Fanfic: milonga... | Tema: portiñon

— Vou ficar aqui fora, não demore muito. Dei um
pequeno pulo e entrei correndo pra sala. A Dulce estava deitada no meio de
tantas paredes tão brancas, por que tinha que ser tão branco? O seu sorriso foi
fraco quando ela me olhou, devia estar cansada. Sua cabeça estava enfaixada,
talvez por algum motivo que a médica não me contou. Eu nunca entenderia o que
médicos queriam dizer.

— Você tá bem?
Perguntei, ela balançou a cabeça devagar, eu me aproximei dela e beijei
várias vezes seus lábios. — Você me mata de susto, menina!
Ela riu baixinho e depois respirou fundo.

— Eu
não deixaria você sozinha, meu amor.. Falou, sua voz estava baixinha. Eu
fui subindo na sua cama e empurrando ela um pouquinho pro lado.

— Posso ficar aqui? Ela balançou a cabeça positivamente e
eu beijei sua bochecha, abraçando ela com carinho. Confesso que eu estava com
medo daquele exame, e com medo do que não foi explicado pra mim. Mas Deus
cuidaria do meu amor.
Depois de algum tempo assim, calmas. A Dulce foi se
afastando um pouquinho, eu olhei seu rosto e fui me sentando, por medo de
machucá-la.

— Amor, a enfermeira ligou pra minha mãe.
A Dulce falou, eu a observei e entortei os lábios.

— E então? Perguntei, tentando entender o porquê dela estar
me contando aquilo. Ela suspirou.

— Ela contou de nós
duas. Tive que fechar a boca para que meu coração não pulasse para fora.
Não pude ler os olhos da Dulce, ela parecia tão confusa quanto eu sobre o que a
mãe pensava da gente. Respirei fundo. — Ela vem aqui
amanhã.. Parecia que ela estava atirando em mim aos poucos. Apertei os
olhos.

— O que vamos fazer? Tive vontade de gritar. Meu
coração acusava que algo bom não aconteceria, que não daria certo.

— Vamos ter que conversar com ela. Assenti, em pânico por
dentro. Eu não queria ter que fazer aquilo, mas não deixaria que a Dulce o
fizesse sozinha. Fui sentando na cama e ela sentou de frente pra mim, segurei
suas mãos.

— Vai ficar tudo bem.. Eu sussurrei
e ela sorriu, quantas vezes ela havia me dito aquilo. Era a minha vez de lhe dar
toda a minha força, mesmo que não fosse muita. — Nada vai
acontecer com a gente, nosso amor é muito forte. Dei um pequeno sorriso e
encostei meus lábios em sua bochecha, a beijando com carinho. Ela puxou minha
cintura devagar e me abraçou. Me senti segura e respirei fundo, sentindo seu
cheiro. Eu queria que o tempo parasse naquele momento por medo do que
aconteceria depois.

Era como se apertassem seu coração, a ansiedade, a
angústia, o medo da rejeição. E contra isso, existia um amor que vibrava que
parecia não acabar nunca. Não desistir, era isso que eu queria acreditar. Que eu
nunca iria desistir, que ela não iria desistir. Que nada faria com que
desistíssemos da única coisa que nos mantém viva.