Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

- Anahí, poderia atender a porta, por favor, querida?

Anahí sobressaltou-se com a voz da mãe vindo do corredor e desviou os olhos da tela da tevê. Já estava escurecendo lá fora...

Fungando, passou o lenço de papel nos olhos marejados. Andava sensível demais, mas assistir a um programa sobre pessoas que davam tudo para atingir suas metas apesar dos obstáculos era melhor do o que o que estivera fazendo antes: ligando para um a um de seus antigos clientes... E sendo sempre desviada para a caixa postal. Se as pessoas nem sequer falavam com ela, como seguiria em frente?

- Anahí Giovanna Puente Portillo!

Deus, seu nome completo. A coisa era séria. De súbito, a mãe apareceu à porta de avental e segurando uma colher de pau.

- Não vai atender? Todos já devem ter chegado. Estou com quase tudo pronto na cozinha.

- Todos, quem? – ela estava na cidade havia apenas um dia e meio e já havia gente vindo ali? Para quê?

- Para ver você, tolinha. Nossa convidada de honra!

- Oh, não, mamãe... Eu vim para cá para relaxar.

- É exatamente o que vai fazer na sua festa-surpresa.

- Que festa?

- Não se preocupe. É apenas uma pequena reunião. As pessoas da cidade querem rever você... Minha estrela está de volta.

Nó Pé-Grande, um dos poucos lugares atraentes no centro turístico, e que ainda continuava voltado para os fregueses locais, Poncho pegou cervejas nos bar, o corpo inteiro vibrando com a música country da banda no pequeno palco. Era um ambiente simples, rústico, cheio de camaradagem, risos, mesas de bilhar e peixes empalhados nas paredes. Gostava dali.

Rumando para sua mesa habitual, depositou uma cerveja sem álcool diante de Dulce, entregou um uísque a Christopher e sentou-se com a sua, pronto para relaxar na noite de terça-feira.

Christopher apontou para a bebida de Dulce.

- É o que você deve beber no seu encontro com aquele professor assanhado de matemática. Assim estará bem alerta caso ele resolva colocar as manguinhas de fora.

- Isso não vai acontecer. – retrucou Dulce, exasperada.

Como Christopher, ela também trabalhava no colégio Kismet como professora de inglês e literatura do ensino médio. Como se não bastasse à superproteção do irmão mais velho, agora Christopher também resolvera bancar o seu cão de guarda!

- Eu posso ir junto, como seu guarda-costas. Acredite, só assim ele vai se comportar.

- Está dizendo bobagens.

- Ei, ei... – interveio Poncho. – Perdi alguma coisa?

- Apenas acho que já é tempo de eu começar a sair com alguém outra vez. – anunciou Dulce com um suspiro.

- É uma má ideia. – Poncho sacudiu a cabeça. – Foi assim que você acabou tendo Alice.

- E foi maravilhoso, não? – ela retrucou, fuzilando o irmão com o olhar. – Tenho uma filha linda e não me arrependo. Estou com vinte e sete anos e sei muito bem o que faço. Eu só quero ter a chance de iniciar um bom relacionamento... Não vou dormir com o primeiro que aparecer. – acrescentou com altivez. Ela sempre fora ajuizada, pensou.

Sempre a “certinha” a melhor aluna da escola, integrante de varias obras da comunidade. Deus do céu, havia permanecido virgem por muito mais tempo que a maioria de suas amigas! Até que conhecera o pai de Alice, Brian, durante seu terceiro ano na faculdade. Se não fosse por sua paixão por ele, talvez nunca tivesse experimentado o lado carnal da vida. Agora, mais madura, achava que já estava mais do que na hora de recomeçar, de ser algo além de mãe dedicada e professora.

- Não se preocupe, Poncho, não vou fazer nada precipitado. Apenas quero encontrar minha alma gêmea.

Poncho e Christopher trocaram um olhar

- Alice é uma bênção, mas não sei se está pronta para isso, Dulce. – argumentou Christopher. – Há muito tempo não sai com ninguém. Não sabe como andam as coisas por aí.

- Ah. E você tem saído muito?

Tenso, ele desviou os olhos para o copo de uísque.

- Eu poderia se quisesse. Apenas não encontrei a garota certa ainda, alguém de quem eu goste de verdade. Mas isso está prestes a mudar. – acrescentou, lançando um olhar esperançoso a Poncho. – Ouvi dizer que Anahí Portillo voltou à cidade. Ontem de manhã, Dulce comentou que você tinha ido buscá-la no aeroporto.

A imagem de Anahí voltou com força à mente de Poncho: ela com suas botas sensuais, seu sorriso cativante... Lembrou-se de todas as maneiras como haviam passado o tempo enquanto esperavam que a rodovia fosse liberada. Se ele não tivesse vivenciado aquilo, jamais acreditado.

Deus... Ele e Anahí Portillo Juntos. Contendo um sorriso, concentrou-se de volta no que o amigo dizia:

- E se você nos aproximasse, seria ótimo. É um sujeito importante nesta cidade. Sabe disso e Anahí deve saber também.

- Na verdade, ela nem ficou muito impressionada comigo. – contemporizou, lembrando-se do comentário dela quanto à caminhonete.

- Não importa. Se você falasse bem a meu respeito, já ajudaria bastante.

Os atributos de Anahí tornaram a povoar a cabeça de Poncho e ele se limitou a assentir com um gesto de cabeça. Era um apena que ela fosse participar de nenhum dos eventos de Natal de Kismet...

- Quem sabe não pode convidá-la para algum evento onde eu possa encontrá-la? – prosseguiu Christopher. – Mas avise primeiro, está bem? Quero estar preparado.

Poncho despertou de seus devaneios de súbito, percebendo que a irmã e o melhor amigo o encaravam com ar expectante.

- E, então, fará isso? – indagou Christopher num tom de urgência.

Ele não fazia ideia do que o amigo estava falando. Sendo assim, havia apenas uma coisa a fazer:

- Sim, claro que sim.

- Eu sabia que poderia contar com você. – o rosto de Christopher se iluminou, desde o queixo até o cabelo castanho-escuro repicado.

Poncho sorriu. Ficava contente em ver o amigo feliz por qualquer que fosse o motivo. Ele e Christopher haviam passado por muitas coisas juntos, desde o futebol no colegial até o centro de treinamento da FNL, além de encontros e desencontros com namoradas, problemas em geral e muito mais. Seria capaz de fazer qualquer coisa por Christopher.

- É um prazer ajudar. – "seja lá com o que for", completou para si mesmo.

- Mal posso esperar. – sorrindo de orelha a orelha, Christopher se levantou e foi até o bar em busca de uma rodada de cerveja. – Essa é por minha conta.

Sorrindo, Poncho inclinou-se na direção de Dulce.

- Agora diga... Com o que foi que acabei de concordar?

Comentem.