Fanfic: ::Belo Desastre:: AyA::Adaptada | Tema: AyA, Vondy
Virei uma esquina e vi Dulce parada com Ricky do lado de fora do nosso dormitório. Nós três acabamos ficando na mesma mesa durante a orientação aos calouros, e eu soube na hora que ele seria o providencial terceiro elemento da nossa amizade. Ele não era muito alto, mas passava bem dos meus 1,62 metro. Os olhos redondos equilibravam as feições longas e esguias, e os cabelos descoloridos geralmente estavam espetados na parte da frente.
— Alfonso Herrera? Meu Deus, Annie, desde quando você começou a pescar nas profundezas do oceano? — Ricky perguntou, com um olhar de desaprovação.
Dulce puxou o chiclete da boca, fazendo um fio bem longo.
— Você só está piorando as coisas ao rejeitar o cara. Ele não está acostumado com isso.
— O que você sugere que eu faça? Durma com ele?
Dulce deu de ombros.
— Vai poupar tempo.
— Eu disse pra ele que vou lá hoje à noite.
Ricky e Dulce trocaram olhares de relance.
— Que foi? Ele prometeu parar de me encher se eu dissesse que ia. Você vai lá hoje à noite, não é?
— É, vou — disse Dulce. — Você vem mesmo?
Sorri e fui andando. Passei por eles e entrei no dormitório, me perguntando se Alfonso cumpriria a promessa de não flertar comigo. Não era difícil sacar qual era a dele: ou ele me via como um desafio, ou como sem graça o bastante para ser apenas uma boa amiga. Eu não tinha certeza de qual das alternativas me incomodava mais.
Quatro horas depois, Dulce bateu à minha porta para me levar até o apartamento do Christopher e do Alfonso. Ela não se conteve quando apareci no corredor.
— Credo, Annie! Você está parecendo uma mendiga
— Que bom — eu disse, sorrindo para o meu visual.
Meus cabelos estavam aglomerados no topo da cabeça em um coque bagunçado. Eu tinha tirado a maquiagem e substituído às lentes de contato por óculos retangulares de aros pretos. Vestindo uma camiseta bem velha e gasta e uma calça de moletom, eu me arrastava em um par de chinelos. A ideia me viera à mente horas antes: parecer desinteressante era a melhor estratégia. O ideal seria que Alfonso perdesse instantaneamente o interesse em mim e colocasse um ponto final em sua ridícula persistência. E, se ele estivesse em busca de uma amiga, meu objetivo era parecer desleixada demais até para isso.
Dulce baixou a janela do carro e cuspiu o chiclete.
— Você é óbvia demais. Por que não rolou no cocô de cachorro para completar o visual?
— Não estou tentando impressionar ninguém — falei.
— É óbvio que não.
Paramos o carro no estacionamento do conjunto de apartamentos onde o Ucker morava e segui Dulce até a escadaria. Ele abriu a porta, rindo enquanto eu entrava.
— O que aconteceu com você?
— Ela está tentando não impressionar — disse América.
Ela seguiu Christopher em direção ao quarto dele. Eles fecharam a porta e eu fiquei ali parada, sozinha, me sentindo deslocada. Sentei-me na cadeira reclinável mais próxima da porta e chutei longe os chinelos.
Em termos estéticos, o apartamento deles era mais agradável do que um apartamento típico de homens solteiros. Sim, os previsíveis pôsteres de mulheres seminuas e sinais de rua roubados estavam nas paredes, mas o lugar era limpo, os móveis, novos, e o cheiro de cerveja velha e roupa suja notavelmente não existia.
— Já estava na hora de você aparecer — disse Alfonso, se jogando no sofá.
Sorri e ajeitei os óculos, esperando que ele recuasse diante da minha aparência.
— A Dulce teve que terminar um trabalho da faculdade.
— Falando em trabalhos de faculdade, você já começou aquele de história?
Ele nem pestanejou ao ver meu cabelo despenteado, e franzi a testa com a reação dele.
— Você já?
— Terminei hoje à tarde.
— Mas é pra ser entregue só na próxima quarta-feira — falei, surpresa.
— Achei melhor fazer logo. Um ensaio de duas páginas sobre o Grant não é tão difícil assim.
— Acho que sou dessas que ficam adiando — dei de ombros. — Provavelmente só vou começar no fim de semana.
— Bom, se precisar de ajuda, é só me falar.
Esperei que ele desse risada ou fizesse algum sinal de que estava brincando, mas sua expressão era sincera. Ergui uma sobrancelha.
— Você vai me ajudar com o meu trabalho.
— Eu só tiro A nessa matéria — ele disse, um pouco ofendido com a minha descrença.
— Ele tira A em todas as matérias. Ele é uma droga de um gênio! Odeio esse cara — disse Ucker, enquanto levava Dulce pela mão até a sala de estar.
Fiquei olhando para o Alfonso com uma expressão dúbia e ele ergueu as sobrancelhas.
— Que foi? Você não acha que um cara cheio de tatuagens e que ganha dinheiro brigando pode ter boas notas? Não estou na faculdade por não ter nada melhor pra fazer.
— Mas então por que você tem que lutar? Por que não tentou uma bolsa de estudos? — perguntei.
— Eu tentei. Consegui meia bolsa. Mas tem os livros, as despesas com moradia, e tenho que conseguir a outra metade do dinheiro de algum jeito. Estou falando sério, Barbie. Se precisar de ajuda com alguma coisa, é só me pedir.
— Não preciso da sua ajuda. Consigo fazer um trabalho sozinha.
Eu queria deixar aquilo pra lá. Devia ter deixado, mas aquele novo lado dele me matava de curiosidade.
— Você não consegue fazer outra coisa para ganhar dinheiro? Menos... sei lá... sádica?
Alfonso deu de ombros.
— É um jeito fácil de ganhar uma grana. Não conseguiria tanto assim trabalhando no shopping.
— Eu não diria que é fácil apanhar.
— O quê? Você está preocupada comigo? — ele deu uma piscadela. Fiz uma careta e ele deu uma risadinha abafada. — Não apanho com tanta frequência assim. Quando o adversário dá um golpe, eu desvio. Não é tão difícil como parece.
Dei risada.
— Você age como se ninguém mais tivesse chegado a essa conclusão.
— Quando dou um soco, eles levam o soco e tentam me bater de volta. Não é assim que se ganha uma luta.
Revirei os olhos.
— Quem é você... o garoto do Karate Kid? Onde aprendeu a lutar?
Ucker e Dul olharam de relance um para o outro e depois para o chão. Não demorou muito para eu perceber que tinha dito algo errado.
Alfonso não pareceu se incomodar.
— Meu pai tinha problemas com bebida e um péssimo temperamento, e meus quatro irmãos mais velhos herdaram o gene da idiotice.
— Ah.
Minhas orelhas ardiam.
— Não fique constrangida, barbie. Meu pai parou de beber e meus irmãos cresceram.
— Não estou constrangida.
Fiquei mexendo nas mechas que se desprendiam do meu cabelo e então decidi soltar tudo e fazer outro coque, tentando ignorar o silêncio embaraçoso.
— Gosto desse seu lance natural. As garotas não costumam vir aqui assim.
— Fui coagida a vir até aqui. Não me passou pela cabeça impressionar você— respondi, irritada por meu plano ter falhado.
Autor(a): I_am_vondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 29
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ewelin Postado em 07/07/2015 - 23:30:15
estou amando ler...continue postando e não pare!!!
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karenlessa9 Postado em 28/11/2014 - 23:27:04
Abandonou??
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karenlessa9 Postado em 31/10/2014 - 09:58:04
Nossa isso ta meio parado gosto tanto desse web, adoro a any sendo difícil km Continuaa
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fersantos08 Postado em 21/09/2014 - 21:09:06
Leitora nova,amando a fic..por favor posta maaaaaaais *-*
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vanessap. Postado em 18/09/2014 - 18:59:50
Adorei Any defendendo ele, mas ele rude com ela não foi legal :( Posta maaais *--*
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vanessap. Postado em 15/09/2014 - 03:21:08
Que fofo ele ajudando ela *-*
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vanessap. Postado em 15/09/2014 - 01:32:50
Leitora nova!! Definitivamente to amando essa fic!! hahaha Posta maais *---*
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brunaponny Postado em 24/05/2014 - 22:04:47
Continuaaaa amando <3
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isajuje Postado em 26/05/2013 - 20:38:13
leitora nova acompanhando a web o/ pode postar o próximo capítulo que eu já estou na espera KK' a Annie é das minhas, eu faria as mesmas coisas que ela, sinceramente KKK enfim '-' ...
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raya_ponchito Postado em 18/05/2013 - 18:49:37
Posta Maaais