Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

Sentando-se a uma mesa do restaurante Xícara e Café, ao lado da rodoviária Greyhound de Kismet, Anahí empurrou a mala para o canto do bando de vinil estofado e apoiou a bolsa em cima dela. Colocou a passagem de ônibus para Grand Rapids ao lado do saleiro e estudou o cardápio com um suspiro. Tinha conseguido. Dali a exatamente quarenta e um minutos, estaria embarcando num ônibus rumo ao aeroporto. Adeus, Kismet!

- Já estou com tudo pronto para partir – disse a Ruth Herrera, sentada do lado oposto da mesa. – Dentro de algumas, estarei de volta ao sol e às punhaladas pelas costas de Los Angeles. – sorriu irônica.

- Que tal comer algo primeiro? As panquecas daqui são ótimas.

- Não, acho que vou tomar um refrigerante diet. Tenho barras de proteína o suficiente na bolsa para me alimentar daqui até lá.

A nova amiga torceu o nariz.

- Não pode viver a base disso! Essas não são como comida de verdade. – fitou-a com seu olhar penetrante. – Aliás, nada que não seja verdadeiro pode nos fazer seguir em diante de uma boa maneira.

Sustentando o olhar da mulher, Anahí precisou admitir a si mesma que teria de se esforçar para se readaptar ao estilo de Los Angeles, ainda mais depois de todas as coisas boas que redescobrira em Kismet: amizade, criatividade, segurança, simpatia... Amor. Falso amor, melhor dizendo, mas isso seria fácil de encontrar em Malibu.

Depois que fez o pedido à garçonete, Ruth brincou com o saleiro em cima da mesa, evitando o olhar de Anahí. Enfim, parecendo chegar a uma decisão, falou:

- Sabe, há muita história impregnada em Kismet. Coisas que você já se esqueceu ou que nunca soube. Vamos tomar Poncho como exemplo...

- Não, obrigada. Sem querer ofender, o que aconteceu entre mim e Poncho foi...

Trágico, seu pesaroso coração lhe disse. Doloroso, sem sentido, inexplicável.

- Compreensível – declarou Ruth com firmeza. – Talvez até inevitável, levando-se em conta as circunstâncias.

- Inevitável? Por quê? – se a situação fazia assim, tanto sentido por que ela não conseguia entender? Perguntou-se Anahí, inconformada. – Esqueça Ruth. Obrigada pela carona até aqui, mas quero esquecer essa história entre mim e Poncho.

- Não querida, você precisa ouvir isto. Em parte, porque ajudou Armando e a mim quando precisamos. Em parte, porque gosto de você e duvido que, se estivesse pensando com clareza, ainda desejaria partir. Mas principalmente porque, a julgar como meu filho parecia feliz até pouco tempo, vocês dois foram feitos um para o outro. E uma mãe nunca para de querer o melhor para os filhos. No caso de Poncho, parece ser você.

Anahí riu sem vontade. Aquela situação constrangedora era exatamente o que ela temera.

- Não tenho de ficar aqui ouvindo isso.

- Não tem, mas acho que vai ficar.

- Quer apostar? – ela abriu um sorriso triste.

- Aceito a aposta! – exclamou Ruth com os olhos brilhando. – A vencedora fica com sua passagem para Los Angeles. Se eu ganhar, vou à Disney.

- E se eu ganhar?

- Eu mesma levarei você de carro ao aeroporto para que embarque no seu voo. Não precisará pegar nenhum ônibus.

Anahí não estava com muita disposição para o longo percurso e a oferta pareceu tentadora.

- O que tem a dizer?