Fanfic: milonga... | Tema: portiñon

— Dulce.. A Reeh chamou nossa atenção, ela já sabia o
que estava acontecendo, e ela também parecia triste por isso. — A .. Ela não sabia o que dizer, suspirou. — Bom, você sabe.. Completou. Dulce assentiu e se virou
para mim. Selou meus lábios demoradamente e depois a Reeh se aproximou de mim.
Me abraçou por trás enquanto a Dulce se soltava de mim.

— Não vai, não vai.. Sussurrei, tentei segurar suas mãos.
Ela caminhava de costas, olhando pra mim. As lágrimas ainda percorriam seu
rosto.

— Eu te amo.. Quase gritou, tentei
soltar meu corpo para correr atrás dela, mas a Reeh ainda me segurava. Ela sabia
que seria pior. Assim que a Dulce sumiu eu fui escorregando até estar sentada no
chão. O choro voltou a me cortar por dentro, como se não houvesse mais nem alma
naquele corpo. A Reeh sentou ao meu lado e me abraçou.
Eu não conseguia olhar
pro lado. Não existia mais vida, não existia mais ar, não existia mais
felicidade..
A Reeh me deixou chorar o quanto fosse possível. Aos poucos, eu
era calada pelo cansaço, pela morte lenta que tomava meu corpo. Ela passou as
mãos pelos meus olhos afim de secar e estes arderam de tão
inchados.

— Estraguei sua festa.. Balancei a
cabeça negativamente e funguei depois. Ela beijou minha bochecha com carinho.

— Eu gosto de ficar perto de você. Falou, eu dei um
pequeno sorriso. Girei os olhos por aquele jardim e respirei fundo, tive vontade
de chorar de novo, mas me segurei. — Vem, vamos entrar vai..
Ela foi levantando, segurou minhas mãos para me ajudar a levantar.
Abraçou meu ombro e eu caminhei ao seu lado como uma morta viva. O som alto da
festa fez meus ouvidos doerem e eu apertei os olhos.

— Vem, Anahí Dança com a gente. Uma menina me gritou, a
Reeh a olhou e balançou a cabeça negativamente. Continuamos caminhando até
estarmos no quarto, ela fechou a porta e eu fui me livrando das sapatilhas.
Arranquei as asas com força das costas depois.

— Quem
é que acredita em merda de fadas! Grunhi, jogando meu corpo ao encontro
da cama gelada. Meu corpo não deveria esquentá-la, porque eu estava congelada,
imóvel em uma parte dela. A Reeh sentou ao meu lado, e ficou acariciando meus
cabelos já que eu estava de bruços.

— Me promete uma
coisa? Virei um pouco para olhá-la, ela deitou perto de mim.

 Hmm? Esfreguei o rosto, tentei não pensar na Dulce.

— Que você não vai desistir.. Suspirei, e balancei a cabeça
positivamente. Não consegui responder porque não acreditava naquela
promessa.

Passei a noite inteira acordada, a Reeh não me largou. Eu não
conseguia nem fechar os olhos que o choro voltava.. Tudo lembrava
ela.

Você se foi com meus beijos Com meus beijos e
meus sonhos Esse coração está batendo cada vez mais lento.. Me pego pensando em
nós dois, e eu não consigo ver onde que eu errei - Julho de 1990 - Quarta
feira."Dul..

Hoje fazem dois meses que eu não te vejo.. E a
única coisa que eu posso lhe dizer é que desde que você se foi, meu coração não
bate mais. Eu nunca mais soube o que era sorrir.
Eu sinto sua falta todos os
segundos..Preciso que você volte.
Anahí.."

Dois meses, dois meses. Esse era todo o tempo que eu estava sobrevivendo sem
tentar, todas as semanas eu escrevia uma carta nova. Nunca havia resposta, mesmo
todas sendo mandadas. Eu não aguentava mais estar viva, durante esses dois
meses, eu havia tentado me matar três vezes. Pulei duas vezes das janelas, mas
só consegui quebrar um braço e passar alguns dias no hospital. Da outra vez, eu
tentei ser atropelada em um passeio que tivemos, mas o carro freou antes de
bater em mim. O sonho de antes, se repetia todas as noites, e eu não entendia o
que Deus queria que eu fizesse. Talvez algo sem muita dor, que não precisasse
pisar o resto que eu tinha de coração. Eu não costumava sair do quarto, faltava
nas aulas. Eu não tinha interesse nenhum, toda a minha vida girava em torno da
dela que já não existia. Eu a sentia dentro de mim, e isso me enlouquecia. A
imagem do rosto dela, estava ficando cada vez mais difícil de ser lembrada, e a
única coisa que me consolava, era a foto que a Reeh havia tirado de
nós.

— Anahí caramba! Vamos lá fora, tá um dia lindo.
A Reeh abriu a porta, durante todos esses dias ela tentava me tirar do
castigo que havia virado nosso quarto.

— Não quero
ver o sol.. Respondi, eu não queria conversar também, havia se tornado
chato demais.

— Por favor, vai.. Insistiu, eu
balancei a cabeça negativamente.
— Qual a parte de não
querer que você não entendeu? Perguntei sendo grosseira. Eu odiava aquela
grosseria, mas fazia parte de mim agora, fazia parte de querer ficar sozinha.
Quase ninguém falava comigo, ninguém entendia a minha dor. E a única que ainda
me suportava era a Reeh.