Fanfic: milonga... | Tema: portiñon

Maio de 1990 - Sexta feira

Entramos logo cedo no ônibus. Não ficamos tão abraçadas como sempre ficávamos
porque eu não conseguia me aproximar dela direito sem chorar. O sonho estava me
deixando estranha, por que todas as noites?

— Amor,
você acha que sonhos são sinais? Perguntei, ela me olhou e soltou um riso
baixo. Não acreditava quase nada nessas coisas.

—
Não. Acho que é só porque você pensa em muita coisa ruim, aí acontece. Por quê?
Entortei os lábios e ela me puxou pra mais perto. Suspirei.

— Tenho sonhado uma coisa estranha com frequência.. Ela riu
baixinho de novo e aquilo me fez desistir de contar, beijou minha
testa.

— Você precisa relaxar e essas coisas passam,
amor. Assenti, talvez ela tivesse razão, talvez fosse fantasia. Mas que
me deixava louca, deixava mesmo.

Quando chegamos no colégio, fomos
caminhando até os quartos para guardar nossas bolsas, assim que fui abrir a
porta, Amélia a abriu antes, estava dentro do quarto. Quase desmaiei e meu
coração parou pelo susto. Meus olhos encheram de lágrimas e eu me
encolhi.

— Calma, garota. Amélia falou antes
de sair pelo quarto, poucas lágrimas percorreram meu rosto e a Dulce me abraçou.
Eu simplesmente não conseguia ficar perto das pessoas, era como se sempre fosse
a mãe da Dulce

 Você tá assustada demais, se acalma, por favor.. Era impossível,
impossível me sentir segura se ela não estivesse me abraçando. Me encolhi
inteira e apertei meus olhos ao encontro do seu ombro. Segurando a sua blusa
entre as mãos.

Sentamos na cama e eu respirei fundo várias vezes até me
recuperar. Ela me observou preocupada.

— Você acha
que eu vou ficar louca? Perguntei, ela deu um pequeno sorriso e beijou
minha bochecha.

— Não! Vai continuar sendo linda e
normal. Selamos nossos lábios e eu voltei a me sentir segura.


Arrumei minhas coisas novamente no quarto e fomos todas para o salão,
havia uma reunião com a Emmy. Sentamos todas e ela ficou parada em um pequeno
palco em nossa frente. Entrelacei meus dedos nos da Duce.

— Eu tenho uma ótima notícia! Como esse ano tem sido muito
diferente nesse colégio, eu decidi que faremos uma festa no último dia de aula
antes de vocês ficarem de férias. Eu sei que algumas meninas vão continuar aqui,
mas eu quero que todas tenham um ótimo dia. As meninas gritaram e eu
acabei sorrindo, a ideia de uma festa era boa, e podia me fazer esquecer um
pouco. A mãe da Dulce podia desistir nesse tempo também, e ficaria tudo feliz.

 Mas vai ter algum tema? Perguntou uma menina cor de rosa. Eu não lembro
se havia comentado, mas elas viraram a cara para a Dulce, e agora minha menina
não usava tiaras sempre, só de vez em quando (tá, quase todo dia)

— Hmm.. Pensei em mundo da fantasia. Vocês vestidas de princesas,
de algo mágico, o que preferirem. Meus olhos brilharam, a ideia era
ótima.

Depois daquilo, fomos caminhando na direção do quintal, iríamos
ver o Luz, só a Reeh andava cuidando dele.

— Eu sei o
que você deve vestir. A Dulce comentou, eu parei, encostando meu corpo em
uma árvore, tive que colocar a mão praticamente sobre o rosto, porque o sol
estava muito forte.

— Do que? Perguntei
curiosa, ela encheu meus lábios de selinhos e sussurrou.

— De fada! E eu de peter pan. Soltamos um riso alto e eu a
abracei, beijando seu rosto diversas vezes. Era incrível como meu coração ficava
cheio de paz perto dela. Ela era única pra mim, mas importante que o
ar..
Chegamos perto da casinha do Luz e ele saiu correndo, puxou a minha
calça diversas vezes com os dentes e caímos no riso. Fomos sentando na grama e
eu o peguei no colo. Ele lambeu meu rosto, e depois saiu correndo pro colo da
Dulce, ela o abraçou.

— Amor, posso ser mãe dele
também? Perguntou, ele meteu a patinha em seu rosto querendo brincar e eu
acabei rindo.

— Owwn, você quer ter mais uma mamãe,
Luz? Ele me observou assim que eu falei e me lambeu. Deveria ser um sim,
soltei um riso baixo e lambi a bochecha da Dulce.

—
Isso é um sim. Ela riu e passou a mão na bochecha melada.

— Que tipo de pacto é esse? Rimos alto, e ela foi soltando
o pequeno. Deitei de bruços na grama e ela se inclinou um pouco, subiu a mão por
baixo da minha blusa e ficou acariciando minhas costas, com a outra mão afastou
meus cabelos e encheu minha nuca de beijos. Me arrepiei e fechei os olhos
sorrindo.