Fanfic: Jogando Com o Amor - AyD | Tema: portiñon

Não houve despedidas para Dulce. Mesmo porque ela detestava esses momentos. Saiu
da casa de Roberta antes dela acordar e deixou um bilhete com telefone de casa e
uma mensagem de carinho. Não queria vê-la chorar novamente. Como dissera a ela
que viajaria antes do almoço, quando acordasse, a amiga acharia que já tinha
partido.
Na casa dos tios estava tudo pronto. Ela mesma levou suas malas
para o carro assim que chegou e aproveitou a cesta depois do almoço, quando Gaby
e os tios foram deitar-se, ainda com a crença que ela só viajaria à tarde, para
ir embora.
Também deixou bilhetes com mensagens para cada um deles. Não se
importava em escrever despedidas, só detestava vivenciá-las. A sensação de
tristeza e impotência, a torturavam mais que tudo nesses momentos.
Estava
ansiosa para rever os pais e o irmão mais velho. Mesmo morando a algumas horas
de ônibus era difícil para qualquer um deles arranjar tempo para se verem. O
corre-corre com o trabalho, treino e casa não era fácil.
Dulce ficava ainda
mais feliz quando pensava que voltaria para seu canto favorito: a livraria de
sua mãe.
Um mundo cheio de histórias, tramas, magia e ali ao seu alcance,
bastava que virasse uma página.
Ela se apaixonara pela leitura enquanto
ajudava a mãe no trabalho. Podia passar horas inteiras sentada, absorta do mundo
real, percorrendo outros universos estranhos e cheios de mistérios.
Aquilo
era o que mais lhe encantava nos livros, os romances principalmente: a
capacidade que eles tinham de transportá-la para outra realidade, totalmente
distinta da sua. Eram um ótimo divertimento e um refúgio sempre a mão.

Quando começara a escrever, sua mãe ficara pra lá de orgulhosa. Dera-lhe até um
computador para tornar sua vida mais fácil. Só que a escrita para Dulce sempre
teve um caráter muito pessoal.
Ela gostava de si retratar. Seus dramas,
medos, dúvidas e fazia isso através de diários ou poesias que nunca mostrava a
ninguém.
Era totalmente diferente da relação que ela tinha com o esporte,
com o vôlei especificamente. Na quadra ela adorava ser o centro das atenções. A
atacante, a pontuadora do jogo, embora tivesse a consciência que o time era o
mais importante.
Se jogava, se esforçava, acreditava em todas as bolas
possíveis, apenas para ter a certeza de que dera o melhor de si. Já quando
escrevia ela não sentia a necessidade de provar isso a ninguém. Só expressava
seus sentimentos.
O que a levara a escolher Letras? Ela ainda não tinha
idéia. Gostava de ler e escrevia alguma coisa, mas não tinha vontade mesmo de
ensinar. Talvez mudasse de idéia na nova universidade e se transferisse de vez
para Educação Física. Pelo menos tinha mais a ver com vôlei que as rimas, versos
e sonetos. Quem sabe? Depois pensaria nisso com mais calma. Era só uma questão
de decidir sua vida. Muito ‘simples’.