Fanfic: Querido Diário Otaku | Tema: Comédia, Crossover, Adolescentes, Amizade

Acordei sobressaltada. Tive um sonho estranho com Andy, de novo.

Hoje faz uma semana que Jessie quase me afogou. Meus pais voltaram no domingo a noite, minha mãe avisou que teria que viajar em novo em breve para ser jurada no concurso nacional e meu pai provavelmente também vai viajar muito graças a feiras com novas tecnologias pro tratamento de doenças que de acordo com ele ‘’ São muito necessárias nos hospitais, precisamos sempre estar um passo á frente da concorrência ‘‘, e depois completou ‘’ Vocês dois são bem grandinhos e vão ter que provar serem responsáveis também, agora vão passar um bom tempo sozinhos nos finais de semana ‘‘. Não falamos sobre o meu quase afogamento depois de ouvir isso.

Desde a semana passada não vou á escola por dois motivos: a) Fiquei resfriada graças à água da piscina e minha mãe implorou pro meu pai, que não se esqueça diário é médico, me dar um atestado de uma semana para ficar com ela e b) Não me sinto nem um pouco a vontade imaginando como as pessoas vão me olhar na escola. Quero ver se essa historia ‘’morre’’, se é esquecida, e só então pretendo voltar.

Nessa semana Andy veio me visitar todos os dias, ele acorda mais cedo, bem mais cedo, sai da sua casa e vem até aqui tomar café da manhã comigo, todos os dias ele me traz croissants de chocolate ou biscoitos e bolinhos que ele mesmo faz. Depois da escola Lucca, que sempre saia, fica um pouco conversando comigo e assim que sai Andy chega para mais um dia conversando sobre música e besteiras.

Quando não tenho o que fazer ajudo minha mãe com seu hobbie atual: Culinária. Eu e ela fizemos várias receitas, uma delas foi a de bolinhos que ficaram com sabor de carvão com glacê.

Levantei-me e fui tomar um banho pela hora que meu novo despertador, o Senhor Oitavo, Andy chegaria em breve. Segui minha rotina diária, entrei de baixo do chuveiro como em todas as manhãs quentes e quando sai Andy já me esperava no quarto. Sorte que eu vesti minha roupa no banheiro.

– Bom dia – cumprimentei secando os cabelos com a toalha.

– Bom dia menininha – levantou a vasilha decorada com flocos de neve e sorriu – Fiz biscoitos para você.

Como de costume nos sentamos na minha cama e tomando toddynho, já comentei que tem um mini frigobar aqui agora?, comemos os bolinhos.

– Você vai sair hoje? – perguntou.

– Não, estou sem planos para hoje como sempre – respondi.

Terminamos de comer em silencio e ele foi pra escola, antes de partir fez o mesmo que todos os dias,

– Você não vem?

– Não – respondi sentindo culpa por ver a cara de cachorrinho pidão dele.

Suspirou e me olhou, como todos os dias, e disse..

– Você está dando a ela o que ela quer. O controle sobre você e seu medo – dito isso saiu.

Todos os dias nós tínhamos esse dialogo que me deixava com culpa. Voltei para o meu quarto e dei uma geral nele, exigência da minha mãe para manter o mini frigobar, depois desci as escadas e fui para a cozinha ver o que minha mãe tinha para fazermos hoje. Fiquei surpresa ao vê-la sentada no sofá vendo jornal.

– Dona mãe vendo jornal? – arqueei uma sobrancelha – Quem é você e o que fez com a mulher que me pariu?

– Liz querida, que modos são esses?

– Só queria fazer uma piadinha dona mãe.

– Me chame de ‘’Mamãe’’! – ela ainda não tinha desistido disso – Vamos lá filha, não é tão humilhante quanto parece chamar a mãe de mamãe.

– Não mesmo – garanti e fui até a cozinha.

Ela me seguiu.

– Querida queria falar algo com você.

– Diga – abri a geladeira e logo comecei a procurar a água gelada que coloquei numa mini garrafinha de refrigerante.

– Acho que você deve ir mais... Devagar com seu namorado.

Estremeci. Gelei, ta esse trocadilho foi um lixo. Geladeira gelei haha

– De quem você está falando mãe? – perguntei confusa e com medo da resposta.

– Do Andy querida.

– O que? – quase gritei, quase, ao invés disso enfiei minha cabeça mais dentro da geladeira.

– Vocês não namoram? – peguei a garrafa normal de água gelada mesmo e enchi um copo para mim.

– Não mãe, somos apenas amigos – fui guardar a garrafa novamente na geladeira.

– Apenas amigos? Liz meu docinho já viu como esse garoto te olha? Ele está gostando de você e tenho certeza que você dele. Foi o mesmo com o Marco.

Senti uma enorme vontade de me esconder entre o ketchup e o suco de laranja, ficar encolhida dentro da geladeira onde é seguro em caso de terremotos, tem comida e me protege de conversas assim com a minha mãe.

– Mãe, não é isso você entendeu errado...

– O que Liz? – fez uma expressão nova, diria que estava me analisando – O garoto é a única pessoa que se importa com você além da sua família, algo que tem algo a mais nisso.

–Mãe, o que houve com você? Estava vendo jornal e agora isso? – Nem parece à mesma avoada com quem vivi minha vida toda, completei mentalmente.

– Eu sei Liz, mas na TV uma psicóloga disse que mães precisam ter conversas desse tipo com suas filhas.

Ótimo, agora preciso de uma desculpa rápida pra fugir dessa conversa e adivinha só, não tenho NENHUMA.

Por sorte a campainha da porta tocou, bem na hora.

– Vou atender – voei a caminho da porta com minha mãe me seguindo, abri a porta e me deparei com quem menos precisava ver nesse instante – A-Andy.

– Oi – disse coçando a cabeça – Não vai me convidar pra entrar?

– C-Claro – ele passou por mim e fechei a porta.

– OOOOLÁ ANDYYY – Cantarolou feliz da vida minha mãe, era sempre assim quando ele estava aqui.

Ta, ela cantarolava o dia todo, mas quando ele estava aqui era com mais frequência.

– Olá senhora Way.

– Por favor, querido chega de formalidade me chame de mamãe – pediu e eu fiz uma grande face palm.

– Certo. Senhora Way – sorriu.

– Cruel – minha mãe então se recuperou da rejeição e perguntou – Você não deveria estar na escola?

– Deveria, mas não aguento ficar lá sabendo que a Jullie está aqui – Dona Mãe me mandou um olhar que dizia bem-que-eu-te-avisei-filha-burra – Com essa aparência horrível.

Ficamos boquiabertas.

– Aparência horrível Foster? – repeti adicionando o Foster no final, maneira como Lucca se referia a Andy atualmente.

– Sim. Quer dizer, olhe pro seu cabelo. Eu te conheci você tinha um lindo cabelo macio, sedoso e brilhante e olha agora, mas parece um ninho de cobras feito com várias palhas que vacas não quiseram comer.

– Essa doeu – disse.

– Não me leva a mau Jullie – me leve ao Japão, pensei – Mas a minha mãe me deu um cupom de um sorteio que ela ganhou. Um dia grátis num SPA pra duas pessoas fazerem uma mudança de visual e você precisa disso.

Não queria admitir, mas ele tinha razão, olhei para a minha mãe pedindo um sinal se devia ou não dar ouvidos à cabeça de pudim.

– Eu acho que ele está certo,querida, você está pálida e com enormes manchas em baixo dos olhos.

Observei meu cabelo, ele nunca foi dos mais arrumados, mas antes ao menos era melhor do que esta agora, muitas vezes durante o banho eu não o lavo, pra lavar o cabelo é necessário fechar os olhos e quando faço isso debaixo d’água me lembro da semana passada. Um arrepio percorreu minha espinha.

– Certos vocês venceram vou trocar de roupa.

Os dois sorriram aprovando minha decisão.