Fanfic: Jogando Com o Amor - AyD | Tema: portiñon

Estavam em um beijo de enlouquecer, ardente, frenético, perfeito, quando Anahí
sentiu Dulce se afastar dela de repente.
Ainda com o corpo em brasa, querendo
retomar aquele contato gostoso, a levantadora a puxou, mas Dulce resistiu. E
encarou-a com um olhar nada carinhoso.

-O que foi? – Anahí perguntou
surpresa com a atitude da atacante – Por que você...

-Por que eu só
queria ter a certeza que você me queria, mesmo com todas as suas negativas. E
isso eu acabei de ter! – Dulce disse seca, quase sentindo seu coração partir ao
ver o semblante decepcionado de Anahí. Tinha que ser forte. Por mais que aquilo
lhe doesse. Não podia simplesmente esquecer-se de tudo que ela lhe fizera e
ficar bem.

Foi a vez de Anahí sentir o sangue ferver nas veias de raiva. Era isso que ela
queria com todo aquele contato? Testá-la? Provar que havia desejo? Que havia um
querer quase que desesperado de Anahí por ela?
A levantadora teve raiva de
Dulce, mas ódio de si mesma por ceder tão fácil aos caprichos dela. Não sabia
como, mas iria aprender a resistir ao tesão que a atacante lhe despertava. Se
sentia ingênua e muito boba. E isso a estava matando.

-Espero que você
esteja satisfeita com o que descobriu, Dulce! Por que se depender de mim, nesse
corpo você nunca mais vai encostar de novo! – Anahí falou meio gritando, meio
cuspindo as palavras e se contendo para não chorar na frente da outra – Eu odeio
você! E tenha certeza que eu vou te esquecer! Nem que seja a última coisa que eu
faça.

Dulce observou-a calada fechar o armário com violência e sair do
vestiário sem nem se preocupar em tomar banho.
Teria agido bem? Teria se
precipitado? Ela estava completamente confusa com tudo aquilo. Sentia uma dor no
peito por magoar Anahí, mas algo lhe lembrava que fora ela que a magoara
primeiro. Que estavam quites.
Mas se estavam quites, porque ela se sentia
culpada de ter machucado Anahí? Por que ao ver aqueles olhos azuis se encherem
de lágrimas, ela pensou em desistir e perdoar todas as bobagens que ela tinha
feito? O que a levara a não fazer isso? Orgulho? Raiva? Vingança?
Mais
desanimada do que nunca, Dulce voltou pra casa. Era só isso mesmo que ela
precisava. Se o primeiro dia de aula já fora assim, ela nem queria imaginar como
seriam os restantes.

“-Uma segunda-feira ‘ótima’ pra começar ‘bem’ a
semana!” – ela pensou irônica.

Anahí chegou em casa com nenhuma vontade de conversar. Nem ouviu a mãe
perguntando do treino e não se preocupou em retornar a ligação que Helen lhe
fizera. Queria apenas um banho.
A água nunca pareceu tão preciosa antes. Deixava-a escorrer por todo seu corpo, com a esperança de que ela levasse o desejo e o nojo que sentia de si mesma por ter cedido a Dulce.
Chorou muito
de raiva e esfregou forte seus braços, suas pernas, tudo que a atacante havia
tocado. Queria apagar qualquer traço de reconhecimento que Dulce tivesse deixado
nela. Não podia e nem queria mais ansiar por aquelas mãos e boca a tomando por
completo.
A garota demorou tanto no banho, que sua mãe estranhou.


-Tudo bem, filha? – perguntou Beatriz aparecendo no quarto de Anahí
quando está começava a se trocar.

-Tudo bem, mãe! – a levantadora
respondeu demonstrando que não estava a fim de muito papo.

Beatriz
percebeu que a filha não estava bem como dizia. Mas achou melhor não insistir.
Anahí nunca fora de falar muito sobre si mesma. Era mais prudente deixá-la
quieta.

-Vou deixar sua comida no microondas. Quando quiser, você
esquenta, ta?

-Tá bom, mãe. Fecha a porta quando sair.

Sozinha em seu quarto, Anahí se deitou e tornou a chorar. Era inevitável
lembrar-se de cada detalhe de sua história com Dulce. Nunca nada fora tão
intenso e ao mesmo tempo passageiro. Ora a garota morria de amores por Dulce.
Ora não agüentava si quer pensar nela direito.
Que sentimento confuso era
aquele? Um misto eterno de afeto e raiva. Inconstante e tão arrebatador, que uma
simples fragrância de perfume a desarmara totalmente?
Anahí estava cada vez
mais certa da resposta pra essas perguntas, mas ela não queria acreditar e nem
sentir aquilo. Não podia se entregar assim, e ficar tão exposta, tão sensível a
Dulce. Não queria ser assim! Tinha que lutar contra aquilo com todas as suas
forças. Ainda mais depois do que houvera no vestiário. Nunca mais deixaria Dulce
tocá-la.
As lágrimas teimavam em cair diante da perspectiva de Anahí de
esquecer a atacante de qualquer forma. Parecia que seu corpo inteiro chorava
aquela perda.

-Eu não vou amar você, Dulce! Eu não posso e não quero! -
Anahí se ouviu dizer com a voz trêmula de emoção e raiva antes de se deixar
levar pelo cansaço daquele dia estafante e adormecer.

Inocente ela de
pensar, que sentimentos são coisas possíveis de serem controlados. Eles
simplesmente vêm e vão, não batem na porta, não pedem licença. Invadem,
machucam, alegram. São imprevisíveis e sua única regra é a inconstância total. É
irônico que justamente por isso, eles sejam tão perfeitos.
Talvez a vida,
mais cedo ou mais tarde, fizesse Anahí perceber tudo isso.

 Dulce não tinha clima algum para reunião de família naquela segunda-feira. Mas o
olhar que Carmem lhe lançou foi suficientemente sério para ela perceber que o
assunto da noite era para lá de importante.
Mais por respeito à mãe, do que
por interesse. A garota se forçou a sentar no sofá ao lado do irmão. Este um
tanto curioso sobre o motivo daquilo tudo.

-Meninos eu sei que vocês
estão cansados, mas seu pai tem algo a falar com vocês. – Carmem disse olhando
séria para o ex-marido, um tanto nervoso e desconfortável com aquela situação –
Fique à vontade, Paulo. Eles estão aqui para ouvir você!