Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

De modo algum poderia promover um encontro entre Christopher e Anahí Portillo. Bastaria que ela lançasse um daqueles olhares ao ingênuo e tímido professor de educação física e partiria o coração dele. Não podia fazer aquilo com seu melhor amigo.

- Está se recusando a me ajudar? – Christopher pareceu confuso.

- Você prometeu, Poncho... – Dulce ergueu as sobrancelhas.

- E você sempre ajuda. – Christopher o fitou, inconformado. De repente, estreitou os olhos. – A menos que... Eu sei o que é. Você a quer!  Você a viu no aeroporto e a levou para casa, e ela foi incrível, doce, maravilhosa, inteligente, talentosa, e você a quer para si! Admita!

A situação só estava piorando. Esforçando-se para lidar com a culpa, Poncho lançou um olhar ao amigo. Deveria confessar o que acontecera entre ele e Anahí e encerrar o assunto. Não tinha sido nenhum crime, nem nada tão escandaloso. Não sabia por que ela o fizera jurar segredo, mas... Droga. Não podia fazer aquilo.

- Não quero Anahí para mim. – era uma mentira inofensiva, ponderou. Quais eram as chances de ter responder por ela? – Mas não acho que Anahí seja o tipo certo de mulher para você.

- Sempre pensa que sabe o que é melhor para as pessoas. – desdenhou Christopher.

- Também acho. – concordou Dulce, a traidora.

- Sou perfeitamente capaz de impressionar Anahí Portillo sozinho. Mudei muito ao longo dos anos... – Christopher recostou-se na cadeira, sorridente. – Tudo o que pedi foi um empurrão seu “namoradinho da cidade”.

O namoradinho da cidade! Christopher tinha de trazer aquilo à tona? Ambos tinham se tornado famosos quando haviam sido recrutados como jogadores profissionais da NFL. O problema era que Christopher voltara a Kismet, dispensado do time, três semanas depois de ter ido para o centro de treinamento dos Scorpions, e ele, Poncho, apenas anos depois, como um astro de primeira grandeza do Super Bowl. Sua fama o tornara uma lenda não apenas em Kismet, mas ao longo do lago Michigan e de varias cidades na região dos Grandes Lagos.

Acuado, olhou para Christopher. A verdade era que já havia concordado com aquela loucura, e não era homem de voltar atrás em sua palavra.

- Está certo. Na primeira oportunidade em que virmos Anahí, darei um jeito para que vocês dois passem algum tempo juntos.

Silencio. Uma vez que a possibilidade de tornar a ver Anahí Portillo, segundo ela própria, era nula, que mal havia em sua promessa?

Anahí escolheu aquele destino por ser o lugar com menos enfeites natalinos da rua principal, e porque estava morrendo de frio.

- Oh, meu Deus! Anahí Portillo! É você?

Ela se virou do balcão onde pedira um drinque para se aquecer e deparou com uma mulher de cabelos ruivos até o meio das costas e um sorriso afável no rosto.

- Sim?

- Não posso acreditar. Olhe só para você! – sacudiu a cabeça, a moça lançou um olhar na direção dos fundos, como se esperando ver alguém. – Ouvi dizer que estava de volta à cidade. Eu deveria saber que acabaria ficando incrível.

- Você também está ótima. – nervosa, Anahí vasculhou a memória à procura de um nome para ligar ao rosto.

- Sou Dulce Herrera. Estudamos juntas no colegial. Lembra-se?

- Oh, é claro! Desculpe-me, Dulce. Foi uma semana difícil. – mortificada, ela a abraçou. – Que tal um drinque?

- Oh, não posso ficar. Eu estava de saída... Tenho uma filha, Alice. Ela está com a avó, mas amanhã é dia de aula e não posso ficar até tarde. Foi um prazer ver você.

- Para mim também. – Anahí sorriu, invadida por uma onda de nostalgia.

Apesar de muito mais bonita, Dulce continuava simpática, calorosa e acessível como sempre fora. Não tinham feito parte do mesmo grupo, pois Dulce pertencera ao grupo mais comportado da turma e ela, ao rebelde. Mas sempre a tratara com genuína amizade.

Dulce anotou algo num pedaço de papel.

- Aqui está o número do meu telefone. Precisamos nos encontrar outra vez para conversar.

- Claro.

- Falo a sério. – a moça sorriu. – Será divertido.

Anahí sentiu-se tocada pela sinceridade nos olhos castanhos.

- Ligarei para você.

- Bem, antes de eu ir, há alguém aqui que quero que conheça.

Pegando-a pela mão, Dulce a conduziu aos fundos do Pé-Grande. Equilibrando-se nos saltos das botas, Anahí percebeu que chamava a atenção enquanto passavam pelas mesas lotadas. Justamente o que não havia planejado.

Um homem alto ergueu os olhos para as duas com um ar espantado, e ela prendeu a respiração. Poncho Herrera!

E parecia ainda mais bonito do que na manhã anterior. Mas, por que estava com aquela expressão horrorizada?

Oh, Deus! Dulce Herrera. Poncho Herrera. Como podia ter sido tão estúpida?

- Onde está Christopher? – perguntou Dulce num tom acusador.

Poncho não conseguia desgrudar os olhos de Anahí. Ela usava uma daquelas minissaias outra vez. E também um daqueles fuseau justos que mexiam com a imaginação de um homem. Sem mencionar as botas de cano longo, como não se viam em Kismet.

Podia ver seus olhos, agora, sem os óculos escuros: eram grandes e azuis, destacando-se no rosto de traços benfeitos. Talvez ela fosse uma alucinação, uma fantasia por conta do estresse de se tornar um Cupido involuntário para o melhor amigo.

- Poncho! – esbravejou Dulce. – Já perguntei: onde está Christopher?

Sobressaltado, ele apontou com um gesto de cabeça na direção do outro lado do bar.

- Christopher reconheceu Anahí e foi tomado por uma súbita necessidade de jogar bilhar... – manteve a voz baixa, de modo que apenas a irmã o ouvisse.

- Oh, pelo amor de Deus...

- É verdade. Ficou branco feito cera.