Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

raya_ponchito: Sim, a Web já está chegando ao fim. Infelizmente! 

lyu: Ele foi Ingênuo! Na verdade, ele é muito bobo. 

Anahí passou todos os dias que faltavam para o Natal tentando negar a existência da data.

Só porque voltara para casa para as festas de fim de ano não significava que tinha de participar delas. Claro que não. Por essa razão se empenhou ao máximo para bloquear os sons de canções natalinas e as imagens de todos os enfeites e luzes, e para ignorar os papais-noéis que tocavam sinos nas esquinas de Kismet, pois todos a lembravam dolorosamente de Poncho.

Passou os dias assistindo as reprises na tevê, mastigando as últimas barras de proteína de seu estoque, engolindo-as com refrigerante dietético e, ocasionalmente, ligando para Maite em busca de apoio moral. Manteve as cortinas fechadas, achando melhor obstruir a visão multicolorida da decoração natalina da frente da casa dos pais e da dos vizinhos.

Anahí soube que as coisas estavam mesmo sérias quando recebeu um telefonema de Paulina Rubio, uma cantora rival de Belinda, com um pedido para vesti-la para um baile de gala beneficente, e mal pôde reunir forças para conversar sobre a oferta de trabalho.

Mas por que não? Não lhe restava mais nada em Kismet. Tinha de reconstruir sua vida. Sem muito animo, concordou em se reunir com Paulina em Los Angeles dali a duas semanas.

Deu então alguns telefonemas, e acabou conseguindo agendar mais dois trabalhos para vestir aspirantes a celebridades. Era provável que aquelas pessoas só quisessem aparecer na mídia com a polêmica em torno de seu nome, contudo tinha de recomeçar de algum modo até reconquistar seu lugar.

Cansada de se sentir embaraçada com o fato de seus fracassos em Los Angeles serem tão conhecidos, ou talvez precisando de um pouco de afeto, Anahí reuniu-se aos pais na sala um pouco mais tarde, apesar de todo o clima natalino.

Arrependeu-se de imediato. Na tevê, passava o mesmo filme que ela vira com Poncho, seu coração ficou apertado. Era demais para suportar.

Todavia o pior foi quando avistou quatro meias de tricô penduradas, cada uma com um nome bordado à mão.

- O que é isto, mamãe? – tocou aquela onde se lia Poncho.

- Convidamos Poncho para vir aqui no dia de Natal. – a mãe ajeitou uma pilha de presentes debaixo da árvore, sorridente.

- O quê?

- Achei simpático colocar uma meia com o nome dele na lareira, junto com as nossas.

- Não pode fazer isso. – Anahí tirou a meia da lareira, revoltada.

- Anahí! – exclamou o pai. – Coloque isso de volta no lugar.

- Poncho não merece uma meia!

- Sua mãe teve muito trabalho para fazê-la, menina. Coloque-a de volta!

- Odeio este lugar! Vou embora agora mesmo... – ela jogou a meia no chão com ódio e, contendo um soluço, correu para o quarto.

Quando saiu, puxando uma mala de rodinhas, encontrou os pais em silêncio no pátio da frente, dando os últimos retoques na decoração externa da casa. Detendo-se na varanda, observou a cena com os olhos vermelhos. Nem mesmo os pais tinham sido sinceros com ela, e eram as pessoas menos dissimulados que conhecia no mundo.

Ao ver a enorme mala, a mãe se aproximou com ar preocupado.

- Querida, sei que está sofrendo...

- Não seja tão precipitada desta vez – interveio o pai. – Você vive agindo por impulso, Anahí. Na certa foi isso que lhe causou problema com a tal Belinda.

Por um segundo, ela quase desmoronou emocionalmente, mas ergueu o queixo com ar obstinado.

- Tenham... – um Feliz Natal, pensou com um acesso de sentimentalismo, mas tratou de reprimi-lo – Uma boa semana. Estou de partida.

Tentando ignorar o olhar perplexo dos pais, marchou na direção da calçada, seu triunfo um tanto ofuscado pelo fato de que, ali, no meio do nada, os taxis não circulavam fora da temporada de turistas. Teria de caminhar e pegar um ônibus na rodoviária de Greyhound até o aeroporto.

Jamais deveria ter voltado para casa para passar o Natal. Tudo o que acontecera ali fora um erro, começando pelo momento em que se apaixonara por Poncho e terminando com a constatação de que ele jamais correspondera ao seu amor.