Fanfics Brasil - Capítulo 3 .¸¸.♥...Impossível Te Esquecer...♥.¸¸.

Fanfic: .¸¸.♥...Impossível Te Esquecer...♥.¸¸.


Capítulo: Capítulo 3

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— Dei, mas não tinha idéia que você era capaz de arriscar sua empresa por mim. Isso não é necessário. Podemos trabalhar juntos na Maison Chapelle. Vai ser como nos velhos tempos... — ela tentou pôr alegria na voz, mas falhou.


— Dificilmente — negou ele com brutal sinceridade, obrigando-a a lembrar-se do enlevo da lua-de-mel em Taiti, uma lua-de-mel que ela descobrira que jamais de­veria ter existido. — Até tia Rose me informar do seu acidente você fez as coisas à sua maneira, mignonne. Agora eu vou ditar as regras do jogo. — Os olhos, como dois abismos negros a fizeram estremecer. — Vai ser assim ou você volta para a clínica. A escolha é sua.


A tensão entre eles era palpável.


—Não posso voltar para lá — reagiu Anahí, em aflição.


Preciso me afastar de você, tenho que sair da sua vida, para sempre!


Um brilho de satisfação passou pelos olhos negros e ela estremeceu ao percebê-lo.


Bien. Então, vamos tomar nosso café — sugeriu ele. — D`accord?


A dona do hotel aproximou-se para servi-los e Anahí não disse nada. Forçou-se a tomar o delicioso café da manhã, pois temia que Alfonso atribuísse sua falta de apetite ao fato de não ter sido totalmente honesta com ele.


Ele sabia que tinha de haver um motivo para ela querer o divórcio, motivo esse que Anahí se recusava a mencionar. Mas sendo como era, Alfonso jamais acei­taria essa situação dúbia; acreditava que o tempo re­velaria a verdade e traria sua mulher de volta.


Portanto, de qualquer jeito, Anahí precisava convencê-lo que estava determinada a não continuar casada. Há tempo ela vinha rezando para isso e agora que estavam juntos teria que rezar mais ainda, a fim de ter forças e inspiração para conseguir o que pretendia. Pelo jeito que ele pegou outro croissant, era evidente que estava satisfeito com o rumo que as coisas toma­vam. Depois de terminar a segunda xícara de café, indagou, olhando-a atento:


— Seja qual for o motivo que a fez fugir da nossa casa e da minha vida, como pretendia arranjar-se sem falar com Rose?


Anahí esperava essa pergunta. Se as posições fos­sem invertidas e ele é que tivesse desaparecido, ela estaria louca de dor e faria mil indagações até saber de tudo com detalhes. Não teria sossego se não con­seguisse as respostas certas.


Nessas circunstâncias precárias, só tinha que ad­mirar a paciência dele e compreender que Alfonso me­recia explicações.


— Eu tinha dinheiro suficiente para chegar a Lon­dres. Minha intenção era arranjar um trabalho, mas como não tenho referências fui recusada por todos, menos por um casal que precisava de uma babá para substituir a deles, que estava internada num hospital. Quando ela voltasse a trabalhar, minha única saída seria procurar tia Rose.


Enquanto a ouvia, o rosto dele permaneceu como uma máscara impassível. Colocou a xícara sobre o pires:


— Uma vez que você não voltou a trabalhar na Maison Chapelle, em San Francisco, o que fez além de contratar um advogado para me mandar os papéis do divórcio?


Essa pergunta machucou-a mais:


— Eu... Honestamente, não sei. Minha última lem­brança é de pegar um avião no Aeroporto de Gatwick. Creio que tia Rose arranjou um lugar para eu ficar, onde ninguém pudesse me encontrar.


— Você quer dizer onde eu não pudesse encontrá-la — sublinhou ele, seco. — Nem mesmo sua irmã sabia onde você estava.


Tudo que ele dizia aumentava a sensação de culpa deAnahí. Ela passou a mão na testa, começava a sentir sinais de dor de cabeça.


— Tudo que sei é o que tia Rose me contou: fui atro­pelada por um carro quando atravessava a rua. Um pedaço da minha vida desapareceu completamente. Só ontem fiquei sabendo, também por tia Rose, que ainda estou casada, que nosso divórcio não foi homologado.


Depois de pensar um pouco no que ela acabava de dizer,Alfonso ergueu-se, parecendo maior do que nunca, quando a fitou sem misericórdia:


— Se pensou que eu ia concordar em dar-lhe o di­vórcio depois de você ter fugido do jeito que fugiu, realmente não me conhece. Mas vamos dar um jeito nisso — prometeu, com chocante ferocidade, jogando o guardanapo na mesa. — Disposta a ir para casa?


Casa.


O castelo de Alfonso nunca mais seria a "casa" dela, mas fez que sim, levantou-se e distanciou-se da mesa antes que o marido chegasse perto. Enquanto ele pa­gava a conta, saiu do hotel e aspirou com força o ar puro do outono, que era mais frio junto da encosta da montanha coberta de árvores.


O vestido de lã com o casaco três-quartos, também azul e combinando, que comprara em San Francisco alguns anos atrás, protegiam-na bem do frio que começava. Ergueu a gola para agasalhar o pescoço, en­quanto esperava que Alfonso saísse e fosse abrir o carro.


Desde que se recuperara do estado de coma suas roupas estavam largas, mas o dr. Simoness dissera que em três meses ela voltaria ao peso normal, desde que comesse direito e fizesse exercícios regularmente. E naquele momento era de muito exercício que Anahí precisava. Sentia-se estimulada com o ar frio, tinha vontade de correr entre as árvores até cair de cansaço. Mas a presença do marido a impedia de obedecer a esse impulso.


Tenho medo de ficar sozinha com ele! — Vamos dar um passeio? — a voz grave de Alfonso cortou-lhe os pensamentos.


Quando ele segurou-lhe o cotovelo daquele jeito tão familiar, que sempre fora prelúdio de gestos mais ín­timos, Anahí teve a impressão de que ia perder o controle. Mas de algum jeito conseguiu dominar o im­pulso de empurrá-lo para longe de si e, evitando res­ponder diretamente, falou em tom baixo:


— Era o que pensei que queria, mas estou me sen­tindo estranha, cansada... Creio que é por não ter dor­mido bem esta noite. O dr. Simoness disse-me para não fazer esforços demais nos primeiros dias. Se não se importa, prefiro ir para o castelo e descansar.


Pôde sentir a agitação que emoções contraditórias provocavam no íntimo dele, abalando a dura determinação. Quando achou que ele ia insistir, Alfonso deixou o braço cair ao longo do corpo e desabafou, com uma imprecação abafada. Anahí percebeu o esforço tremen­do que ele fazia para não tomá-la nos braços e beijá-la com loucura.


Várias vezes, enquanto comiam, notara o brilho de um desejo ardente nos olhos dele, aquele mesmo olhar que fazia o corpo dela se derreter. Mas isso era quando não sabia "daquilo". Agora era muito diferente. Agora aquele olhar a crucificava.


Num acordo tácito, caminharam para o carro e ela esperou que o barulho das folhas secas esmagadas pelos pés deles abafasse o rumor das batidas de seu co­ração. Afinal sentou-se rigidamente no banco de pas­sageiro. Só notou que prendera a respiração quando ele, por fim, sentou-se a seu lado e ligou o motor. Antes de começarem a subir a montanha Alfonso murmurou:


Mon Dieu, você está mortalmente pálida. Por que não me disse que não estava sentindo-se bem?


Sob a indagação enraivecida havia uma nota de an­siedade. Antes ele sempre se mostrara solícito a tudo que ela queria, colocando seu bem estar acima do dele. Aquela preocupação profunda manifestava-se naquele momento, mais forte do que nunca, como se isso fosse possível.


De súbito, Anahí teve certeza que aquela situação não podia continuar. Trinta dias assim iriam destruí-los por completo. As duas horas que haviam passado juntos até então já tinham transformado a vida deles em um desastre.


Uma vez que ele não podia saber a verdade, só havia uma coisa a fazer. Antes que a semana terminasse ela arranjaria um jeito de fugir e iria refugiar-se num convento, onde ninguém lhe faria perguntas. Conhecia um, nas Montanhas do Jura. As freiras desse convento acolhiam as pessoas aflitas, desvalidas, que batiam à sua porta querendo deixar suas vidas do lado de fora. Alfonso jamais pensaria em procurá-la nesse convento. Ela só precisaria esperar com calma o caminhão da cidade que entregava as compras no castelo. Poderia pedir carona ou esconder-se na carroceria sem ser vis­ta. Faria de novo qualquer coisa para ficar longe de seu marido, mas desta vez com uma diferença. Desta vez ia desaparecer para sempre.


— Pode esquecer o que está planejando,Anahí. —Alfonso parecia ler a mente dela com a maior clareza. — Fizemos um trato e você vai cumprir sua parte, mesmo que isso signifique agüentar minha presença vinte e quatro horas por dia. Esqueça essas idéias de fugir, porque não vai conseguir fazer isso de novo. Sentindo-se apanhada, ela revoltou-se:


— Preciso da minha privacidade,Alfonso! Aqueles dedos longos, fortes, que ela podia imaginar facilmente fechando-se ao redor de seu pescoço, aper­taram com força o volante.


— Já dei minha palavra que não vou invadir sua cama, mas esteja avisada que é o máximo que prometo.


Ele falava como se estivesse praguejando e nesse instante Anahí compreendeu o erro que cometera saindo da clínica. Como fora idiota em pensar que se encontrava o bastante forte emocionalmente para pas­sar sequer um segundo em companhia de Alfonso, com aquele segredo de proporções devastadoras que exigia que ficassem separados. Tinham sido muito unidos, partilhado muita intimidade, para ficar insensível per­to dele. Se viesse a ceder à pressão e ela lhe contasse a verdade, não apenas Alfonso, mas também as famílias deles estariam destruídas para sempre.


Sua única saída seria deixar de comer. Faria uma greve de fome para forçá-lo a levá-la de volta à clínica. Ouvira o Dr. Simoness, chefe da equipe médica do ins­tituto, explicar ao seu marido que era muito impor­tante que ela ganhasse peso. Sabia que ele faria tudo para obrigá-la a ficar no castelo, mas não deixaria de procurar ajuda médica se fosse preciso. Uma vez de volta à clínica, ela aguardaria até arranjar um jeito de fugir. Fizera muitos amigos entre o pessoal de aten­dimento e da manutenção. Convenceria alguém a lhe dar ajuda.


Assim que decidiu o que faria, Anahí conseguiu re­laxar a descansar pelo restante do trajeto, a ponto de comentar a beleza dos campos quando entraram na propriedade dele.


Mas não estava preparada para o impacto emocional que a atingiu quando pararam diante da casa. Por instantes, voltou à infância, ao empolgante momento em que vira pela primeira vez o castelo que era como o de um conto de fadas. Aquela visão maravilhosa tinha que incluir um príncipe encantado, disse à irmã, Dulce, que tinha dez anos na ocasião e era apenas um ano mais velha do que Anahí.


Dulce concordara, pois também tinha lido “Os Contos de Grimm”. Com um misto de temor e encantamento, as duas garotas tinham acompanhado os pais para dentro da imponente estrutura, magnificente e bonita como o castelo da Bela Adormecida, se bem que em menor es­cala. Mal conseguindo andar, Anahí e a irmã haviam admirado, fascinadas, os quadros e móveis de época.


Na biblioteca, enquanto Henri Chapelle, um homem alto, de cabelos de um loiro-cinza, com intimidantes olhos castanhos-escuros dava boas vindas às meninas a Lausanne e apresentava-lhes sua esposa, Celeste, Anahí reparara em algumas fotos sobre a mesa de trabalho dele. Durante alguns segundos, fitara o re­trato de Alfonso e desde aí perdera o coração.


Durante a conversa com o casal, ficara sabendo que ele era o filho mais velho de Jacques e Angelique, que estava cursando o primeiro ano da universidade em Pa­ris. Para ela, Alfonso Chapelle, de cabelos e olhos negros, profundos, tornara-se a personificação de um príncipe.


Dulce notara a foto de Alfonso ao mesmo tempo que a irmã e também ficara arrebatada. As meninas sempre haviam sonhado com ele no decorrer dos anos e dos milhares de quilômetros que as separavam de Lausanne, cada vez que voltavam com os pais para os Estados Unidos, depois de passar um mês no castelo.


Aí, chegara o dia em que Anahí fizera dezesseis anos e o príncipe aparecera no castelo...


De volta ao presente, ela teve que levar a mão aos lábios para abafar o gemido provocado pelas lembran­ças. Será que elas iriam atormentá-la para sempre?


Com medo de que Alfonso tivesse ouvido, sacudiu a cabeça para voltar ao presente. Mas se ele ouvira, não comentou. Na verdade, parecia muito distante quando deu a volta para abrir-lhe a porta do carro. Anahí teve a impressão de que o marido não se preocupara por ela ter fugido do mundo real por instantes.


Desta vez, não estremeceu quando ele segurou-lhe o cotovelo para subirem a escada. Estava tão ansiosa por entrar e tão trêmula que recebeu a ajuda de bom grado.


— Tudo bem se eu ficar no quarto de hóspedes em que sempre fiquei, Alfonso? — perguntou, esperançosa.


— Está ocupado — foi a brusca resposta.


Com certeza tia Rose estava usando o quarto ou, quem sabe, havia sócios da empresa hospedados no castelo, imaginou. Seria bom, assim Alfonso prestaria menos atenção nela. Como o pai, certamente ele pre­feria negociar os contratos e transações mais impor­tantes em casa, onde o ambiente o ajudava, onde podia "amolecer" os hóspedes com bebidas e pratos finos.


— Por enquanto — acrescentou Alfonso, — você vai ficar no terceiro andar, no quarto pegado ao meu.


O primeiro impulso de Anahí foi gritar uma recusa. Mas, pela disposição do marido, percebeu que ele não se importaria se ela alertasse hóspedes e empregados para a precária situação em que se encontravam. Ao contrário: talvez até gostasse, pois isso provaria que ela não estava tão bem quanto dizia estar.


No instante em que passaram pela imensa e maciça porta de madeira lavrada, Mayte, a roliça e morena governante de Alfonso, atravessou o hall de paredes cobertas por rica tapeçaria e abraçou Anahí carinho­samente. Os atentos olhos castanhos não perderam um só detalhe. Era evidente que comparava a Anahí de ago­ra com o que ela fora.


Grâce a Dieu! — exclamou. — Graças a Deus você está em casa de novo, apesar de tão fraquinha, mon petit chou. A cozinheira e eu vamos fazer você ficar boa logo. Para começar, ela fez o seu prato favorito, galette au vin.


Sentindo-se culpada pelo seu plano, sabendo que ma­goaria as duas mulheres se recusasse as comidas que iriam preparar especialmente para ela, Anahí agradeceu a Mayte por tudo e voltou-se para Alfonso e lhe disse que queria ir para o quarto. Antes que ela pudesse evitar, ele ergueu-a nos braços, como se fosse uma pluma, e começou a subir a imensa escadaria de granito.


— Ponha-me no chão! — pediu ela, num tom que a governante não poderia ouvir e esforçando-se para que seus rostos não se tocassem.


— Se eu o fizer, acho que você não vai conseguir ficar de pé. Relaxe, mignonne. Está em casa e vou cuidar de você. Por isso, não tente lutar comigo ou vai gastar à toa as poucas forças que lhe restam.


Ele tinha razão. Estava mole como se não tivesse ossos. O único jeito de evitar as sensações que a pro­ximidade dele despertava — lembranças de quando Alfonso a carregara escada acima quanto haviam che­gado do Taiti, só que então seus lábios estavam apai­xonadamente unidos — era soltar-se contra o peito forte e fingir que adormecera.


Não foi difícil. Desde a noite anterior, quando a voz profunda, tão conhecida, rompera a barreira que a prendia fora da realidade, Anahí encontrava-se emocionalmente exausta.


Assim que entraram no elegante quarto vizinho à suíte onde ele agora dormia sozinho, Alfonso depositou-a sobre a macia cama com lençóis de seda.


— Tudo que eu quero é que você durma, petite — murmurou, e seus lábios mal lhe tocaram a fronte, com profunda ternura.


Além das mãos dele tirando-lhe o casaco e os sapa­tos, a última coisa de que ela teve conhecimento foi da frieza do travesseiro contra seu rosto escaldante e o delicioso contato da coberta que Alfonso estendeu so­bre seu corpo inerte.


 


Quando Anahí acordou, o ângulo dos  raios de sol através das janelas altas avisou-a que dormira durante horas. Seu relógio mar­cava 4h36.


Surpresa por ter dormido tanto e mais ainda por não ver Alfonso sentado ao pé da cama, olhando-a, afas­tou as cobertas do enorme leito com dossel e levan­tou-se. Suas malas haviam sido postas dentro do quar­to enquanto dormia.


Descalça, pisando o tapete oriental, foi para o ba­nheiro, tomou um banho de chuveiro rápido; abriu o enorme armário do século dezessete e pegou uma calça jeans e uma blusa, que haviam sido seu uniforme na clínica desde que ficara apta a vestir-se sozinha.


Usando uma echarpe de chiffon azul-marinho para prender num rabo-de-cavalo os cabelos loiros que agora estavam abaixo dos ombros, enfiou um par de sapatilhas macias e saiu do quarto em busca de tia Rose. Com certeza ela ocupava um dos quartos do segundo piso, uma vez que os Chapelle reservavam os aposentos do terceiro para a família e parentes mais próximos.


Tinha uma porção de perguntas que só Rose poderia responder. Principalmente, gostaria de saber porque a tia era leal a Alfonso a ponto de ter passado por cima do que ela queria, colocando-a na situação delicada em que se encontrava.


Se bem que não morasse no castelo há muito mais do que um ano, conhecia-o bem, porque o explorara inúmeras vezes com o irmão de Alfonso e Dulce. Cada corredor que passava pelos aposentos de cada andar ia dar em uma escadaria central que levava ao térreo, onde ficavam as salas de uso comum. Poderia andar pelo segundo piso de olhos vendados.


Correu para o quarto de Rose, que deveria estar lá tomando o chá da tarde, como de costume.


Mas ao ouvir um choro de bebê parou e olhou ao redor, querendo descobrir de que quarto vinha aquele som e tentando imaginar qual dos conhecidos de Alfonso que poderia estar hospedado no castelo tinha bebê na família.


Não era choro de recém-nascido, mas era de criança pequena demais para ser seu sobrinho Alex. Aliás, se Dulce e Christopher estivessem ali Alfonso teria lhe contado. Que soubesse, a irmã dele, Angelique, ainda não tivera filho, portanto não podia ser dela... A menos que du­rante aquele ano houvesse acontecido e aí, claro, ela não podia saber.


Intrigada, foi andando pelo corredor em direção ao quarto de onde vinha o choro de bebê, que se avolumava cada vez mais. Então, ouviu uma voz de mulher falando em francês, carinhosa, tentando fazer o pranto parar.


Levada por um instinto que não entendia e não ques­tionava, Anahí bateu de leve na porta do quarto onde Dulce costumava ficar acomodada antigamente e uma voz feminina, desconhecida, disse-lhe para entrar.


Devagar, ela torceu a maçaneta, abriu a porta e ficou em choque com o que via. O quarto de hóspede havia sido transformado em quarto de criança e suas cores faziam pensar na luz do sol.


O que era aquilo?


O que aquilo significava?


Que criança era importante para Alfonso a ponto de ele transformar um quarto do castelo daquela maneira?


A mulher, de uns quarenta anos, vestida como en­fermeira, tinha no colo uma meninazinha de uns seis meses, que se esgoelava. Embalando a pequena, a mu­lher cumprimentou-a com um sorriso, mas não falou, ocupada demais em acalmar a criança.


Perplexa, Anahí observou os cachos de cabelos ne­gros e o rostinho perfeitamente oval. As faces coradas, gorduchas, estavam molhadas de lágrimas. Achou ela a criancinha mais linda que já vira.


Estava de camisinha e fralda descartável, que dei­xava à mostra as pernas com rosquinhas, que Anahí sentiu vontade de mordiscar.


Quer o bebê houvesse acordado ou estivesse sendo posto para dormir, recusava-se a fazê-lo e a ser consolado.


Um impulso, a levou a entrar no quarto e olhar melhor a pequenina. O que viu fez seu coração disparar. As sobrancelhas escuras, bem arqueadas, estavam franzi­das pelo choro, o pequeno queixo estremecia com os so­luços, mas as feições da criança lhe eram bem familiares.


Observou a pele clara do bebê, os dedos longos, finos, com unhas rosadas, que batiam no ombro da enfermeira pela frustração, e teve que pensar no ho­mem que amava acima de tudo.


Alfonso.


Sua garganta doeu de tanto se apertar.


Soube, sem qualquer dúvida, que aquela menininha era filha de Alfonso. Os genes não mentem e nin­guém seria rodeado por tanto luxo e cuidados naquele castelo, a não ser que fosse da carne e sangue dos Chapelle.


Era filha dele.


Isso queria dizer que Alfonso procurara outra mulher quando ela desaparecera. Seria alguém que ela conhecia?


Por que, então, ele lhe recusava o divórcio, já que havia uma mulher que o amava a ponto de entregar-lhe a filha para ser criada como uma Chapelle?


Procurando um apoio, segurou-se na coisa mais pró­xima, que era um berço, e lutou para se controlar. Perguntou-se que tipo de loucura levava Alfonso a obri­gá-la a viver um mês ao lado dele quando era mais do que claro que tinha uma mulher à espera de ocupar seu lugar.


No entanto, sabia a resposta a esta pergunta. Alfonso era um homem honrado e extremamente franco. Ao ver que Anahí voltara a si do estado de coma, quisera lhe dar a chance de mudar de idéia antes de assinar o divórcio.


Incapaz de continuar olhando o bebê que deveria ser dela se não tivesse ficado sabendo aquela coisa tremenda, voltou-se e correu para a porta, quase às cegas.


Uma vez que o amor entre eles era proibido, talvez devesse até agradecer a Deus por Alfonso ter encontrado conforto com outra mulher. Uma mulher que lhe dera uma filha para amar.


Mas naquele momento achava-se angustiada demais para pensar assim e quando ia sair do quarto deparou com Alfonso parado no umbral, com uma estranha e sombria expressão no rosto bonito.


Estendeu as mãos para ela que rapidamente recuou, incapaz de suportar o toque que deixava como que marcas de fogo em sua pele.


— Você andou bastante ocupado enquanto estive fora daqui — disse, num murmúrio.


Falava em inglês, que provavelmente a enfermeira não entendia. Não queria parecer acusadora, não tinha esse direito, mas sabia que falava como uma mulher enlouquecida pelo ciúme, que acabava de descobrir a prova da infidelidade do marido.


— Pode ter certeza disso — ele não parecia estar sem jeito e nem sentir-se culpado.


Enquanto ela lutava para não perder o juízo com a certeza de ter sido traída, Alfonso dirigiu-se à enfermeira em francês, pedindo-lhe que lhe entregasse o bebê.


Clair, foi por esse nome que ele a chamou, pareceu feliz com a possibilidade de entregar a menina em lágrimas para Alfonso e desapareceu no corredor.


A pequenina acalmou-se de imediato e aninhou-se no ombro do pai, como se ocupar aquele lugar seguro fosse tudo que queria.


O brilho nos olhos de Alfonso disse a Anahí que ele adorava a filha. Era evidente o amor com que deslizou a mão nas pequenas costas, o jeito com que beijou o cabelo negro, encaracolado, e o pescocinho frágil, fa­zendo a pequenina emitir gritinhos de alegria.


Sem conseguir esconder a emoção, Anahí perguntou:


— Quem é ela,Alfonso?


Os olhos negros fitaram os dela por longos momentos.


— Chama-se Sophie— disse, com voz enrouquecida — e nasceu no dia quatorze de fevereiro.


Um grito abafado escapou dos lábios cerrados de Anahí, antes que dissesse:


— Não me refiro à menina, mas à mãe dela. Fez-se um silêncio cheio de tensão, até que ele falou:


— Quem você pensa que é?


Apanhada de surpresa ela murmurou, com voz trêmula:


— Não tenho a menor idéia.


Por uma fração de segundo Anahí viu um brilho de dor passar pelos olhos esverdeados, antes que se tornas­sem impassíveis de novo.


— É a mulher mais linda do mundo, a única mulher que amei.


Ela abaixou a cabeça, aturdida por tanta crueldade. Por que ele insistia em atormentá-la, obrigando-a a ficar no castelo, se admitia amar a criatura que lhe dera uma filha?


Incapaz de impedir a imaginação de trabalhar, Anahí passou em revista, uma por uma, todas as mulhe­res que conhecia, social e profissionalmente. Muitas podiam ser classificadas como belezas impressionan­tes, mas qual delas despertara o amor de Alfonso?


— Olhe bem para Sophie, preste muita atenção nos olhos verdes e na boquinha, que é como um botão de rosa, e irá reconhecer a mãe dela.


Olhos verdes? Boquinha em botão de rosa? Indagou Anahí, mentalmente.


De acordo com o que Alfonso lhe dissera tantas vezes, essas eram as características dela mesma...


Ergueu a cabeça e fitou-o, pasma. O rosto dele tor­nou-se gelado:


— Quando Louise lhe mostrou a fotografia de Rose, você reconheceu sua tia. Eu estava rezando para que quando visse Sophie lembrasse que ela é nossa filha,Anahí. Sua e minha.


 


Comentem.


 


 



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Autor(a): mariahsouza

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— Quando Louise lhe mostrou a fotografia de Rose, você reconheceu sua tia. Eu estava rezando para que quando visse Sophie lembrasse que ela é nossa filha,Any. Sua e minha. — Nossa filha? — foi mais um lamento do que uma pergunta, e Alfonso teve que levá-la a uma cadeira para que ela não caísse. — Oui, mignonne. Noss ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 14



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • karolzinhaprincesinha Postado em 12/04/2009 - 12:05:31

    Posta+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • karolzinhaprincesinha Postado em 12/04/2009 - 12:03:51

    POsta maiss!

  • karolzinhaprincesinha Postado em 30/03/2009 - 16:10:19

    o Nome dela é:
    * A Aposta*

    e ñ esquece de postar ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • karolzinhaprincesinha Postado em 30/03/2009 - 16:08:51

    POsta,posta,posta,posta,posta,posta,posta,posta,posta,posta,posta,posta.
    Depois dá uma passadinha na minha nova web e vê o que acha da introdução!

  • jasmine Postado em 28/03/2009 - 20:24:26

    Ameeeeeeeeeiii!!!
    Posta+++++++++++++++++++++!!

    Bjs

  • karolzinhaprincesinha Postado em 28/03/2009 - 01:30:09

    Amei essa web!
    posta masssssssssssssss
    estou adorando...

  • jasmine Postado em 24/03/2009 - 00:13:08

    Ameeei!!!!!!!!!!!
    Posta+++++++++++++++++++++++!!!

    beijus

  • mariahsouza Postado em 23/03/2009 - 22:22:55

    Postei em Impossível Te Esquecer...
    Comentem!!!

  • bellarbd Postado em 22/03/2009 - 14:03:56

    Amei
    posta mais
    To amando essa wn
    ta d+

  • bellarbd Postado em 22/03/2009 - 14:03:56

    Amei
    posta mais
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