Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

camillatutty: Concordo com você! Sim, a parte da meia foi hilário! rsrs... Ela é muito impulsiva e birrenta! 

Bem quando Poncho precisava que houvesse um grande movimento na Esportes Herrera, todos na cidade pareciam ter desertado sua loja. Suas prateleiras estavam repletas de artigos e equipamentos que teriam sido presentes de Natal ideais, mas que permaneciam ignorados.

Era um vazio que espalhava a maneira como se sentia por dentro. Não sabia o que havia de errado com ele. Estava daquele jeito desde a noite da apresentação de Natal de Alice: desolado, inquieto... Frustrado. Tecnicamente pensava ter sido o vencedor em sua discussão com Anahí e, portanto, devia estar contente. Ela se afastara e ele se mantivera firme em sua posição. Aquilo contava como uma vitória, mesmo que ninguém mais soubesse a respeito.

Só que não era algo que o fazia se sentir melhor. Quando já chegava ao auge da impaciência, o sino da loja tocou. Fregueses por fim. Deixando o espanador de lado depois de ter limpado pela enésima vez as mercadorias expostas, olhou para a entrada, ávido por uma distração. Mas era apenas Jimmy Gurche, seu funcionário de meio período chegando.

Poncho franziu a testa.

- Volte para casa. Estou cuidando da loja hoje.

- Hoje e todos os dias... – ironizou Jimmy. – Tire algum tempo de folga, homem! Amanhã é véspera de Natal. Posso olhar as coisas aqui. Você deve ter muita coisa para fazer...

Como encontrar Anahí e implorar que ela voltasse para ele, ocorreu a Poncho.

- Também parece cansado – prosseguiu o rapaz. – Veja só essas olheiras. Ao menos vá para casa e tire uma soneca.

Ele não podia ir para casa, pensou, pois cada canto o fazia se lembrar de Anahí. Em especial os lugares onde tinham feito amor, como debaixo da árvore de Natal.

Deu um longo suspiro. Ela se esforçara em tentar compreendê-lo. Anahí podia até ter entendido como ele se sentia em relação a futebol, fama e dinheiro... Mas não quanto à sua família e amigos.

- Estou ocupado demais para sonecas – resmungou, por fim, embora uma estranha gratidão o dominasse de repente.

Havia dias que estava escondido na Esportes Herrera, evitando as pessoas e, supreendentemente sem ajudar ninguém. E todos o haviam deixado sozinho... Até agora. O sino tocou outra vez, anunciando a chegada de Armando Herrera com uma expressão de contentamento no rosto.

- Olá, filho! Como vai?

Poncho preferiu não dizer.

- O que está fazendo aqui, pai?

- Vim em busca de... Uns pesos novos.

Ele estreitou os olhos com ar desconfiado.

- Achei que já tivesse pesos de sobra.

- Ora, eles nunca são demais. – Armando cumprimentou Jimmy e começou a examinar os equipamentos. – Talvez isto me tome o dia inteiro, portanto, pode deixar que eu me arranjo por aqui, está bem?

O pai fazendo compras numa loja o dia inteiro? Havia algo estranho ali, mas antes que Poncho pudesse questioná-lo, o sino anunciou a chegada de mais alguém: Derek James, carregando uma jaqueta de couro com o logotipo da Multicorp.

Ótimo. Justamente quando estava num de seus piores dias, o representante de vendas reaparecia para importuná-lo com aquela insistência para que franqueasse a loja.

- Vá embora, James. Não estou interessado.

- Para que tanta hostilidade, Poncho? – o homem se aproximou, carregando a jaqueta como um domador de leões seguraria uma cadeira. – Vim apenas trazer um presente de Natal para você.

- Ah... Obrigado. É muita gentileza sua. – sentindo-se pouco à vontade do bom humor de James. Poncho aceitou a jaqueta e emendou: – Por que não escolheu uma daquelas camisas ali adiante? – mantendo o ar sisudo, apontou para o mostruário das camisas de times de hóquei, um de seus artigos mais populares.

Parecendo radiante, James agradeceu e, em questão de minutos, engajou-se num animado bate-papo com Jimmy e Armando, o qual destoava do silêncio da loja agora desprovida da habitual música natalina. Apesar de estarem num canto mais afastado, Poncho pôde ouvir fragmentos da conversa, como as palavras “coração partido”, “decepcionado”, “ajudá-lo”. Vez ou outra, um dos três olhavam em sua direção.

Já ia protestar quando o sino tocou de novo e a Sra. Porter, a quem ele também dera folga naquela semana, entrou na loja. Deus do céu, o que faltava agora?

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Com os saltos das botas escorregando na calçada congelada e irregular, Anahí caminhava determinada até o centro da cidade, passando pelas fachadas alegremente enfeitadas das casas e amplas janelas emoldurando árvores de Natal de inúmeras famílias. Todos de Kismet estavam prontos para a chagada das festas, exceto ela.

Estivera disposta a ficar até depois do final do ano, mas os pais haviam arruinado seus planos ao convidarem Poncho para o Natal.

E não era apenas com os pais que estava furiosa. Estava com ódio de si mesma, de Poncho, de Belinda e Aaron por terem desencadeado todo aquele fiasco com sua “festinha particular” pelas suas costas.

Revoltada, Anahí parou para enxugar algumas lágrimas e prosseguiu, arrastando a mala de rodinhas. Tudo o que queria era... O quê?

Pela primeira vez na vida, não tinha certeza de nada. Em principio, quisera ser bem-sucedida como personal stylist de celebridades. Depois havia desejado seu trabalho de volta. Em seguida, tinha se contentado em sobreviver às festas de fim de ano, manter o desastre de Los Angeles em segredo e preservar sua imagem perante o povo de Kismet.

Mas desde o instante em que havia descido no aeroporto, compreendeu com uma indesejável sensação de vulnerabilidade. Todos ali já sabiam de seu fracasso em Los Angeles e não se importavam.

Talvez porque a aceitassem e amassem assim mesmo, disse uma voz dentro dela. Antes de poder chegar a uma conclusão, ouviu o motor barulhento de um veiculo se aproximar. Poncho! Pensou com uma tola onda de esperança. Talvez tivesse ido impedi-la de partir.