Fanfic: milonga... | Tema: portiñon

Me joguei na cama, já me sentia um pouco mais aliviada. A Reeh logo entrou no
quarto e eu pedi que ela mandasse a carta pela diretoria. Amanhã mamãe receberia
com toda certeza.. Ela não me deixaria na mão, não de novo. Minha cabeça já
estava doendo muito e eu não demorei a dormir. Queria ficar com ela nem que
fosse nos sonhos.

 Março de 199O - Sexta.

Acordei cedo naquela manhã, não tinha tido sonhos legais. Me arrastei até o
banheiro e lavei o rosto, fiquei me olhando no espelho alguns segundos. O
suficiente pra me fazer chorar de novo. Peguei a toalha e esfreguei nos olhos
inchados que arderam e coloquei ela ao lado. Escovei os dentes e fui tomar café.
Eu me sentia tão estranha que nem me importei com os olhares enquanto pegava meu
lanche, caminhei até uma mesa e me sentei de cabeça baixa, fiquei comendo em
silêncio.

— Posso sentar com você? Reconheci a
voz e meu coração acelerou também. Assenti sem olhar seu rosto e ela deu a volta
na mesa até estar sentada na minha frente.
— Oi..
Murmurei, Dulce não respondeu por alguns segundos.
— Já mudou de idéia? Olhei seu rosto e seus olhos estavam
igualmente inchados. Entortei os lábios e balancei a cabeça
negativamente.
— Eu falei sério.. Abaixei a cabeça
novamente e tomei um pouco do mesmo suco de uva. Ela suspirou.
— Ah.. Ficamos em silêncio. — Eu sonhei
com você.. Comentou, olhei seu rosto rapidamente.

— O que sonhou? Ela sorriu de leve e fechou os olhos,
como se as lembranças do sonho fossem melhores do que olhar pra mim.
— A gente tava lá perto do lago que tem no fundo da escola, e era
a noite, a gente tava se beijando.. Eu podia sentir seu gosto, Anahí.
Olhou meus olhos e eu tremi. Respirei fundo e tentei conter o choro. Voltamos a
ficar caladas, eu não conseguia dizer nada.

Depois de alguns minutos
escutamos uns cochichos e quando eu girei os olhos, Amélia entrava no refeitório
empurrando uma cadeira de rodas, e na cadeira era mamãe, mamãe! Elas se
aproximaram rapidamente e eu quase pulei na cadeira enquanto abraçava o corpo
frágil dela.