Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

Durante o restante da semana, Poncho tentou arranjar um encontro entre Christopher e Anahí. Em mais uma tentativa, convidou a ambos para a reunião dos moradores de Glenrosen destinada a pendurar os pisca-piscas com a ajuda do comitê de decoração do bairro. Anahí atravessou a rua coberta de neve bem no horário, com olhos brilhantes e roupas sensuais. Seu sorriso luminoso e o corpo benfeito realçado pelo suéter que usava com jeans justo fizeram com que Poncho se perguntasse se era sensato, afinal, tentar arranjar outro homem para ela.

Enquanto ele a observava, Anahí mergulhou na tarefa de separar os fios das pequenas lâmpadas por tipos junto com os demais voluntários, os quais, na maioria, eram filhos e filhas adultos dos moradores. Uma porção de pessoas a cercava. Sorrindo, radiante, no meio do grupo, ela fez amizade rapidamente com todos que ainda não conhecia e se reaproximou dos antigos amigos.

Depois de cinco casas e quintais enfeitados, vários beirais recobertos de lâmpadas e uma cena da natividade pintada, Poncho desceu da escada após pendurar pisca-piscas na casa da Sra. Rey.

Anahí abriu um sorriso.

- Se eu não soubesse que não é o caso, acharia que está me evitando... Mas ouvi dizer que você é sempre o chefe deste evento. Assim, imagino que esteja apenas ocupado.

- Alguém tem de estar no comando. – ele deu de ombros.

- O bom samaritano de kismet, claro.

- Apenas gosto de ajudar.

Se ela queria pensar assim a seu respeito, que fosse. Era apenas um sujeito comum que havia tirado a sorte grande no futebol e voltara para casa rico e agradecido por todas as coisas que importavam de verdade.

- Quanto antes terminar aqui, mais rápido poderei preparar a minha casa para a competição de Glenrosen. – fez um gesto na direção do sobrado.

Sob a luz do dia, o telhado, os beirais e o pátio da frente apenas começavam a exibir sinais das quarenta e sete mil lâmpadas multicoloridas que vinha pendurando havia semanas. Mas ele sabia que logo todas estariam lá.

- Ali está à casa vitoriosa.

- Não me parece assim tão impressionante.

- Você vai ver. Algumas pessoas gostam de dar seu melhor no momento certo...

Anahí o fitou de alto a baixo sorrindo.

- Confesso que estou curiosa.

- Lá vem você outra vez me fazendo sentir como se eu estivesse nu...

- Nu? Parece promissor. Continue.

- Ei! Há mais de duas dezenas de pessoas ao redor, lembra-se?

- E daí? – Anahí se aproximou mais dele, o hálito quente se condensando no ar claro de dezembro. Por perto, no estéreo portátil de alguém, músicas natalinas ecoavam, aumentando o clima festivo. – Só vim porque achei que você precisava se aquecer um pouco...

- E preciso. – Poncho deu um largo sorriso. – O que tem em mente?

- Café quente. – ela estendeu uma caneca fumegante.

- Ah.

Agradecido, porém desapontado graças à sua fértil imaginação, Poncho sorveu um gole da bebida reconfortante. O que ele tinha em mente era encostá-la na árvore mais próxima e beijar aquela boca sensual outra vez. A rebelde Anahí Portillo teria concordado com a ideia, em especial se isso significasse chocar os vizinhos.

Poncho sentiu o corpo latejar com a simples lembrança do beijo que haviam trocado na neve. Teve vontade de repetir a dose, mas não. Estava ali para promover uma aproximação entre ela e Christopher, não para dar razão às suas fantasias eróticas com Anahí.

Ainda determinado a manter a promessa ao melhor amigo, Poncho providenciou para que ele e Anahí se encontrassem “por acaso” na Esportes Herrera, no dia seguinte, sob o pretexto de que ela pudesse ajudá-lo nas compras.

- É Christopher. – explicou Poncho quando Anahí entrou e olhou ao redor da ampla loja de equipamentos esportivos. – Ele precisa de ajuda para encontrar presentes para a mãe.

- É o mesmo Christopher que deveria ter ido com você, comigo e Nanda cortar pinheiros de Natal?

- Sim.

- O mesmo que não pôde ir à reunião do comitê de decoração de Glenrosen ontem?

- O próprio.

Christopher alegara que as roupas novas que fora até a cidade de Grand Rapids para comprar ainda precisavam de ajustes. Assim, ele o convencera a aparecer na loja de jeans surrado e jaqueta de couro, afirmando que eram peças Vintage, e que Anahí adoraria.

Agora, quinze minutos depois do horário marcado para o encontro, só podia concluir que, ou o amigo estava maluco, ou aquela paixão recolhida por Anahí era realmente importante a ponto de deixá-lo com os nervos em frangalhos.

- Estou começando a achar que seu amigo Christopher está me evitando. – ponderou Anahí. – Há algum problema?

- Nenhum! Ele é um ótimo sujeito. – assegurou Poncho, tentando reprimir a culpa pelo fato de ter gostado demais do drinque californiano que haviam tomado depois de terminar os enfeites na noite anterior.

E mais ainda dos beijos quentes que tinham trocado diante da lareira antes que os pais de Anahí surgissem na sala, o que acabara levando a todos a jogar cartas.

- Christopher é professor de educação física do colégio e, portanto, tem um bom emprego e excelente forma. É divertido, atencioso, e tem os pés no chão. Enfim, eu diria que é o cara perfeito para qualquer mulher.

Menos para você, completou em pensamento, a despeito de si mesmo.

- É melhor avisá-lo... Não estou em busca de um par romântico. Namorar é algo que está fora dos meus planos. – Anahí suspirou. – Parte da razão para eu estar em Kismet é ter acabado de sair de um péssimo relacionamento.

- Ele a magoou? – ele quis esmurrar o nariz do desgraçado.

- O rompimento não foi amigável, mas era previsto acontecer. Aaron não era a pessoa certa para mim. Não foi amor. Ele era bonito e... Convinha-me, só isso. – ela apoiou os cotovelos no balcão. – Eu precisava de um acompanhante nos eventos, de alguém para acordar a meu lado... Precisava de sexo. Mas a verdade é que eu não tinha tempo para ele.

- Quem não precisa disso tudo? – apesar do tom natural, Poncho teve de engolir em seco.

Imagens do que poderia ter acontecido entre os dois diante daquela lareira povoaram sua mente. Ele, Anahí, o fogo crepitando e aquecendo a pele nua de ambos, apenas o tapete felpudo abaixo de seus corpos entrelaçados. Ele beijando pedacinho por pedacinho daquela pele macia até ela implorar por...

- Está rabiscando tanto esse papel que deve ter se esquecido do que queria anotar. – comentou Anahí.

Incomodado, Poncho percebeu que fazia círculos num bloco de anotações.

- Não vai me contar o que estava pensando?

O tom insinuante dela quase o instigou a fazê-lo. Poncho observou o rosto livre dos óculos escuros do aeroporto e de parte da maquiagem glamourosa, e sentiu uma vontade louca de seduzir a garota dos sonhos do seu melhor amigo.

- Estava pensando em como a faria implorar por... - Ela arregalou os olhos. -... Uma nova oportunidade de conhecer Christopher. – Poncho se colocou atrás da caixa registradora. Onde estavam seus fregueses? Ainda era cedo, mas precisava urgentemente de uma distração. - Ele vai até a minha casa amanhã de manhã para provarmos nossas fantasias para a apresentação de Natal da escola. Nanda e Dulce estarão lá, claro. Apareça também. Poderia nos ajudar com as fantasias.