Fanfic: A canção de Dulce::::: vondy::::::: | Tema: vondy
Ouviu-se um grunhido indiscernível no interior daquela habitação. A senhora Saviñón abriu a porta e se afastou para que Christopher pudesse entrar. Ao fazê-lo, tranquilizou-se um pouco. Era um escritório muito parecido ao dele, com cadeiras amplas e cômodas estrategicamente distribuídas ao redor de tapetes tecidos em cores muito vivas. Uma habitação em que um homem poderia relaxar e sentir-se em casa. Livros encadernados com pele enchiam as prateleiras de carvalho reluzente que cobriam três paredes. A quarta ostentava uma chaminé feita com pedras de rio. A luz do fogo piscava alegremente em seu interior. A única iluminação adicional provinha das chamas de dois lampiões de gás que se encontravam sobre o suporte da chaminé. O juiz se encontrava sentado em sua escrivaninha, com sua camisa branca enrugada, o pescoço aberto e a gravata carmesim solta. Um fio de fumaça, de aroma muito forte, saía de um cinzeiro situado perto de seu cotovelo. Christopher posou o olhar no charuto. Até depois de quatorze anos, pensava em seu pai cada vez que via um, e lhe invadia a tristeza.
— Christopher — disse Saviñón com cansaço — Suponho que já falou com seu irmão.
Não era necessário ser clarividente para perceber que o juiz esperava que ele fizesse todo um discurso para negar que Douglas estava comprometido na agressão contra sua filha. Christopher queria que assim fosse.
— Sim.
Olhando atentamente os livros que se encontravam ao longo de uma das paredes, tentou ler seus títulos. Os dourados caracteres se apagavam e dançavam ante seus olhos, tão confusos como seus próprios pensamentos. Não sabia por onde começar, nem o que dizer.
— Eu, isto... — Engoliu saliva e esfregou a boca com o dorso da mão. Ato seguido golpeou a perna com o chapéu — Douglas o fez — soltou finalmente — Vim te oferecer minhas desculpas pelo dano que fez a sua filha e tentar repará-lo na medida do possível.
O juiz não disse nada em resposta a estas palavras. Christopher prosseguiu em seguida:
— Se pensa interpor uma ação judicial, eu não lhe impedirei. Mas mais vale que se apresse em comunicar ao xerife. Expulsei meu irmão de casa e é muito provável que neste momento esteja a ponto de partir para algum lugar que desconheço.
Com os dois cotovelos apoiados sobre a pasta que se encontrava sobre sua escrivaninha, o juiz esfregou as têmporas.
— Interpor uma ação judicial? — Soltou uma gargalhada amarga — Certamente, seria de esperar que o fizesse. Parece ser o procedimento mais natural, não é verdade? Mas em situações como esta, a diferença entre o bom e o mau se volta imprecisa. — Depois de fazer esta afirmação, deixou escapar de novo uma gargalhada, mas não havia alegria alguma naquele som — Fui juiz durante mais da metade de minha vida, e é a primeira vez que lembro ver uma grande zona cinza entre o branco e o negro.
A dor que se refletia na voz do juiz fez com que Christopher fixasse seu olhar no chão. Território seguro. Não havia olhos acusadores que o olhassem fixamente. Não sabia o que dizer, de maneira que se refugiou no silêncio. Finalmente, o juiz continuou falando:
— Te agradeço o oferecimento de não me impedir de interpor uma ação judicial. Trata-se de seu irmão, depois de tudo. Mas não estou seguro de que seja necessário que se mostre tão comedido. Obrigando-se a levantar os olhos, Christopher disse:
— Temo que não entenda.
Saviñón deixou cair às mãos e olhou para Christopher.
— Sei que pode parecer cruel, mas há muitas mais coisas para levar em consideração que o dano que causou a Dulce.
O juiz empurrou a cadeira para trás e ficou de pé. Embora fosse um homem de baixa estatura, tinha uma presença imponente; seus olhos eram de um penetrante cor azul safira, e seus traços mostravam uma assombrosa mescla de caráter e força. Christopher sempre o admirou, e aplaudiu a imparcialidade de suas decisões no tribunal. Era um homem duro, mas justo; uma pessoa em quem outros confiavam instintivamente.
— O escândalo, Christopher, o pesadelo de todo político. — Falava em voz baixa — Se chegar a se espalhar o que ocorreu hoje, a reação poderia ser violenta. — Parecia um pouco envergonhado. Colocou as mãos no mais profundo dos bolsos de sua calça e examinou as pontas de seus muito brilhantes sapatos negros — Não só contra Dulce, mas também contra mim e o resto de minha família.
Christopher ainda estava um pouco confuso, mas se absteve de dizê-lo. Deixando escapar um suspiro, o homem mais velho se aproximou das chispas do fogo com o olhar fixo na chaminé de pedra e atitude de abatimento.
— Douglas deveria ir à forca pelo que fez a minha filha hoje. Não me cabe a menor dúvida. Mas do que serviria? Dulce foi violentada, e eu não posso fazer nada para ressarcir o dano. Por essa razão, estou pensando em deixar as coisas assim. Como estou seguro de que já sabe, retirei-me do tribunal para tentar sorte na política municipal e possivelmente passar logo a emprestar meus serviços em algum cargo do governo a nível nacional. Um escândalo de qualquer tipo poderia arruinar meus planos. Christopher pensava que o escândalo mancharia o bom nome dos Uckermann, não o dos Saviñón.
— Violentaram sua filha. Não lhe podem culpar por isso, nem tampouco imputar responsabilidade alguma pelo acontecido. Pelo contrário, o caso despertará a compaixão de todos.
— Assim seria em outras circunstâncias. Mas nossa Dulce não é normal. Não há nenhuma dúvida de que está perturbada, mal que foi provocado por uma febre alta em seus primeiros anos de infância. É bem sabido que, por desgraça, as pessoas gostam de boatos, e algumas pessoas especularam sobre seu desequilíbrio, dando a entender que é possível que a tenha herdado. — Cravou seu franco e intenso olhar em Christopher — Em quantos políticos loucos votou nos últimos tempos?
Autor(a): sötnos bebis
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Não havia nada que Christopher pudesse dizer a respeito. Ninguém poderia pôr em dúvida a prudência do juiz, mas se corriam rumores de que a loucura era coisa de família, a confiança que nele tinham os eleitores poderia debilitar-se. Tudo o que se necessitava para arruinar suas oportunidades de ganhar as eleições er ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 129
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stellabarcelos Postado em 28/01/2016 - 23:42:33
Li e amei muito! História linda demais
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toy Postado em 13/06/2015 - 21:58:57
Gostei da sua fic, se der passa na minha http://fanfics.com.br/fanfic/46181/geracao-2016-rebelde
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anevondy Postado em 14/01/2014 - 04:59:52
Apaixonante, emocionante, engraçada, linda demais!!
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bida Postado em 26/09/2013 - 09:43:10
Parabéns adorei o final...bjos e melhoras :)
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anapaulamaito2gmail.com Postado em 23/09/2013 - 13:33:46
que lindo o final da web.a dul gravida do ucker
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bida Postado em 17/09/2013 - 09:24:49
espero q vc esteje bem...bjos e volte
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carolinamarcos Postado em 07/09/2013 - 09:23:53
posta +++++++++++++++++
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isajuje Postado em 06/09/2013 - 11:58:05
cara, eu tô aqui \o/ KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK continua esse epílogo logo, please T.T
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isajuje Postado em 16/08/2013 - 12:28:00
Essa é uma auto-message, não me mate depois de lê-la: Enfim, passando nas wn's pra dizer que estou fora do site aqui por uns tempos. Vou me internar numa clínica psiquiátrica porque não ta dando mais (Mentira, só comédia mesmo). KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK to o ó nos últimos tempos, mas depressiva do que nunca. Tenho vontade de chorar só de ver um comercial. Não estou conseguindo me controlar '-' eu tô dando um tempo, espero que entendam. Okay, um abraço, beijo e boa sorte <3' inté.
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anafernandesnanianagmail.com Postado em 15/08/2013 - 10:48:22
No final ja ? Ta pensando em escrever outra wn ? ............... Posta maisssssssssss