Fanfics Brasil - cap.17 parte3 A canção de Dulce::::: vondy:::::::

Fanfic: A canção de Dulce::::: vondy::::::: | Tema: vondy


Capítulo: cap.17 parte3

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Atravessou correndo o corredor do segundo andar, para dirigir-se à ala ocidental da casa. Chegou as perigosamente estreitas e elevadas escadas. Caiu sobre um joelho. Levantou-se com grande esforço. Continuou subindo os degraus em meio a penumbra, consciente dos gritos e da desesperada necessidade de chegar ao lugar onde estava sua esposa. Alcançou a porta fechada do sótão como se a barreira de madeira não estivesse ali. Escuridão. Objetos no meio do caminho. Se não pudesse saltar por cima dos obstáculos, abriria caminho através deles, logo sentiu uma dor quando um anguloso saliente golpeou suas canelas e as coxas. Dulce... Santo Deus! O pânico e a dor que percebia em seus gritos estiveram a ponto de fazer com que caísse de bruços. Foi até a égua, pensou com fúria. Tinha visto a égua dando a luz. Que entrasse nas cavalariças e presenciasse algo tão terrível o fazia sentir-se muito mal. Fisicamente mal. Nenhuma mulher grávida deveria ver algo semelhante, e menos alguém como Dulce.
Christopher chegou finalmente à parede que separava o pequeno salão de Dulce do resto do sótão. Rodeou o tabique cambaleando-se, quando Dulce deixou de gritar de repente. Seguiu um silêncio tão absoluto que lhe pareceu ensurdecedor, como se retumbasse em seus ouvidos. Então, ficou vagamente consciente do ruído áspero que fazia sua própria respiração. A débil luz daquela tarde de finais de outono entrava de forma anódina através das águas-furtadas, sem conseguir iluminar a habitação. Christopher escrutinou a penumbra com seu olhar, tentando desesperadamente encontrar Dulce. Quando seus olhos se acostumaram a escuridão, viu por fim seu pálido rosto ovalado. Aproximando-se um pouco mais e forçando a vista, começou a distinguir seus traços.
Disposto a consolá-la de todo dilema, deu três grandes passos para o canto no qual se encontrava encolhida.
— Dulce, carinho. — Agarrou-a pelos ombros, que tremiam violentamente — Amor...
Então Christopher percebeu algo. O silêncio. O repentino e terrível silêncio. Deus santo, estava contendo a respiração. Para não gritar. Tinha medo. Tinha medo dele. Tinha infringido a norma do silêncio, e agora pensava que ele poderia castigá-la.
— Não, Dulce. Carinho, continue gritando. Não me importa.
Christopher não acreditava que, tão aterrorizada como estava, pudesse entender o que lhe estava dizendo. Seu magro corpo estremecia violentamente por causa dos soluços contidos. Ele ficou olhando-a fixamente, incapaz de diminuir o abismo que se estendia entre eles. A surdez. Toda uma vida obedecendo a normas e sendo repreendida com severidade quando as infringia. Inclusive em meio a escuridão, Christopher pôde ver seu pequeno rosto cheio de dor, que ia adquirindo um aterrador e apagado tom vermelho. As veias de suas bochechas e seu pescoço se sobressaíam, moradas sob a pele, pulsando com força e inchando-se por causa da crescente pressão.
Uma fúria impotente estalou dentro de Christopher. Ficou de pé de maneira tão repentina que a cabeça começou a lhe dar voltas. James Saviñón.
O maldito homem.
Voltou-se e saiu correndo do sótão. Desceu as estreitas e levantadas escadas como se não estivessem ali. Quase imediatamente depois que saiu, Dulce começou a gritar de novo. A pobrezinha não tinha maneira de saber quão fortes eram seus gritos. Praticamente cego pelas lágrimas, Christopher atravessou a casa. Parecia estar caminhando trabalhosamente sobre um leito de melaço que lhe chegava até a cintura. Cada passo representava um enorme esforço, cada movimento era exasperantemente lento. Christopher chegou a seu escritório convertido em um demente. O chicote. O maldito chicote. Não podia recordar onde o tinha deixado. Quando chegou a sua escrivaninha, começou a abrir as gavetas com tal força que as tirou de seus trilhos, derrubando seus conteúdos no chão. Christopher percebeu vagamente que Maddy tinha entrado no escritório. Ouviu-a falar como se estivesse muito longe dali e não conseguiu distinguir as palavras que pronunciava. Não lhe importava o que ela estava dizendo. Naquele momento só lhe importava a jovem no sótão.
Finalmente encontrou o chicote na última gaveta da escrivaninha. Fechou o punho ao redor dele e passou correndo por Maddy, sem sequer lhe dedicar um olhar. Voltando sobre seus passos, retornou ao sótão. Já sabia que Dulce se calaria assim que o visse. Essa era a regra. Pois bem, já tinha se fartado das estúpidas normas dos Saviñón e iria demonstrar a Dulce de uma vez por todas.
Quando entrou no salão de novo, ela reagiu tal e como o tinha feito antes, deu um grito afogado e logo conteve a respiração para sufocar todo som que queria sair do mais fundo de seu ser. Christopher se dirigiu diretamente a cambaleante mesa de três pernas. Com um amplo e violento movimento do braço, fez voar sua heterogênea coleção de taças e pires de porcelana, que chocaram contra a parede, fazendo-se pedacinhos. As partículas e fragmentos de porcelana ricochetearam. Não lhe importava. Podia comprar mais taças de porcelana, todas as que quisessem, contanto que a fizesse feliz. Mas não podia comprar outra oportunidade de viver!
Tremendo de fúria, Christopher jogou o chicote sobre a superfície da mesa. Logo, tirou a navalha do bolso de sua calça. Com movimentos trêmulos, desdobrou a navalha e o prendeu com a tira de pele, fazendo-a migalhas.
— Grita! — rugiu — Grita, berra, chora! Não me importa, Dulce! Entende? Não te castigarei por fazer ruído. Nunca te castigarei. Nunca!
Ras, ras, ras. Em meio de seu ataque de histeria, Christopher cortou a tira de pele até vê-la convertida em minúsculos pedaços. Então, e só então, parou. Jogando a tira no chão, pôs as mãos sobre a mesa e deixou cair a cabeça, respirando como se tivesse corrido mais de dez quilômetros. Quando finalmente levantou os olhos, viu que Dulce ainda se encontrava encolhida no canto, apertando os joelhos com os magros braços. Contra seu rosto assombrosamente vermelho, seus enormes olhos cheios de lágrimas eram como manchas de cor azul escura.
Christopher a olhou.
— Amo você, Dulce — sussurrou com voz rouca, e logo abriu os braços.
Christopher esperou durante um momento que lhe pareceu eterno, rogando em silêncio que ocorresse um milagre. Era algo que não fazia desde que era uma criança. Só um pequeno milagre.
— Por favor... — sussurrou com voz entrecortada — Venha aqui, Dulce, carinho.



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Autor(a): sötnos bebis

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A jovem se levantou do chão com um gemido, de maneira tão repentina que pareceu mover-se meio as cegas. Logo, lançou-se em seus braços, estrelando-se contra ele com a parte mais sobressalente de seu pequeno corpo, que naquele momento de sua gravidez era o ventre. Temendo que a jovem pudesse se machucar, Christopher cedeu ligeiramente sob seu peso ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 129



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  • stellabarcelos Postado em 28/01/2016 - 23:42:33

    Li e amei muito! História linda demais

  • toy Postado em 13/06/2015 - 21:58:57

    Gostei da sua fic, se der passa na minha http://fanfics.com.br/fanfic/46181/geracao-2016-rebelde

  • anevondy Postado em 14/01/2014 - 04:59:52

    Apaixonante, emocionante, engraçada, linda demais!!

  • bida Postado em 26/09/2013 - 09:43:10

    Parabéns adorei o final...bjos e melhoras :)

  • anapaulamaito2gmail.com Postado em 23/09/2013 - 13:33:46

    que lindo o final da web.a dul gravida do ucker

  • bida Postado em 17/09/2013 - 09:24:49

    espero q vc esteje bem...bjos e volte

  • carolinamarcos Postado em 07/09/2013 - 09:23:53

    posta +++++++++++++++++

  • isajuje Postado em 06/09/2013 - 11:58:05

    cara, eu tô aqui \o/ KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK continua esse epílogo logo, please T.T

  • isajuje Postado em 16/08/2013 - 12:28:00

    Essa é uma auto-message, não me mate depois de lê-la: Enfim, passando nas wn's pra dizer que estou fora do site aqui por uns tempos. Vou me internar numa clínica psiquiátrica porque não ta dando mais (Mentira, só comédia mesmo). KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK to o ó nos últimos tempos, mas depressiva do que nunca. Tenho vontade de chorar só de ver um comercial. Não estou conseguindo me controlar '-' eu tô dando um tempo, espero que entendam. Okay, um abraço, beijo e boa sorte <3' inté.

  • anafernandesnanianagmail.com Postado em 15/08/2013 - 10:48:22

    No final ja ? Ta pensando em escrever outra wn ? ............... Posta maisssssssssss


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