Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

Andar pela rua principal de Kismet na época de Natal era algo como ser transportado para um daqueles programas sobre os anos setenta: um cenário demasiado enfeitado e feliz. Um tanto brega, mas encantador. Música e verdes flutuavam acima das ruas de pedra cobertas de neve, e absolutamente tudo parecia envolto por luzes brilhantes: desde os postes de iluminação de estilo antigo, até as caixas de correios e galhos das árvores sem folhas que se enfileiravam pela beira da calçada.

Andando descontraída em meio à multidão, Anahí saboreava deliciosas  amêndoas torradas de um saquinho que comprara na esquina, o olhar aguçado em busca de sinais de Poncho. Não o via já fazia alguns dias, desde que o tinha acompanhado no resgate ao carro atolado da Sra. Bender.

Porém ele não estivera distante de seus pensamentos. Agora, ela havia acabado de decidir, tinha algo a lhe dizer. Algo importante que, esperava, ele gostasse de ouvir.

Pessoas passavam com sininhos presos às botas, roupas e acessórios, envergando os mais variados motivos natalinos e chapéus imitando cabeças de rena. Anahí as cumprimentava com acenos e sorrisos, pela primeira vez desfrutando a satisfação de fazer o que tinha a sensação de ser o certo em vez do que era chique ou estava em voga... Ou do que agradaria a uma cliente esnobe.

A verdade era que, nos últimos dias, sentia-se outra pessoa. Sua atitude defensiva tinha desaparecido de vez, varrida pelas inesperadas férias e, quem sabe, pelo encantamento do Natal. Graças a Poncho e à sua habilidade de ver e gostar verdadeira mulher por trás do glamour da personal stylist, ela começara a sentir a magia inerente a Kismet.

Assim, em vez de ainda considerar a alegre comunidade local bizarra ou piegas, achava-a adorável. Sentia-se parte dela. Em vez de se achar sofisticada demais para a inauguração da arvore de Natal oficial e para assistir o desfile de carros alegóricos, encontrava-se ansiosa para ver algumas das coisas que ajudara a confeccionar no Clube do Alce. E, em vez de baixar a cabeça e passar pelas pessoas como fazia em Los Angeles, via-se cumprimentando amigos e vizinhos calorosamente.

Era notável como Kismet a havia transformado. Naquele dia, chegava ao local da parada sem estresse, sem pressa e em total paz de espirito. Até deixara o celular em casa.