Fanfic: A canção de Dulce::::: vondy::::::: | Tema: vondy

Terminou de colocar a camisa na calça e agachou para recolher os fragmentos quebrados da porcelana. Guardando uma distância prudente, Dulce se ajoelhou para lhe ajudar. Quando por acaso os dois tentaram agarrar o mesmo pedaço de porcelana, ela afastou a mão com um puxão, como se temesse que ele tentasse agarrá-la. Christopher fez todo o possível para não ofender-se. Ganhar sua confiança iria levar bastante tempo.
Plenamente consciente de que a atmosfera de magia se destruiu tão irreparavelmente como a taça, apropriou-se dele uma profunda tristeza, mas em seguida a afugentou. Não havia nenhum motivo para sentir-se triste. Nenhum absolutamente. A valsa tinha terminado, mas a vida de Dulce acabava de começar. Ele se encarregaria disso, embora fosse a última coisa que fizesse em sua vida.
Consciente de que Christopher a estava olhando e ficando cada vez mais nervosa, Dulce fingiu sentir-se alheia a tudo aquilo que não tivesse a ver com os diminutos fragmentos de porcelana a qual estava recolhendo e acrescentando a pilha que tinha sobre a palma da mão.
Tola, mil vezes tola. Nunca devia ter subido aquele sótão as escondidas. Desde o começo sabia que seus desaparecimentos desgostavam Maddy e ao homem. Se tivesse tido um pouco de juízo, teria imaginado que ele finalmente descobriria onde estava se escondendo. Agora conhecia a verdade respeito a ela e provavelmente a mandasse a aquele horrível lugar do qual sua mãe sempre lhe falava, o lugar onde as jovens como ela eram encerradas em quartinhos e comiam papa com vermes. Sua mãe lhe disse que não só lhe proibiriam voltar a sair, mas também, além disso, eram muito cruéis, terrivelmente cruéis com as pessoas que estavam ali presas.
Dulce sentiu um nó na garganta e as lágrimas começaram a lhe queimar os olhos. Fugindo do olhar de Christopher, deixou cair os fragmentos sobre a mesa e limpou as mãos as esfregando. Desejava que ele saísse dali para poder colocar sua própria roupa e soltar o cabelo. Ao melhor, se ela se comportava muito, muito bem e nunca voltaria a subir ali, o homem poderia esquecer tudo o que tinha visto e não contaria nada a seu pai.
Deu-lhe um pequeno susto ao agarrá-la pelo queixo de repente e obrigá-la a olhá-lo no rosto. Dulce piscou, mas foi em vão. Suas lágrimas não tinham outro lugar aonde ir, só ao exterior; e se transbordaram de seus olhos para correr pelas bochechas.
— Eh...
Ela imaginou sua voz, grave e com um tom de doce repreensão. Por alguma razão, isto fez com que desejasse chorar com mais força. Com seus dedos ásperos, ele secou as lágrimas de suas bochechas. Esboçou um sorriso um pouco forçado.
— Não tenha medo, Dulce, carinho. Tudo ficará bem. Prometo.
Era fácil para ele dizer estas palavras. Não era ele quem teria que comer vermes. Desconcertada pelo penetrante olhar de Christopher, a jovem desceu o olhar. A maneira de resposta, ele apertou com mais força seu queixo e lhe sacudiu ligeiramente a cabeça. Surpresa, Dulce o olhou de novo.