Fanfic: ::Belo Desastre:: AyA::Adaptada | Tema: AyA, Vondy

No dia seguinte, fui almoçar com Christopher e Dulce. Eu queria ficar sozinha, mas, conforme os alunos foram entrando no refeitório, as cadeiras à minha volta foram ficando cheias de amigos da fraternidade do Christopher e de membros do time de futebol americano. Alguns estavam na luta, mas ninguém mencionou minha experiência na beira do ringue.

— Ucker — disse alguém que passava.

Christopher assentiu, e tanto Dulce quanto eu nos viramos e vimos Alfonso se sentando em um lugar na ponta oposta da mesa. Duas voluptuosas loiras tingidas com camiseta da Sigma Kappa o acompanhavam. Uma delas se sentou no colo dele, e a outra lhe acariciava a camisa.

— Acho que acabei de vomitar um pouquinho — murmurou Dulce.

A loira que estava no colo do Alfonso se virou para ela:

— Eu ouvi o que você disse, piranha.

Dulce pegou um pãozinho e o jogou, errando por muito pouco o rosto da garota. Antes que a loira pudesse dizer mais alguma coisa, Alfonso abriu as pernas e a garota caiu no chão.

— Ai! — disse ela em um grito agudo, erguendo o olhar para Alfonso.

— A Dulce é minha amiga. Você precisa encontrar outro colo pra se sentar, Lex.

— Poncho! — ela reclamou, esforçando-se para ficar em pé.

Ele voltou à atenção para o prato, ignorando a garota, que olhou para a irmã e bufou de raiva. As duas foram embora de mãos dadas.

Alfonso deu uma piscadela para Dulce e, como se nada tivesse acontecido, enfiou mais uma garfada na boca. Foi aí que notei um pequeno corte na sobrancelha dele. Ele e Christopher trocaram olhares de relance, e então ele começou uma conversa com um dos caras do futebol do outro lado da mesa.

Embora a quantidade de pessoas à mesa tivesse diminuído, Dulce, Christopher e eu ficamos lá ainda um tempo para discutir nossos planos para o fim de semana. Alfonso se levantou como se fosse embora, mas parou na nossa ponta da mesa.

— Que foi? — Christopher perguntou em voz alta, colocando a mão perto do ouvido.

Tentei ignorá-lo quanto pude, mas, quando ergui o olhar, Alfonso estava me encarando.

— Você conhece ela, Poncho. A melhor amiga da Dulce, lembra? Ela estava com a gente na outra noite — disse Christopher.

Alfonso sorriu para mim, no que presumi ser sua expressão mais charmosa. Ele transbordava sexo e rebeldia, com aqueles antebraços tatuados e os cabelos castanhos cortados bem rente à cabeça. Revirei os olhos à sua tentativa de me seduzir.

— Desde quando você tem uma melhor amiga, Dul? — perguntou Alfonso.

— Desde o penúltimo ano da escola — ela respondeu, pressionando os lábios enquanto sorria na minha direção. — Você não lembra, Poncho? Você destruiu o suéter dela.

Ele sorriu.

— Eu destruo muitos suéteres.

— Que nojo - murmurei.

Alfonso girou a cadeira vazia que estava ao meu lado e se sentou, descansando os braços à sua frente.

— Então você é a Barbie, né?

— Não — respondi com raiva —, eu tenho nome.

Ele parecia se divertir com a forma como eu o encarava, o que só servia para me deixar mais irritada.

— Tá. E qual é seu nome? — ele me perguntou.

Dei uma mordida no que tinha sobrado da maçã no meu prato, ignorando-o.

— Então vai ser Barbie — disse ele, dando de ombros.

Ergui o olhar de relance para a Dulce, depois me virei para o Alfonso:

— Estou tentando comer.

Ele topou o desafio que apresentei.

— Meu nome é Alfonso. Alfonso Herrera.

Revirei os olhos.

— Sei quem você é.

— Sabe, é? — ele falou, erguendo a sobrancelha ferida.

— Não seja tão convencido. É difícil não perceber quando cinquenta bêbados entoam seu nome.

Alfonso se endireitou na cadeira, ficando um pouquinho mais alto.

— Isso acontece muito comigo.

Revirei os olhos de novo e ele deu uma risadinha abafada.

— Você tem um tique?

— Um quê?

— Um tique. Seus olhos ficam se revirando.

Alfonso riu de novo quando olhei com ódio para ele.

— Mas são olhos incríveis — ele disse, inclinando-se e ficando a pouquíssimos centímetros do meu rosto. — De que cor eles são? Azul?

Baixei o olhar para o prato, criando uma espécie de cortina entre a gente com as longas mechas do meu cabelo cor de caramelo. Eu não gostava da forma como ele me fazia sentir quando estava tão perto. Não queria ser como as outras milhares de garotas da Eastern, que ficavam ruborizadas na presença dele. Não queria que ele mexesse comigo daquele jeito. De jeito nenhum.

— Nem pense nisso, Alfonso. Ela é como uma irmã pra mim —Dulce avisou.

— Baby — Christopher disse a ela —, você acabou de lhe dizer não. Agora é que ele não vai parar.

— Você não faz o tipo dela — Dulce disse, mudando de estratégia.

Alfonso se fez de ofendido.

— Eu faço o tipo de todas!

Lancei um olhar para ele e sorri.

— Ah! Um sorriso. Não sou um canalha completo no fim das contas — ele disse e piscou. — Foi um prazer conhecer você, Barbie.

E, dando a volta na mesa, ele se inclinou para dizer algo no ouvido de Dulce.

Christopher jogou uma batata frita no primo.

— Tire a boca da orelha da minha garota, Poncho!

— Conexões! Estou criando conexões — Alfonso foi andando de costas, com as mãos para cima em um gesto inocente.

Algumas garotas o seguiram, dando risadinhas e passando os dedos nos cabelos na tentativa de chamar sua atenção. Ele abriu a porta para elas, que quase gritaram de prazer.

Dulce deu risada.

— Ah, não. Você está numa enrascada, Annie.

— O que foi que ele disse? — perguntei, temerosa.

— Ele quer que você leve a Annie ao nosso apartamento, não é? — disse Christopher.

Dulce confirmou com um sinal de cabeça e ele negou com outro.

— Você é uma garota inteligente, Annie. Estou te avisando. Se você cair no papo dele e depois acabar ficando brava, não venha descontar em mim e na Dulce, certo?

Eu sorri e disse:

— Não vou cair na dele, Ucker. Você acha que eu pareço uma daquelas piranhas gêmeas?

— Ela não vai cair na dele — Dulce confirmou, tranquilizando Ucker e encostando no braço dele.

— Não é a primeira vez que passo por uma dessas, Dul. Você sabe quantas vezes ele ferrou as coisas pro meu lado por causa de transas de uma noite com a melhor amiga da minha namorada? De repente, vira conflito de interesse sair comigo, porque seria confraternizar com o inimigo! Estou te falando, Annie — ele olhou para mim. — Não venha me dizer depois que a Dul não pode ir no meu apartamento nem ser minha namorada porque você caiu no papo do Poncho. Considere-se avisada.

— Desnecessário, mas obrigada — respondi.

Tentei tranquilizar Christopher com um sorriso, mas o pessimismo dele era resultado de muitos anos de prejuízo por causa do Alfonso.