Fanfic: Querido Diário Otaku | Tema: Comédia, Crossover, Adolescentes, Amizade

Talvez seja assim que a vida funciona. Você dá uma oportunidade pra alguém e essa pessoa quer te manipular, dá uma chance e ela a usa contra você, dá um sorriso e ela entende como se você dissesse “vou te estuprar gatinha” ou como minha avó diz : Você dá a mão e a pessoa quer seu corpo inteiro se possível até seu coração”.

Aprendi isso de uma forma estranha, os perus me deram um rosto bonito, eu dei esse rosto bonito para as pessoas da escola e agora elas querem mais, com elas quero dizer os garotos que antes seguiam a Jessie e agora me importunam. Parece que eles não contentes em olhar para a minha nova versão com 10 quilos de maquiagem no rosto agora querem toca-la de perto e se possível tocar lugares que eu prefiro não comentar. Posso soar convencida escrevendo isso diário ( dá pra soar alguma coisa quando se está escrevendo ?) porém essa é a conclusão que eu tirei dessa mensagem enviada por um tal de Josh .

“ Meus pais foram viajar , topa vir aqui em casa? Eu te busco “

Depois de ler e reler a mensagem no mínimo 15 vezes olhei para Thomas com minha cara de descrente, ele mal conseguia prestar atenção no transito porque tentava ler o que estava na tela do meu celular.

– Olhe pra estrada Thommy – eu o chamava assim para irrita-lo o que funcionava muito bem, algumas vezes – Não quero morrer hoje .

– Me deixa ler essa mensagem Ju – ele inclinou seu corpo para cima de mim sem tirar as mãos do volante fazendo o carro ir para a pista oposta.

– THOMAS A GENTE VAI MORRER!- gritei.

– ENTÃO ME DEIXA LER – Thomas gritando era uma mistura de garoto sério e calmo com caminhoneiro bêbado num estádio de futebol na final do campeonato com o seu time favorito perdendo.

– CERTO, EU NÃO QUERO MORRER!

Ele deu seu clássico sorriso vitorioso, aquele que me fazia sentir raiva e admiração sempre que via, e voltou com o carro pra pista certa.

– Agora posso ver a sua mensagem, my lady ?

– Claro – entreguei o celular torcendo pra que o ataque de risos que ele teria após ler a mensagem não fosse mais longo do que o sinal vermelho diante de mim.

– Esse cara tem algum problema mental grave? – começou a rir histericamente me devolvendo o celular – Isso é culpa sua sabia?

– Minha?

– Sim.

– Mas eu não fiz nada pra que ele pensasse que teria algo com ele, nem ao menos beijei esse idiota!

– Não, mas você não tem um namorado e a Jessie agia de forma diferente, ela fazia coisas além de beijar esse “idiota” e os outros idiotas que te mandam mensagens.

– Só porque ela é vadia não quer dizer que eu seja vadia – revirei os olhos.

– Explique isso pra eles então.

Diferente de alguns instantes atrás agora Thomas não tirava os olhos da estrada.

– Como se eu não tivesse tentado explicar 17 vezes só nessa semana.

– Correção: 21 vezes. Não se esqueça do cara do posto de gasolina, o do mercadinho, o do shopping e, é claro, o ‘tiozão’ que te confundiu com uma garota de programa e ficou meia hora buzinando pra você.

– Aquele cara – disse entre risos – Quando você for um tiozão velho e careca não seja aquele cara.

– Concordo – disse estacionando.

– Por que chegamos tão rápido quando o caminho é divertido ? – fiz bico.

– Como assim quando é divertido? Comigo tudo é sempre divertido – fez uma cara de indignação.

– Você sabe o que é diversão?

– Sei sim.

– Então o que é?-perguntei em tom desafiador.

– É levar a garota mais linda do colégio e talvez da cidade pra uma festa super exclusiva na casa de alguém super rico cujo nome você se esqueceu pra mostrar a todos com quem esta e depois de ficar bêbado e pegar algumas garotinhas, leva-la pra casa e ouvi-la rindo das cantadas que levou na noite – sorriu.

– Só não continuo te importunando, Thommy, porque gostei do que você disse – sorri – Vamos , eu quero voltar logo pra casa.

– Ver animes?

– Nunca mais vi animes você não deixa.

– Então vai fazer o que?

– Atualizar meus planos de dominação do mundo – sai do carro.

– Preferia pensar que você ia ver animes e ter sangramentos nasais com personagens sem camisa – dei um soco no braço dele – Isso não doeu ta?

– Idiota.

Entramos na casa em que a festa acontecia. Era a segunda vez que eu e ele íamos numa festa naquela casa e ainda não sabíamos quem dava as festas apenas éramos convidados oficialmente pelo correio.

Claro que isso é estranho, mas foda-se não tenho preconceito com coisas estranhas eu mesmo sou estranha então viva as coisas estranhas, eba.

O exterior da casa era uma muralha, literalmente, quando Thomas e eu viemos aqui pela primeira vez sentimos medo de entrar por causa dessa muralha. É um enorme e altíssimo muro de tijolos vermelhos com um portão antigo de ferro no meio esse portão tem placas de metal atrás pra dar “privacidade”.

Thomas e eu pensamos seriamente em voltar pra casa com medo de ser uma pegadinha mas quando vimos alguns conhecidos resolvemos entrar. O interior é bem diferente tem um grande jardim que esta sempre lotado de mesas e uma pista de dança no meio. Dentro da casa tem um bar, a cozinha em que é proibido entrar e algumas escadas com seguranças que impedem qualquer um de subir pros andares superiores. O jardim de trás é uma putaria louca , não estou exagerando, lá é cheio de tendas onde os adolescentes fazem coisas que não devem e é onde alguns usam drogas. Sempre evito o jardim dos fundos.

Graças ao meu amiguinho ruivo eu fiz algumas amizades nas festas que frequentamos mas também fiz alguns inimigos. Não fiz nada para tê-los mas tem um grupo de góticos que sempre me encara loucamente, me sentei numa mesa vazia num canto excluído e comecei a mexer no celular.

– Hey você não é a amiga do Andy? – olhei para a figura na minha frente, uma garota de cabelos roxos com partes azuis e olhos de um verde tão intenso que deduzi serem lentes.

– Sim – respondi.

– Você se lembra de mim? – balancei a cabeça negativamente – Imaginei que não se lembraria, eu sou Debby e estava com você e Andy na festa que te jogaram na piscina.

Agora a imagem de uma gótica com cabelos verdes me veio na mente, era ela ?

– Você não tinha o cabelo verde? – perguntei confusa.

Ela riu e fez um sinal pra um grupo de góticos coloridos vir ate onde estava.

– Isso foi há tipo 2 meses eu troco a cor do cabelo a cada duas semanas.

– Ah – disse fazendo minha clássica cara de batata.

Junto com o grupo de góticos notei uma figura conhecida com cabelos pretos, era ele tinha que ser ele. Queria gritar com ele e xinga-lo por não ter respondido minhas mensagens nesses meses, mas as palavras estavam perdidas na cabeça. Andrew estava na minha frente em sua melhor forma e com seu melhor sorriso no rosto junto com um grupo de góticos do cabelo colorido e pra piorar parecia nem notar que me conhecia.

– Hey Andrew achei sua menininha – disse Debby enquanto passava um braço ao redor dos meus ombros me abraçando.

– Ela não é minha menininha – respondeu com ar de superioridade.

– Não sou Andrew ? – perguntei.

– Não, minha menininha é uma otaku que gosta de bandas que eu nunca ouvi falar e você – ele mostrou um sorriso sínico – Você é uma versão menos vadia da Jessie.

Agi por impulso admito, mas gostaria de ter repetido o momento mil vezes se possível , levantei a minha mão e dei uma bofetada no rosto do Andy que fez um barulho alto o suficiente para ser ouvido mesmo com a música alta e fico instantaneamente vermelho.

– Não me compare com os garotas com quem você namorou Foster.

Andy passou a mão no lugar algumas vezes e depois agarrou meu pulso.

– Você vem comigo – disse com tom autoritário e saiu me arrastando pela festa como se eu fosse uma boneca de pano.

Andy era incrível, isso eu tinha que admitir andava como se fosse o dono da festa. As pessoas olhavam admiradas para ele inclusive eu mesmo vendo apenas suas costas.

Acho que era por causa do seu cheiro. Ele cheirava bem, seu cheiro não era muito doce, muito seco, muito forte ou muito fraco. Também não era enjoativo era... Agradável. Sim , agradável, um cheiro masculino e agradável do tipo que você sente uma vez e ficava viciado.

Ora, o que eu estou pensando? Desse jeito até parece que eu não cheiro bem!

Pois fique sabendo diário que eu cheiro tão bem quanto ele, meu cheiro é uma mistura de sabonete infantil e shampoo do Bob Esponja sem sal pro meu cabelo não ficar com pressão alta.

Andy parou num canto afastado da festa, era tão afastado que eu nunca tinha sequer reparado que existia. Mesmo assim, aquele canto era encantador pois a luz da lua iluminava uma boa parte de lá fazendo Andy parecer ainda mais bonito do que já era.

– Por que me trouxe aqui? – gritei.

– Porquê eu quero saber o que diabos te aconteceu! – soltou meu pulso e se virou me olhando nos olhos – O que aconteceu com a garota incrível, desastrada e com um humor totalmente questionável que eu conheci? Cadê aquela garota que olhava as nuvens pra esquecer dos problemas?

– Ela esta dormindo Andy – massageei o pulso, Andy era forte – Por que você não pode gostar nem aceitar a nova pessoa que eu me tornei? Você que me deu essa nova “eu” ao me levar pro SPA!

– Não era pra você se tornar uma nova “eu”, era pra continuar a mesma de sempre só que com mais confiança!

– Minha nova `eu` é totalmente inspirada em pessoas fortes que não se abalam com o que os outros fazem – argumentei.

Afinal por que é tão difícil aceitar que eu estou melhor agora ? Ele me prefere como uma garota fraca.

– Pessoas fortes? – ele jogou a cabeça pra trás e gargalhou - Ta mais pra uma paçoca! Na primeira batida de frente com alguém sua nova “eu” vai desmoronar como uma paçoca, só que paçocas são mais divertidas que ela – sorriu novamente com aquele toque sínico que eu odeio.

– Paçocas Andy? Sério? – perguntei incrédula – Você tinha que me comparar com paçocas?

– Eu gosto de paçocas – disse como se isso justificasse a estranha comparação.

– Isso não é um bom argumento pra mim e eu não quero discutir com você, já entendi você não gosta de mim . Ótimo – comecei a me virar para andar de volta pra festa quando ele segurou meu braço.

– Eu não disse que não gosto de você.

– Você me comparou com uma paçoca – disse virando-me para olha-lo de frente,

– E depois disse que gosto de paçocas.

– E .. ? – disse em tom de pergunta.

– E que você pra mim é como uma paçoca – respondeu.

– Isso quer dizer que .. ?

– Eu gosto de você.

– Não parece, você nem atende quando eu te ligo.

– Porque eu sei que o Thomas idiota ta com você e não quero falar com você perto dele.

– Por que ? – perguntei confusa.

– Porque eu gosto de você! Qual parte do eu gosto de você, tu não entendeu?

Ele só podia estar de brincadeira comigo, olhei desafiadoramente para ele e com uma copia do seu sorriso sínico no rosto.

– Então prove – disse.

E foi então que ele me beijou .