Fanfic: Jogando Com o Amor - AyD | Tema: portiñon

A última semana antes do começo do campeonato Regional de vôlei foi sinônimo de
treinos puxados e muita conversa para motivar o time. Marilena queria todas as
atletas rendendo o máximo que pudessem, e os coletivos mostraram que a equipe
titular estava para lá de entrosada.
Ao contrário do que a técnica e Dulce
esperavam, a escalação da atacante novata na equipe titular não provocou grandes
comoções no time. As jogadoras estavam ansiosas para entrar em quadra e embora
Helen e algumas mais mantivessem um olhar descrente com relação à escolha de
Dulce, as outras acharam muito normal. Viram a garota jogando. E sabiam que ela
era boa.
O astral nos treinos era o melhor possível. Empolgação e sorrisos,
regras em quadra. Até mesmo Dulce e Anahí, aos poucos se renderam a ação mágica
e unificadora do esporte. Fora da quadra não se falavam, não se olhavam,
tratavam-se como duas desconhecidas. Mas quando vestiam o uniforme e entravam no
campo de jogo, elas não mais importavam. Esqueciam de tudo e pensavam só na
equipe.
Anahí achara que seria bem mais difícil do que estava sendo. Mas
mergulhara sua atenção nos livros e nos treinos e a coisa estava fluindo aos
poucos. Ainda tremia quando ficava muito perto de Dulce. Não conseguia abraçá-la
em quadra, quando faziam um ponto perfeito, sem sentir um arrepio no corpo. Mas
tinha que se acostumar com a distância.
Seu coração ainda era dela, sentia.
Mas sua mente e seus dias já buscavam novas companhias. A mais freqüente dessas,
era Murilo, amigo do irmão e um atleta da equipe de natação. Alto, másculo,
bonitão e disputado pelas garotas.
Tinham saído juntos com Gustavo e Helen
uma noite dessas. Nada demais, apenas um cinema. Mas o rapaz tinha ficado
interessado e vivia lhe cercando pelo campus.

Eu não sei por que você não fica com ele, Any! – dizia Helen – Um deus
grego desses não fica sozinho muito tempo!

-Não to com clima pra ficar
com ninguém, Helen – rebatia Anahí observando Dulce comendo no refeitório ao
lado do irmão, de Cacau e do primo. – Quem sabe se ele souber
esperar!

-Você quem sabe amiga, eu já fiz a minha parte!

Já
Dulce nunca tivera uma vida tão organizada e caseira. Era da faculdade para o
treino, de lá livraria e depois casa. Todos os dias da semana.
Nada de
passeios, nada de novos amigos ou muito menos novas garotas em sua vida. Sentia
que precisava dar um tempo de tudo. Ainda não esquecera Anahí, embora fizesse
mais de um mês que mal se falavam. Não a procurara depois do sábado no orfanato
e da aula de poesia. Mas ouvira com um aperto no coração os comentários no
campus do envolvimento dela com Murilo.
Até conhecia o cara. Era amigo do
Hugo. Bonito mesmo, boa pinta. Várias vezes tinha ido à sua casa e os dois até
já tinham derrotado Hugo e Ed numa partida de vídeo game. Não eram amigos, e
sabia que não seriam, caso ele realmente se envolvesse com Anahí, mas pelo menos
sabia que o rapaz era de boa índole.
Além da rotina cheia, os únicos momentos
fora desta na vida de Dulce, eram as visitas que fazia a Rebeca e Eduarda.
A
irmã progredia a olhos vistos e já articulava mais e mais palavras. Já a
secretária se mostrara uma grande amiga e confidente. Escutara Dulce e
compartilhara com ela seus problemas. Tinham se tornado amigas, em muito pouco
tempo.
Diante daquele marasmo que sua vida tinha se tornado, Dulce tinha ao
menos decidido alguma coisa. Ia mesmo abandonar o curso de Letras. Não gostava
de versos e poesias. Eles lhe causavam dor, na maioria das vezes. Em
contrapartida, estava encantada com a rotina e a especificidades da
administração da livraria.