Fanfic: Jogando Com o Amor - AyD | Tema: portiñon

Naquela mesma tarde sexta-feira, enquanto Dulce e Anahí conversavam formalmente
entre as prateleiras da livraria, no andar de cima, mais especificamente na sala
de Carmem, outra conversa se desenrolava. Essa bem mais séria.

-Eu não
vejo mais motivos para esconder isso dos nossos filhos, Paulo! – dizia a mãe de
Dulce um tanto impaciente com a teimosia do marido – Não quero ficar fingindo
que está tudo bem, quando sabemos que não está!

-Entendo o seu lado,
Carmem. Mas simplesmente não sei como contar a verdade para os dois. Fico
pensando na reação que terão. Se deixarão de me respeitar como pai deles,
entende?

Carmem achava ultrajante a cara de pau do marido.

-Você
devia ter pensado nisso, antes de se envolver com Rebeca. Agora já é muito tarde
para medos e crises de consciência! - falou a empresária – Não vou falar nada
por ora, mesmo porque receberemos uma amiga de Dulce e a Gaby esta noite. Elas
ficaram o fim de semana. Você tem até segunda-feira para se decidir. Se não
contar, conto eu.

Minutos depois ela observou o marido retirar-se um
tanto cabisbaixo de seu escritório. Mas não se importou. Fazia quase dois anos
que ela sustentava um casamento de fachada, para proteger os filhos das
cafajestadas de Paulo. Não faria mais isso. Tinha chegado ao seu limite.

A empresária não pode deixar de sentir asco do marido. O advogado sempre fora
ambicioso, e ela estava cada vez mais certa que fora por isso que ele casara-se
com ela. Para através de o casamento chegar ao patrimônio da família Saviñón.

Felizmente seu pai não fora tão ingênuo ao ponto de confiar no genro e
mantivera nas mãos dos dois filhos, Carmem e Rafael, a administração da Editora
e da Livraria que tinha construído durante toda uma vida.
Carmem sempre
tinha boas recordações do pai. Rubens fora um homem duro, de uma educação
rígida. Mas sempre respeitara a individualidade dos filhos.
Impetrara nela e
no irmão valores que os ajudaram a crescer e perseverar. Estes, ela reconhecia,
tinham sido fundamentais para o sucesso que ambos haviam conquistado com tanto
trabalho e dedicação.
Algumas pessoas quando não a conheciam intimamente,
tendiam a achá-la fria e distante. Até antipática, talvez. Mas quem era amigo de
Carmem sabia que ela era apenas exigente e prática por demais.
Sua
praticidade fora ao ápice quando descobrira a traição do marido. Fazia muito
tempo que Paulo estava tendo um caso com a própria secretária da firma em que
trabalhava. Quando Carmem tomou conhecimento do fato, já que a garota grávida e
abandonada foi lhe procurar, ela não se abalou tanto emocionalmente.
Há
muito tempo seu casamento não ia lá muito bem. E aquilo só lhe demonstrava mais
facilmente a saída a tomar. Pediu o divórcio na mesma semana e um mês depois já
estava separada legalmente do marido. Só aceitava a presença dele em sua casa,
por ele ser pai de seus filhos.
Rebeca, a moça grávida, recebera toda a
assistência da parte de Paulo, devido às pressões que ela própria fizera. A
criança, meio-irmã de seus filhos, chamava-se Eduarda e já tinha quase dois
anos. Mas ainda não conhecia nenhum dos irmãos. Carmem lembrou-se de
providenciar esse encontro, logo que a verdade fosse revelada aos filhos.

Estava ela mergulhada nesses pensamentos, quando ouviu uma batida na porta
de sua sala.