhos.
— Eu não quero passar por isso.. Sussurrei, meu coração dóia demais. Eu não queria todo aquele peso
sobre o meu corpo, eu não era forte pra isso.
— Mas não podemos fazer nada.. Ela ajoelhou na minha frente e segurou minhas mãos.
— Temos que ter paciência.. Eu abaixei a cabeça e respirei fundo.
— Não podemos.. Ela me olhou como quem não entende. — Não devemos ficar juntas..
Continuei, ela apertou minhas mãos.
— Você tá louca? Eu não posso viver sem você.. Olhou meus olhos, e meu coração acelerou novamente. Eu não queria deixar que ela se prejudicasse por minha causa.
— Você não vai viver sem mim.. Ela quase sorriu, mas eu a cortei antes. — Vai me ter.. Como sua amiga, Dulce. É isso que Deus quer de nós.