Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

- Ei... – inclinou-se para tocar o queixo dela. – O que houve? 

- Nada. – ela se esquivou do toque. – Eu devia ter imaginado. 

- O quê? 

- Que você tem essa necessidade de “supercompensação”. Vi isso em algumas celebridades com quem trabalhei. Alguns atingem o sucesso repentino e depois passam o resto da carreira tentando compensar os outros de algum modo. 

Poncho bufou com desdém. 

- Não sou um de seus clientes de miolo mole da terra do sol e do surfe. Guarde a terapia da moda para alguém que precise. 

Anahí afastou as cobertas e saiu da cama numa série de movimentos que expôs alguns de seus melhores atributos e o fez lamentar em dobro a missão de resgate à vizinha. 

- Sabe o que vejo? Um homem que se sente um tanto culpado em ser o máximo no que faz. 

- Dirigir uma loja de artigos esportivos, por exemplo? 

- E consertar coisas. Cortar pinheiros de Natal. Ser um atleta extraordinário. Posso não ser fã de futebol, mas até eu sei como a NFL é competitiva. Se não fosse tão difícil ter êxito, os jogadores não ganhariam fortunas. Todos querem ser o melhor. Exatamente como em Hollywood. 

- A NFL será como Hollywood no dia de São Nunca. 

- Como quiser. Talvez eu tenha entendido tudo errado. Diga apenas uma coisa: já comprou um presente caro para um ente querido? Como um carro, uma viagem, um barco, essas coisas? 

Droga. Ele já tinha comprado para os pais a casa no condomínio, um barco de pesca para Christopher, um carro para Dulce, montanhas de brinquedos para Alice. E levara vários amigos para passar as férias no Havaí alguns anos antes. Mas o que havia de errado naquilo?

- Não é crime ser generoso - defendeu-se, mal-humorado. 

Anahí o acompanhou com o olhar enquanto ele pegava a carteira, as chaves e um casaco. 

- Já depreciou suas realizações? 

- Não me lembro. – Poncho a fitou, aborrecido com o fato de ela achar que o conhecia tão bem. 

- Sei. – Anahí continuou, enquanto, para o desespero dele, vestia a tanga vermelha. – Acha que tem de fazer tudo você mesmo, ou, então, as coisas não serão feitas do jeito certo? 

- Isso é mero bom-senso. 

- Já se recusou a aceitar ajuda? Em qualquer coisa? 

Poncho se lembrou de Christopher ajudando-o a pendurar pisca-piscas na loja anualmente, e dele dando-lhe instruções passo a passo, a ponto de o amigo ameaçar não aparecer mais. Mas aquilo não provava nada, assegurou a si mesmo.

Mas se lembrou do pai oferecendo-se para ajuda-lo a enfeitar a casa para o Natal – o que ele recusara – e de como era difícil delegar maiores responsabilidades a seus dois ajudantes de meio período na loja, Jimmy Gurche e a Sra. Bender, a quem ele encontrara havia pouco tempo. Depois de a pobre ter ficado viúva, claro.
Bem, talvez ele fosse apenas... Obstinado. 

- Um homem de verdade fornece ajuda, não a recebe – argumentou, enfim. 

- Exato. – Anahí envergava mais uma vez o sedutor vestido vermelho. – Já perdeu em algo de proposito apenas para fazer alguém se sentir melhor?