Fanfic: O Homem do Gás !

- Não
posso, infelizmente. – ele franziu a testa com desgosto. – Adoraria provar de
sua comida... – Dulce ergueu as sobrancelhas com a ambigüidade daquela frase. E
quando ele riu outra vez, ela quase desfaleceu de desejo. Apertou os punhos
para não voar em cima dele e lhe beijar essa boca linda. – Todos conhecem sua
fama de cozinheira de mão cheia. Mas muito obrigado, tou atrasado...

Não podia ser a última vez que o veria. Tinha que vê-lo mais vezes. Há anos não
sentira tanta necessidade de alguém como sentira por ele hoje. Precisava saber
o que estava acontecendo com ela. E precisava que ele estivesse ao seu alcance
para averiguar o que era.

- Me dá o cartão de onde você trabalha.

- Temos adesivos de geladeira... - disse isso colocando a mão no bolsinho do
macacão perto de peito.

Dulce sentia sua boca encher de água. Sabia que a qualquer momento poderia
babar ali mesmo. Christopher, entregando o cartão fez seus lábios se abrirem
para formar um belo sorriso no qual Dulce ficou mais encantada. Sua boca
vermelha, molhando os dentes brancos e perfeitos...ligeiramente ele passou a
língua no lábios. E Dulce quase gemeu. Agradecia a ele imensamente, seu corpo
não estava morto, em um simples gesto seu corpo se acendeu a níveis infernais...
Imaginava aquela língua passeando sobre cada pedaço da sua pele. Realmente
estava necessitada de um homem, mas queria aquele que estava na sua frente. Não
sabia como, mas ia tê-lo para si...

- Bem, tenho que ir mesmo.

Dulce quase
riu ao ver como ele parecia que não queria ir. E murmurou:

- É uma pena.

- Que disse?

- É uma pena que ainda tenho que fazer o arroz. Então seu convite fica pra
depois...

Ele assentiu como uma promessa.

- Muito obrigado e se precisar e só ligar... – ela riu assentindo. - Entregamos
a qualquer hora...em qualquer lugar... – e baixou seu olhar outra vez pelo
corpo dela.

- Ah bom.

Era melhor ele ir logo, senão Maite seria testemunha de uma cena de sexo
selvagem ali mesmo. Na parede, no chão, onde ele a quisesse...

Para sua sorte, ele foi caminhando até a porta. E ela foi o seguindo para
fechar a porta, hipnotizada pelo movimento daquelas nádegas firmes, dançando em
um vai e vem.

Ele virou-se e ela perdeu simplesmente o ar...

- Com certeza eu ligarei, gostei do seu serviço.

Ele riu.

- Os clientes vêm em primeiro lugar. – disse olhando-a sensualmente.

- Meu gás acaba rápido, acho que você passará aqui pelo menos umas duas vezes
por semana.

- A sen... – chirriou os dentes ao ver como ela lhe repreendia com a mirada. -
Quer dizer, Dulce, não vai se arrepender. – lhe sorriu. – Obrigado. - estendeu
a mão pra ela.

- Por nada. – Dulce agarrou sua mão e a entrelaçou com a dele. - Obrigada você
por ter salvado o meu almoço. - ainda segurando a mão dele.

Praticamente
a mão dele dava duas da dela... Suplicou a Deus que aquela mão a largasse,
senão ela, provavelmente, ia levá-la ate seu seio e pedir pra ele apertar até
que ela gritasse de prazer. Mas ele simplesmente virou-se e saiu... Ela sentiu
uma ponta de ódio, ele mal a tinha notado. Será que estava tão feia assim?
Correu pra frente do espelho e se deparou com uma mulher toda suada. O lenço de
crochê encardido na cabeça na cabeça e um vestido que estava mais para pano de
chão de surrado, não tinha mais nem cor. Quando o comprou era azul, mas a
“Kiboa” o transformou em um rosa encardido. Olhou para suas mãos, as unhas mal
feitas com o esmalte saindo e o cheiro de cebola e alho em todo seu corpo. Realmente
ele tinha razão em não notá-la.

Maite riu ao observar a cara de chateação com que Dulce se olhava no espelho.

- Ah Dulce María o que você quer? Tá parecendo à porca do sítio da tia Duda, e
quer que aquela delícia te olhe, sua idiota! – e continuou rindo.

Voltou para as panelas na cozinha e viu que Maite já estava terminando o arroz,
então se sentou, pegou um tomate, cortou uma rodela e começou a comer...

- Dulce já ta quase pronto, mais 15 minutos e podemos começar a fechar as
marmitas...

- Se Poncho não chegar eu mesma irei entregar. – afirmou ela olhando para o
relógio de parede.

- Você não vai ligar?

- Vou dar mais 15 minutos...

A verdade é que não queria ver Poncho estando nesse estado de super excitação.
Não queria fazer uma loucura.

- Mas me diga, esse rapaz é novo aqui?

- Esse do
gás?

Dulce assentiu.

- Que nada! – Maite suspirou. – Mora lá na outra quadra, ele é filho do seu Zé
do gás, Dulce.

- Sei quem é não.

- Valha, seu Zé que era jogador de dominó profissional...

E Dulce associou o nome à pessoa.

- Ahhhhhhhh já sei quem é. Seu Zé é tão boa gente. Mas onde esse filho tava tão
escondido? Nunca o vi.

- No exército menina. Ficou lá anos, na verdade o deposito de gás é do pai
dele. Você num lembra, a mãe dele tem aquela loja de 1,99 no beco do cacete...

- Valha, é aquela loira oxigenada?

- A própria. Só porque tem aquele “chevette”, quatro portas, se acha... – disse
Maite com desdém, enquanto virava os “assados de panela” na frigideira enorme.

- Mas mulher, esse rapaz estudado entregando gás?

- Só sei que eles caíram muito, parece que seu Zé teve uma dividas de jogo
aí...não lembra que ele tinha um opala preto a coisa mais linda do mundo?

- Não lembro mesmo, e você sabe que não sou de sair muito.

- Pois tá perdendo...toda sexta ele tá no forro...ele se veste tão lindo... –
disse Maite com um suspiro e um sorriso atraindo a atenção de Dulce. - Coloca
aquelas blusas xadrez com um suspensório, fica parecendo gringo.

- Hum...adoro homem que tem estilo.

As duas
riram.

- E você? – Dulce atraiu o olhar da amiga. – Não se interessou por ele?

- Que nada, você esqueceu que tou ficando com o Edvan? Tou gostando dele...

Dulce se lembrou do ficante de Maite. Ele se dava super bem com os filhos dela,
o que lhe deixava tranqüila. Mas sua mente voltava a persistir em Christopher,
nas coisas que ele lhe causou.

- Bonito daquele jeito deve ter namorada, não é possível?

- Ahh ... mas acho que não tem namorada não. Única vez que vi ele com uma
mulher era a filha do seu Zito da banca de revista. E faz tempo.

Dulce esboçou um sorriso. Ele não tinha namorada. Que coisa maravilhosa...

Enquanto
isso... Poncho apagou o cigarro da boca, vendo como seu dedão do pé se enfiava
em um buraco na colcha rosa de Anahí. Tirou o pé e o colocou outra vez no
buraco. E do outro lado encontrou outro buraco e enfiou seu outro dedão. E
olhando seus dedões se mexerem nos buracos, ele disse:

- Tenho que pegar o beco... Dulce deve tá doida já.

Anahí que estava deitada em seu peito, se ergueu em um cotovelo e o olhou com
seus grandes olhos de lentes azuis.

- Ai amor, não vai não. Só tenho cliente as duas agora.

- Cê ta louca? Ela já tá desconfiada. – disse ele com um suspiro.

- Pelo amor, né? Ela já ta careca de saber de nós.

Recostou sua cabeça no peito dele e o apertou entre seus braços, querendo
retê-lo ali para sempre.

- Sim, mas eu tenho que trabalhar.

Novamente ela se ergueu, levando seu rosto de encontro ao dele. Beijou-lhe a
boca devagar, seduzindo. Puxou o lábio inferior dele com os dentes, enquanto
sua mão entrou por baixo da colcha da cama, tentando reviver a múmia que ele
tinha entre as pernas.

- Só mais um beijinho... – e enfiou a língua quando ele separou os lábios.

Poncho a puxou pelo pescoço, prolongando o beijo o mais que pôde. Que pena que
não podia ficar mais, seu “bebezinho” já queria tomar mingau. E quando estava
desfrutando do beijo ela parou abruptamente, voltando a vê-lo com a testa
franzida.

- Quando você vai botar a chapa...? Não agüento mais passar a língua nesse
buraco do teu dente, Alfonso. Me dá um pouco de nojo.

- Não tenho
dinheiro, amor. Eu até queria, você sabe que marquei hora com Doutô Zuleico
semana passada, mas você sabe como Dulce não me dá um real sequer. Ela fica com
o dinheiro das marmitas todo pra ela e não me dá nada. – disse isso quase
chorando.

Anahí se compadeceu por ele e o abraçou.

- Quanto é amor?

- Não, Any, nada a ver, é muito caro.

- Diga quanto!

- Você imagina que ele me cobrou vinte só pra fazer uma limpeza? E mais vinte
pra fazer o canal!

Anahí ficou confusa de repente.

- Vinte com vinte... – olhou para o teto, pensativa. – Quanto é?

- É cinqüenta, amor.

- Ahhh, é verdade. Espera, vou buscar. Não sai daí, por favor. Já volto.
Kristian me pagou as horas extras ontem.

E se levantou rapidamente, deixando Alfonso ter uma boa vista de seu corpo nu.
Ele deu um sorrisinho de lado. Ai, ai, hoje era dia de cabaré! Luana que o
aguardasse hoje! Anahí voltou para o quarto e ele já estava pondo seu short.
Ela deu o dinheiro para ele, que guardou dentro da cueca. A abraçou forte em
troca e lhe beijou a boca do modo que a acendeu novamente.

- Ai neném,
só mais uma rapidinha... – fazendo voz de bebê. – Eu nem gritei hoje.

- Aii formosura, tenho que pegar o beco agora. Dulce é um anjo, mas não mexa
com as marmitas dela.

Ele assentiu triste.

- Que dia agente se vê? – perguntou se enrolando na cama.

- Tenho que marcar presença em casa. – e vestiu a camiseta da vereadora Lady
Di, que era prima de Krystian.

- Se você transar com ela, te mato,Alfonso

Ele sorriu, calçando as chinelas.

- Não sinto nada por ela, você sabe. Você é a mulher da minha vida...

- E por que ainda tá casado? – perguntou ela com inocência.

- Porque ela me ama e tá doente. – e fez uma cara de sofrido. - Você sabe, o
médico disse nem 3 meses de vida. Não posso deixá-la assim. Tenho pena dela!

- Coitada... – e soltou um suspiro penoso. - Parece tão saudável. A morte é
muito injusta.

- É sim, infelizmente. A doença é silenciosa e nem ela sabe. Ela é tão feliz
cozinhando.

Anahí se ajoelhou na cama e o abraçou novamente.

- Como você é fofo! – disse ela encantada. – Tão generoso, meu Deus! Fica com
ela só pra ajudar!

- Claro...
– e sorriu com o canto da boca. –Você sabe que a bixinha só tem a mim! Mas você
é a minha princesa... é a deusa dos meus sonhos, minha musa espetacular...
Minha anja!

- Espero mesmo que seja só eu... – disse ela desconfiada, ainda com os braços
em volta do pescoço dele. – Eu ouvi um boato que o Senhor tava de cochicho com
aquela vadia da Luana, aquela lá da creche?

- Que isso, amor? Ela que caiu em cima de mim na lotação, e pensaram que tava
sentada no meu colo.

- Tá bom, gatinho, eu acredito em
você. Me liga.

- Me dá até vergonha dizer isso... – ele coçou a sobrancelha, colocando um
sorriso envergonhado na boca.

- Vergonha de mim, Alfonso? Pode dizer logo, desembucha!

- To sem crédito.

Anahí sorriu e o beijou na boca mais uma vez. Se voltou para a cama e pegou uma
nota de cinco reais debaixo do travesseiro.

- Lá no botequim do Seu Luizvaldo tem crédito de 5 reais.

Poncho abriu mais um sorrisão e a beijou apaixonadamente.

- Por isso que te amo!

E saiu correndo...