Fanfics Brasil - 8º Capítulo Voltando Para Casa - AyA (Finalizada)

Fanfic: Voltando Para Casa - AyA (Finalizada) | Tema: PonchoyAnahí


Capítulo: 8º Capítulo

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CIDADE DE KISMET...


Quando a afável vizinha, Marichelo Portillo, pediu-lhe encarecidamente que buscasse sua filha no aeroporto Internacional Gerald Ford, em Grand Rapids, Poncho não esperou que o favor o levasse a oitenta quilômetros de distancia de casa, durante uma tempestade de neve, e à meia-noite de um domingo.


Uma vez, porém, que a passageira em questão era Anahí Portillo, ex-líder de torcida do colégio e instigadora de vários dos mais notórios incidentes de rebeldia da escola, ele supôs que deveria ter compreendido mais rapidamente a dimensão da enrascada. Era evidente que Anahí voltaria à cidade da maneira menos convencional possível: incluindo tempestades de neve.


Ele estivera dois anos adiante de Anahí na escola. Já era um atleta inveterado e, portanto, não a conhecera muito bem. Só de vista, na realidade, embora tivessem sido vizinhos.


Não era necessário conhecer Anahí Portillo a fundo para entender que ela era única. Ainda mais em Kismet. Estreitando os olhos enquanto andava pelo saguão, Poncho tentou se recordar do rosto da moça. Tudo de que se lembrava era das saias curtas, da risada contagiante e da cabeleira castanha com mechas finas em um tom mais claro. Lembrava-se também dos óculos de aros escuros e dos chapéus inusitados, além dos inseparáveis fones de ouvido enfiados debaixo da camisa. Uma princesa grunge do rock. Deveria ser fácil reconhecê-la agora. As pessoas não mudavam tanto assim.


Olhou em torno do aeroporto vazio para o horário, até que o fluxo de viajantes aumentou um pouco. Um grupo emergiu de um portão mais afastado, destinado a voos provenientes da Califórnia, e ele se posicionou, segurando o cartaz que improvisara em casa: ANAHÍ PORTILLO.


A maioria das mulheres olhou na sua direção. Algumas sorriram, mas nenhuma tinha cabelos multicoloridos. Ele virou o cartaz para si, tornando a examiná-lo. Sim, estava correto. Quando tornou a posicioná-lo, ouviu uma voz à sua esquerda:


- Ei, que letra é essa? Parece a de um menino de seis anos.


Franziu o cenho de leve. A mulher parada ali era sofisticada, com uma cabeleira castanho-escura sedosa e uma boca capaz de parar o transito. Usava grandes óculos escuros e tinha uma noção completamente equivocada da época do ano. Porque não era possível que ela esperasse se manter aquecida naquele frio com um casado de pele sintética branca, uma minissaia com fuseau preta por baixo e bota de salto alto da mesma cor.


- Anahí?


Ela balançou a cabeça enquanto enfiava um lenço de papel no bolso do casado. Só então ele notou o nariz vermelho de quem parecia ter chorado. Contudo, ela jogou a cabeleira longa para trás e abriu um sorriso.


- Anahí Portillo. – estendeu a mão. – Você deve ser Poncho. Minha mãe disse que estaria aqui. Obrigada.


- De nada.


Anahí o observou de alto a baixo, sem nenhum constrangimento.


- Bem, agora que nos apresentamos, acho que não vai precisar mais disso. – tirou o cartaz das mãos dele, amassou-o e o atirou na lixeira mais próxima. – Vamos manter minha chagada apenas entre nós, está bem?


- Está aqui numa missão secreta?- ele a seguiu quando ela se dirigiu para a esteira de bagagem. – Posso saber qual é?


- Para começar, evite perguntas como essa. – Anahí apertou o passo como se não quisesse mesmo ser vista. – Ouça, sei que deve ser uma pessoa legal e tudo mais. Só que o voo foi longo e estou exausta... Assim, se não se importa, podemos pegar logo as bagagens e ir embora?


- Por mim tudo bem.


A resposta despertou um sorriso autentico.


- Deve ser bom ser tão despreocupado. Eu não tenho tido outra coisa além de problemas recentemente. – ela o fitou atenta, mas, como estava de óculos escuros, Poncho não pôde ver seus olhos.


Sua expressão de contrariedade por ter dito aquilo em voz alta foi muito clara. Por um momento, deu a impressão de que iria contar a história toda sobre o que a teria levado até ali, quase do lado oposto do país, no meio da noite. E em meio de uma tempestade de neve.


Pronto a lhe oferecer um ombro amigo, Poncho aguardou. Mas, em vez de desabafar e pedir ajuda da maneira como a maioria das mulheres que ele conhecia teria feito, Anahí apenas apertou os lábios.


- Tenho uma porção de bagagem... – ela avançou um passo na direção da esteira, decidida, e Poncho pôde apreciar seu andar sexy.


Ah, aquela saia curta... Quase indecente. Metade de Kismet ficaria escandalizada. A legging por baixo não escondia nada também. Na verdade, só incitava um homem a olhar mais. Pernas como aquelas viravam a cabeça de qualquer um. E com as botas de salto alto, então...


Sorriu, discreto. Apesar de o traje não ser nada pratico, torceu para que Anahí Portillo tivesse muitos outros parecidos em sua bagagem. Afinal, apreciava aquele tipo de ousadia e sentia-se ansioso para saber como ela planejava chocar Kismet outra vez.


Anahí aguardou as malas, ciente da presença do atencioso Poncho Herrera a seu lado. Gostaria de ter sido forte o bastante para não ter desmoronado ao descer do avião. Embora a mãe a tivesse avisado de que o vizinho deles a última meia hora do voo sem poder conter as lágrimas e ansiando por um abraço.


Porque, às vezes não importava o quanto uma mulher fosse independente e adulta o que se precisa de fato era um abraço de mãe.


Tal carinho teria de esperar, entretanto, pois ela fora recebida pelo que se podia chamar de um “pedaço de mau caminho”. Poncho tinha um porte atlético, embora fosse difícil discernir os detalhes sob todas aquelas roupas de inverno: jeans, camisa de flanela, botas e um pesado casaco. De qualquer modo, não pudera deixar de se perguntar como ele seria sem tudo aquilo. Todo músculos, talvez? Com certeza.


Não demorou a descobrir também que ele era prestativo demais. Quanto mais distância buscava, mais Poncho tentava ajudá-la. E ela precisava de distância no momento. Aquela parede invisível que erguera em Kismet, onde queria desesperadamente impressionar como uma mulher fabulosa, era tudo o que a mantinha de pé.


Não ousou abrir a boca para conversar e ficou grata pelo fato de óculos Gucci esconderam sua expressão. Eles faziam com que se sentisse segura, além de sofisticada. E também escondiam os vestígios do pranto, uma vez que agora sofria o impacto de tudo que havia perdido.


Outra razão para querer sair logo dali era ter a sensação de que o aeroporto era uma grande zona de perigo, onde alguém poderia reconhecê-la a qualquer instante.


Mas, por que, se ficara de coração tão partido, estava devorando Poncho Herrera com os olhos? Não estava interessada em homem algum. A última coisa de que precisava agora era se envolver com alguém. Encontrava-se ali, naquele fim de mundo, apenas para se recuperar num lugar onde ninguém soubesse do desastre que se abatera sobre sua vida.


Incluindo Poncho Herrera e seus olhos demasiado perceptivos. Havia algo naquele homem que mexia com ela, que afetava suas habituais defesas e a fazia se esforçar em dobro para parecer impassível.


Mas, apesar de sua “visão de raio X” ele não fez mais perguntas. Apenas a ajudou com as bagagens. Sem nem sequer perguntar qual era as suas, tirou uma grande mala Vuitton da esteira e apenas então se virou para fitá-la em busca de confirmação.


Anahí suspirou, aborrecida. Odiava ser previsível. Quando fora adolescente ali, presa naquele purgatório do Meio-Oeste, fizera todo o possível para se destacar, para se sentir única. Para deixar claro a todos que Anahí Portillo era melhor do que Kismet, e que o futuro lhe reservava coisas grandiosas.


Por alguma razão, o fato de Poncho poder enxergar através dela parecia ameaçar sua imagem de sucesso e sofisticação, imagem de que ela se orgulhava tanto. A constatação de que percorrera um longo caminho que a distanciara daquela cidade insignificante. Com certeza, não seria um contratempo passageiro na carreira que apagaria isso.


- Espere. Há mais...


Sem esperar que ela desse explicações, Poncho retirou as três malas da esteira. Foi irritante. Não que observá-lo em ação fosse árduo. A virilidade com que erguia a bagagem pesada a fez imaginar todos os tipos de movimento, incluindo aqueles normalmente utilizados em uma cama aconchegante.


Deus! Ela já estava se imaginando com ele na cama? Aaron e Belinda a tinham deixado mesmo com um parafuso a menos


De algum modo, Poncho conseguiu colocar uma mala debaixo de cada braço e segurar as alças das outras duas com as mãos. E tudo como se aquilo fosse muito fácil.


- Vamos? – empunhando a Hermes, ela seguiu na frente de queixo erguido. – Antes que você consiga adivinhar mais detalhes sobre mim.


- Que detalhes?


"Como o número do meu sutiã", ela completou em pensamento. Ou minha ignóbil aparição nas emissoras de tevê.


- Nada. Esqueça.


Poncho aguardou ao lado de Anahí, observando enquanto ela olhava para as múltiplas fileiras de veículos no estacionamento coberto. Tinha apostado dez dólares como Anahí não adivinharia qual caminhonete ele estava dirigindo, ao contrario de como ele havia encontrado rapidamente suas malas. Só para provocá-la, uma vez que ela continuara indo na frente, como se conhecesse tudo ali como a palma da mão.


De maneira alguma Anahí acertaria. Para a maioria das mulheres, todas as caminhonetes eram iguais.


- Nada como um pouco de competição para dar mais sabor à vida... – colocou as malas no chão e fingiu se espreguiçar. – Talvez facilitasse se você tirasse os óculos escuros.


Ela nem sequer os baixou. Apenas o fitou com um olhar prolongado, começando pelas botas e prosseguindo, de uma maneira até constrangedora, até mais em cima.


Poncho sentiu-se nu, mas não de um jeito divertido, e ergueu o queixo na defensiva.


- E então?


- Você não faz o tipo caminhoneiro. – Anahí ignorou um pequeno caminhão com um pôr do sol enfeitando a tampa traseira. – Também não é o tipo que dirige um Hummer – concluiu, com um aceno de cabeça na direção do jeans surrado. – Não existe necessidade aparente de compensar nada dirigindo um utilitário de porte avantajado... Bom para você.


- Obrigada. Mas se estiver planejado usar o método de eliminação, tenho de avisá-la: vamos congelar.


- Eu sei. Quantos graus têm aqui? Uns dez negativos? Cruzes, eu havia me esquecido de como faz frio neste fim de mundo. – Anahí estremeceu ao se dar conta de que não se agasalha como devia. – É melhor eu encontrar logo a sua caminhonete.


Determinada, seguiu por um dos corredores da seção que ele havia indicado, examinando os veículos de ambos os lados. Aguardando com malas, só restou a Poncho observá-la.


- O que aconteceu com o seu cabelo punk-rock?


- Meu o quê?


- No colegial, você tinha cabelo multicolorido e usava óculos.


- Uso lentes de contato agora. E eu cresci.


- Kismet vai ficar decepcionada.


- Não me importo com o que Kismet pense de mim. – depois de verificar vários veículos, ela entrou na fileira onde a velha caminhonete estava estacionada e, para seu espanto, parou ao lado dela. Com um floreio e um sorriso triunfante, deu uma tapinha na porta. – É está.


Poncho pensou em mentir para não perder a aposta, mas não havia como.


- Está um passo acima de um trator... – Anahí tornou a medi-lo dos pés a cabeça. – Mas é sua.


- É uma boa caminhonete. – ele contrapôs e se aproximou com a bagagem, prestes a colocá-las na carroceria.


- Não! – ela ergueu os braços para detê-lo. – Não pode colocar as malas na frente?


- Só se você estiver disposta a ir na parte detrás.


- E se eu me sentar bem perto de você na cabine? Pode caber, não?


- Essa bagagem toda? Nem pensar.


- Então vou chamar um táxi. – ela abriu a bolsa. – Se puder encontrar algum nestes confins.


- Vai pegar um táxi para percorrer oitenta quilômetros?


- Se for preciso. – ela tirou um celular da bolsa.


Surpreendentemente, parecia o mesmo modelo barato e ultrapassado que ele possuía. Era a única coisa que tinham em comum.


- Isso é ridículo.


- Ridículo é andar em algo que parece ter saído do ferro-velho.


Poncho comprimiu os lábios. Que ela pensava que era? A rainha das Divas?


- Sem serviço... Que novidade. – Anahí guardou o celular com exasperação e pousou as mãos nos quadris, encarando-o. – Alguma outra ideia? Não posso colocar minha bagagem em cima... Disto.


Com gestos bruscos, Poncho despiu o casaco de inverno, usou-o para forrar a carroceria e acomodou as malas em cima dele. Em seguida, cobriu-as com sua camisa de flanela e as prendeu com cordas. Faria qualquer coisa para não ficar ali ouvindo aquelas baboseiras sobre sua caminhonete.


- Está feliz agora?


Após um longo momento, Anahí apenas sacudiu a cabeça, como se nem sequer o tivesse notado apenas de camiseta naquele frio.


- Achei que estivesse – murmurou, por fim, desviando o olhar para algum ponto distante.


Algo na expressão desolada dela despertou a simpatia de Poncho.


– O que quer tenha dado errado, acabará se resolvendo. – ele não suportava ver uma mulher triste, mesmo que fosse uma esnobe. – As coisas sempre acabam se resolvendo. É só dar tempo ao tempo.


Ela mordeu o lábio.


- Acha mesmo?


- Tenho certeza.


Ela não pareceu muito convencida, porém. Sorrindo, Poncho abriu a porta do passageiro. Foi inevitável admirar as curvas perfeitas enquanto Anahí subia na cabine. Ela era uma mulher linda e sexy... E até agradável, apesar de tudo.


Tinham rodado cerca de trinta quilômetros pela rodovia quando, em meio à noite escura, e com os limpadores de para-brisa trabalhando freneticamente sob a neve, Poncho diminuiu a velocidade até parar num congestionamento.


- O que aconteceu? – perguntou Anahí, tentando enxergar pelo para-brisa.


- Deve ser algum acidente. Sempre acontece com o tempo assim. Acho que vamos ficar parados um pouco aqui.


- Por quanto tempo?


- Não sei. Meia hora, talvez. Ou a noite toda.


- A noite toda? – com um suspiro frustrado, ela examinou os carros parados à frente. – O que faremos agora?


- Só podemos esperar. – Poncho olhou de relance para o enfeite de Natal que pendia do retrovisor, um presente de Alice. Em seguida, pousou os olhos em Anahí, incapaz de conter um sorriso. – Mas conheço uma boa maneira de passar o tempo...



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Autor(a): Belle_Doll

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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- Obrigada pela carona... E tudo mais. – ao lado das quatro malas, Anahí bateu as botas no chão coberto de neve da varanda dos pais. Era pequena, nada que se comparasse à entrada palaciana da casa de Malibu, mas era um alivio finalmente estar ali. - Não há de quê. – Poncho abriu um sorriso, encolhendo-se sob o frio corta ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 63



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  • franmarmentini Postado em 24/02/2014 - 11:54:26

    MUITO LINDA ESSA WEB AMEI!!!!!!!

  • franmarmentini Postado em 16/02/2014 - 15:41:20

    vou ler sua fic* ;)

  • lyu Postado em 08/06/2013 - 03:08:39

    BELLE FINAL PERFEITO, CONTINUE ESCREVENDO, MUITO BOA SUA WEB

  • camillatutty Postado em 07/06/2013 - 23:08:10

    Hahhaah Eu concordo com tudo o que a isajuje falou, Belle!!! Você tem que avisar que vai acabar, senão a gente fica assim, chocada e triste!!!! Sério agora: A web foi linda! E a guinada que a Annie deu na vida dela foi impressionante! Ela realmente entendeu o que a faria feliz e não teve medo de arriscar, assim como el Ponchito!

  • isajuje Postado em 07/06/2013 - 10:41:48

    Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaannnnnnnnnnnnnnnnw *u*' isso foi tãããão romântico KKKKKKKKKKKKKKKKK' sério mesmo, que bela história de natal, amo muito histórias de natal! São demais! noss', mas é chato, porque a fic chegou ao fim e você nem avisou que ia acabar? :/ isso não é justo. Eu não estava preparada psicologicamente para esse baque q.q' annnw, mas foi tão fofis K s2

  • annrbd Postado em 06/06/2013 - 23:09:04

    Não acredito que acabou! :') Linda a história! Adorei msm, obrigada por compartilhar *-*

  • annrbd Postado em 06/06/2013 - 22:35:22

    Morri com essa capítulo! Que linda declaração *-*

  • annrbd Postado em 06/06/2013 - 22:20:28

    Anahí sua boba, o Poncho te ama sim! E ele chegou a tempo *-*

  • annrbd Postado em 06/06/2013 - 21:20:20

    Quando o Poncho chegar a Anahi tem que ir correndo e dar um beijo nele, sem deixar ele explicar nada *-*

  • annrbd Postado em 06/06/2013 - 20:11:56

    Vamos Ponchitooo! tem 20 minutos!


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