Fanfic: Jogando Com o Amor - AyD | Tema: portiñon

-Te vejo na aula! – ainda disse Dulce quando estacionou o carro em frente à casa de Anahí e esta desceu.
-Tchau, Dulce! – disse a outra sem muita empolgação.

-Tchau! – disse a atacante percebendo que não era hora de puxar conversa.
Aquele fim de sábado foi triste para as duas.

Cada uma em seu respectivo quarto, chorava ou lamentava o fim daquela relação tão especial e explosiva. Dulce não teve ânimo para nada durante o fim de semana inteiro. Mal saia do quarto. Mal comia. Só queria se deixar ficar deitada e pensar em Anahí. Esta também não estava muito bem. Recusou os convites insistentes de Helen para saírem e se manteve o tempo todo em casa.

Ora no quarto, ora no sofá, deitada com um olhar distante. Nada mais parecia fazer sentido para ela. O fim do domingo estava agradável, a temperatura amena e nem muito sol ou calor. Aquilo era um bom presságio para um início de semana. Mas uma semana oficialmente sem Dulce? Sem Anahí? Como poderia ser boa? Como? Perguntavam-se as duas tristemente.

Os dias passaram sem muita graça para Anahí. Nada a animava como antes, nem mesmo o treino. Pelo contrário, era uma tortura ficar perto de Dulce. Apesar de correr o risco de se atrasar bastante para o treinamento de terça e quinta, a levantadora preferiu voltar pra casa, tomar banho e retornar a universidade, a ficar lá sozinha com Dulce. Ainda estava muito recente a mágoa. E a imagem da atacante se esfregando com Roberta, teimava em retornar a todo instante a sua mente. Isso lhe causava lágrimas e raiva, mas Anahí não queria chorar na frente de ninguém. E muito menos demonstrar para Dulce que sofria por ela.
Para a atacante, a única saída existente era mergulhar de vez nos treinos e no trabalho da livraria. Sim, porque mesmo o time ocupando todas as suas tardes, Dulce ainda tinha forças para à noite, ajudar a mãe na Gênius. Carmem até estranhara a presença constante da filha e o afinco com que ela se entregava ao trabalho. Sempre disposta e incansável. Sabia bem que havia algo mais ali do que a vontade de ajudar, mas achou melhor não comentar. A filha lhe falaria, quando quisesse ou estivesse preparada. Ou pelo menos assim, a empresária esperava.

A aula do dia era sobre poesias e a professora, amante dos novos talentos, pedira anteriormente que cada aluno escrevesse alguma coisa que refletisse o que sentia ou algo que gostasse. A sala toda estava animada, pois muitos estudantes queriam ter a chance de mostrar suas composições à professora e aos amigos. As únicas que pareciam completamente alheias a aquilo tudo, cada uma de um lado da sala de aula, eram Anahí e Dulce. A primeira foi tirada de seus pensamentos, quando a professora a chamou:

-Srta. Portilla?

-Ãh? – perguntou Anahí surpresa.
-Queremos ouvir a sua composição – disse a professora Clarice sorrindo amavelmente – Sempre nos brindou com ótimos poemas anteriormente. Admito que esteja curiosa para ouvi-la.

Anahí suspirou entediada. Não estava com muito clima para poemas. Seu estado emocional estava um tanto abalado demais e tudo que escrevera transparecia a mágoa, a raiva e a decepção. Especialmente aquele poema que ela levara naquela manhã. Chamava-se Traição. E a garota não pretendia mesmo lê-lo na frente de Dulce, mas com a insistência da professora, ela não teve outra saída. Um tanto desconfortável, Anahí se viu lá na frente, declamando os seguintes versos:

“Ante o caos contido e desumano Minhas entranhas corroem-se de dor Tudo um terrível engano Tudo o patético amor.
Sob o riso cínico da Lua Fomos nós dois amantes Sob a covardia tua Somos nós lembranças distantes.
Entre a dúvida e a desilusão Me esforço a entender Mas os mistérios do teu coração Não pude eu compreender.
Te amei por muito tempo E sofri por te amar Hoje és poeira ao vento Lágrimas em um imenso mar.
Sob a tenra luz solar Paro de eu ti pensar Tenho que recomeçar a vida E esquecer que um dia Pude eu por ti chorar.”