Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí

Que bom que estão gostando! É a primeira vez que posto uma web aqui e estou um pouco nervosa. Obrigada por comentarem. 

CIDADE DE KISMET...

- O que acha, tio Poncho?

Despertando do transe em que sempre mergulhava quando ia ás compras, Poncho desviou os olhos para a sobrinha de seis anos, Alice, parada diante do provador de uma loja de artigos infantis com uma roupa nova. Ele examinou do topo da cabeça morena até a ponta dos pés e arqueou as sobrancelhas.

- Está parecendo uma integrante mirim do grupo Pussycat Dolls.

- Jura? – os olhos de Alice se iluminaram com o sorriso que abriu.

Oh, não. Desde quando as garotas de seis anos gostavam de posar como as de dezesseis?

- Acho melhor tentarmos outra loja.

Alice adquiriu sua pose dramática favorita.

- Mas eu adorei esta roupa! É tão rosa, brilhante e fofa! As meninas da escola morreriam de inveja.

Aquelas pestes, ela queria dizer. Eram a causa da tristeza de Alice ao longo do fim de semana, e também do telefonema de Dulce. Por que ele não poderia ir até lá para lhe dizer umas boas verdades quanto a ferirem os sentimentos alheios? Teria sido uma solução objetiva e eficaz.

Mas não. Dulce havia insistido que pais – e tios dedicados – não deveriam se envolver, exceto em situações extremas. Alice e as amigas logo voltariam a fazer as pazes, sua irmã tinha assegurado, apenas não suportava ver a filha magoada. Por essa razão Poncho se vira jurando à sobrinha que fariam compras “o domingo inteiro” como ela queria.

- Você é quem sabe... – concedeu, por fim, estudando a roupa: uma minissaia rosa e uma miniblusa com bordados de paetês. – Se eu comprar isso para você, sua mãe vai me matar.

- Imagine! Mamãe me deixa usar roupas assim o tempo todo.

- De qualquer modo, vou ligar para ela para confirmar se podemos levar essas. Troque-se. Depois de irmos à lanchonete, podemos continuar passeando pelas lojas e ver toda a decoração de Natal.

- Você é o melhor tio do mundo!

Poncho sentiu o coração amolecer. A sobrinha era seu xodó, ela também o adorava. Sua única queixa era que ele não havia arranjado pra ela a tia que queria. Chegara a sugerir que ele pedisse uma namorada de presente ao Papai Noel!

- Ela tem de ser uma pessoa muito legal.

- Não se preocupe. Não me esquecerei de acrescentar “uma namorada perfeita” à minha lista de pedidos.

LOS ANGELES...

Anahí foi para a mansão de Belinda, certa de que poderia resolver a confusão toda. Tinha de fazê-lo. Sua vida profissional dependia daquilo. Para seu choque, porém, a estrela do Pop não apenas se recusou a deixá-la entrar, como enviou três seguranças ao portão de entrada. Eles a revistaram, confiscaram seus celulares, seu laptop, o carro e as chaves da casa,

- Não podem fazer isso! – ela exclamou, à beira do desespero.

Admitia que todas aquelas coisas pertenciam a Belinda, mas, sem os celulares e o laptop não podia trabalhar! Todos os seus contatos profissionais estavam naqueles aparelhos, todas as suas fontes. E o que não dizer do carro... E da casa! Como faria agora?

- Estamos apenas cumprindo ordens, senhorita. – informou um dos seguranças pela vigésima vez.

Vendo que não adiantava argumentar com o trio, ela jogou na bolsa alguns itens pessoais que eles haviam tirado do carro. Notou algo vermelho piscando pelo canto do olho. A câmera de segurança! Belinda e Aaron deviam estar assistindo a cada minuto daquela humilhação.

Encarou os brutamontes com o queixo erguido.

- Quando Belinda recobrar o bom-senso, digam a ela que estarei em casa, à espera de seu pedido de desculpas. Agora me deem as chaves de casa.

- Já dissemos que não será possível, senhorita.

- Como assim? Tenho de ir para casa, ligar para outros clientes... Sou uma profissional!

Os homens trocaram olhares de impaciência.

- É melhor que se retire, senhorita.

- Está certo. – Anahí comprimiu os lábios. Podia chamar um chaveiro, entrar por uma janela, ou algo parecido. – Vocês vão se arrepender.

À sua esquerda, ouviu o ruído do interfone.

- Você quem deve estar arrependida! – gritou Belinda, antes que uma risada desdenhosa ecoasse pela linha.

Aaron estava mesmo com ela, percebeu Anahí, chocada. Como podiam ser tão sádicos?

Lutando contra as lagrimas, ela se afastou dos portões da mansão. Tudo ficaria bem. Depois de um dia ou dois, as coisas voltariam ao normal. Era impossível que a vida que levava estivesse encerrada assim, sem mais, nem menos.

Respirando fundo, seguiu pelo caminho de cascalho ao longo da avenida. Tudo o que precisava fazer era chegar em casa e se recompor. Talvez chorar um pouco para desabafar.

Minutos depois, avistou a casa com imenso alivio. Estava arrasada com Belinda e Aaron não tinham conseguido destruí-la por completo. Tudo o que adorava ainda estava ali, a meros passos de distancia. Suas roupas incríveis – presentes de estilistas na esperança de que ela usasse as peças deles em suas clientes – suas joias, bolsas e sapatos. E também seus CDs, fotos e obras de arte. Sempre que perguntava se todo o seu esforço valia a pena, suas coisas estavam todas ali para lembrá-la de que sim.

Não foi esse o sentimento, contudo, ao ver as pilhas de caixas diante da casa. Belinda e Aaron a haviam destruído, afinal.