Fanfic: milonga... | Tema: portiñon

Março de 199O - Segunda feira.

Acordamos cedo e continuamos em silêncio, trocamos alguns beijos e fomos direito
para nossas salas. Tivemos aulas normais, coisas normais, almoços normais.
Durante o almoço eu conversei com mamãe, ela estava um pouco abatida pelo
acontecimento, mas me disse que agora se sentia livre, e que titia moraria com
ela. Até me agradeceu quando fomos desligar, mas me pediu para não contar a
ninguém. Não me senti bem, eu não me sentia nem um pouco bem com o fato de ter
matado uma pessoa. Depois disso, fui direto para o meu quarto, quando entrei a
Reeh estava lá, ela me olhou com uma cara de quem sabia que eu não estava bem e
me chamou com a mão, eu caminhei até ela e fui me aconchegando no seu colo.
Sentei nele, e ela me abraçou, deitei a cabeça no seu ombro.

— A Dulce me contou.. Ela sussurrou, eu fiz um pequeno
bico. Permaneci de olhos fechados. — Você não tem culpa de
nada, pequena. Deslizou a mão pela minha cintura, suspirei mais uma
vez.
— Eu matei uma pessoa, Reeh.. Falei, tentando
fazer ela entender a gravidade do problema. Ela beijou minha cabeça.
— Você se defendeu e defendeu quem você ama, atitude de um anjo
como você, Anahí. Sussurrou, continuou me fazendo carinho enquanto eu me
encolhia no seu abraço. Encostou o queixo em minha cabeça.
— Te amo, melhor amiga.. Sussurrei em tom
infantil.
— Pestinha! Ela murmurou, rimos
juntas.

Não demorou até escutarmos a porta abrir, abri os olhos e encarei
a Dulce com uma cara nada boa. Ela me encarou por alguns segundos e fez o mesmo
com a Reeh, balançou a cabeça negativamente.

— Acho
que você já está bem acompanhada! Virou as costas, foi caminhando pra
fora do quarto enquanto eu e a Reeh nos olhávamos sem entender

Do que ela tava falando?
— Vai atrás dela.. A Reeh
sussurrou e eu balancei a cabeça positivamente mesmo sem entender muita coisa.
Beijei sua bochecha demoradamente e sai correndo até a porta, continuei correndo
pelo corredor até ouvir o barulho do piano. Reconheci a música e respirei fundo,
abrindo a porta vagarosamente. Observei ela encolhida na cadeira do piano,
dedilhando uma melodia tão conhecida. Suspirei e percebi que ela chorava,
arqueei uma das sobrancelhas e andei até perto dela, ela demorou a perceber
minha presença. Toquei seu ombro.

— Amor? Ela
se assustou e se virou rapidamente ao meu encontro. Passou as mãos no rosto e
desviou o olhar. — O que você tem? Me olhou ao ouvir
a pergunta, entortou os lábios.
— Você acha que eu sou
idiota? Sua voz era firme, seca. Dei alguns passos pra trás e coloquei as
mãos na cintura.
— Por que pensa isso? Levei a mão
até a minha nuca e cocei ali, ainda me sentia confusa.
—
Rola o maior clima entre você e a Reeh, Anahí! Bateu a mão com força nas
teclas velhas do piano, fazendo um barulho ensurdecedor naquela sala. Apertei os
olhos e balancei a cabeça negativamente.
— Não acredito
que você tá dizendo isso.. Continuava balançando a cabeça, ela suspirou.

 Para de se fazer de santa! Levantei a mão rapidamente, pronta para lhe
dar um tapa. Mas parei com a mão pro alto enquanto olhava seus olhos. — Vai me bater agora é? Mordi meu lábio inferior, abaixei a
mão e olhei o chão. Respirei fundo.
— Não.. Olhei
seus olhos. — Não vou sujar minhas mãos com você.
Tentei ser o mais firme que consegui, tentando me enganar de que eu
realmente pensava aquilo.
— Ai, amor.. Calma,
desculpa..Ela pediu, segurando a minha mão. Retirei a minha mão e fui
saindo o mais rápido possível da sala.
— Vai procurar uma
santa, Dulce. Eu não estou no altar certo pra você. Bati a porta com toda
força.
Sai da sala e observei a Amélia encostada na minha porta do quarto.
Dei a volta e fui caminhando pro outro lado da escola, ela me olhou
rapidamente.

— Anahí? Chamou, eu olhei seu
rosto e apertei os olhos. Não gostava do seu tom de voz, nunca gostei de nada
dela.