Fanfic: Semprii a tu lado

O vento rangia lá fora, meus cabelos voavam conforme sua direção. Fechei a porta rapidamente, deixando de fora o frio. Ela acenou.

O caminho estava surpreendentemente movimentado, a pequena cidade resolvera não dormir!

A casa estava escura e silenciosa, mamãe e papai já deveriam ter dormido. Tirei os tênis e deixei meu corpo cair no sofá.

Antes que eu pudesse fazer algo, a inconsciência me levou para um rumo desconhecido.

O som do telefone nunca havia sido tão alto e os típicos fracos raios de sol daquele outono nunca penetraram tão intensamente a cortina. Por que diabos ninguém atendeu ao telefone?

Ergui o braço direito trouxe o fone até o meu ouvido.

“Alô!” Murmurei.

“Priminho?!” Bati o fone no gancho. Ela não seria a primeira com quem eu iria falar hoje... Ela não iria estragar o meu dia logo cedo!

A dificuldade maior seria manter-me de pé. Minhas pernas aparentavam não agüentar o peso do meu corpo e minhas pálpebras parecia pesar uma tonelada!

Tomei em mãos o par de tênis e me direcionei ao meu quarto.

O pequeno relógio digital no criado-mudo indicava já ser tarde.

Arranquei impaciente as peças de roupas que cobriam meu corpo e me forcei a entrar debaixo do chuveiro.

A água que descia pelo meu corpo levou consigo minha sonolência.

Enrolei, num movimento rápido, a toalha felpuda ao redor da minha cintura e coloquei o creme dental nas finas cerdas da escova.

O celular vibrava insistentemente sobre a cama, me aproximei enquanto enxugava os cabelos com a pequena toalha.

“Fala Ponchito!” Mesmo a droga do celular, não identificando seu nome, eu reconheceria aquele numero até mesmo de trás pra frente.

“Bom dia amigão!” Ele respondeu empolgado.

“O que manda?” Indaguei enquanto procurava uma bermuda na gaveta.

“O que acha de almoçarmos hoje? Queria conversar com a Any, mas se eu convidá-la, ela não vai aceitar então...”

“Voce quer que eu a convide, sim?”

“Exato! É que na noite de natal, agente trocou umas palavras e pá... Acho que ainda tenho chances de reconquistá-la!” Ele completou, cheio de si.

“Ok, ok! Vou ligar pra ela!”

“Muito obrigado Chris! Agente se encontra naquele mini-restaurante na beirada da praia ok?”

“Ok! Até mais!” Desliguei.

Vesti-me depressa e desci para que pudesse tomar meu ‘café-da-manhã’.

“Bom dia querido!” Mamãe depositou um beijo estalado em minha testa.

“Bom Dia, mãe! Papai já saiu?” Perguntei enquanto despejava o suco em meu copo.

“Acabou de sair! Vou dar uma rápida saidinha ok? E ah... Sua prima ligou...” Ela não finalizou a frase, certamente esperando que eu expressasse curiosidade para saber o motivo de sua ligação. “Não vai perguntar o que ela queria?” Ela perguntou decepcionada. Suspirei.

“O que ela queria?” Ela sorriu empolgada.

“Te convidar para ser seu principe!”

“Tá brincando né?” Franzi o cenho. Ela só podia estar brincando!

“Não vejo porque estaria Christopher! É seu aniversario de dezoito!”

“Sim, mas pessoas normais fazem bailes quando fazem quinze, não dezoito! Alias, sinceramente não estou interessado no cargo mamãe!”

“Não seja mal-educado, querido! Não tiveram a oportunidade de fazê-lo quando ela fez quinze. E deveria se sentir lisonjeado por ter sido convidado! Ela poderia ter convidado qualquer um, mas escolheu voce amor! Não é uma demonstração e tanto de carinho?” Mamãe e sua insuportável inocência.

“É exatamente isso que não entendo! Ela poderia ter convidado, sei lá, um de nossos primos! Por que justo eu?”

“Não sei Christopher, só sei que voce vai aceitar!” Ela uniu as sobrancelhas significativas e me encarou.

“Mãe, eu não vou! A senhora não pode me obrigar a ir ok? Me desculpe, mas ligarei e pedirei que escolha outro ‘felizardo’!” Ironizei.

“Voce sabe o que faz! Mas sabe que sua tia e seu tio ficaram extremamente chateados não é?” Ela havia apelado para o lado emocional, como em todas as discurssoes que ela se envolvia.

“Sei sim! Mas depois trato de explicar ok? Agora eu vou indo!”

“Deixa-me adivinhar... Direto pra casa da Dulce, acertei?”

“Sim, acertou!” Beijei-a rapidamente na bochecha e tomei o que restava do suco.

Adentrei ao carro e liguei o som.

Tínhamos apenas alguns meses de namoro e meu carro já exalava seu perfume feminino.