Fanfic: A canção de Dulce::::: vondy::::::: | Tema: vondy

— Pense um pouco, Dulce. Realmente acredita que essa cadeira poderia me deter se eu quisesse entrar? Faria com que demorasse um pouco mais, mas isso seria tudo. Não derrubei a porta por uma só razão e é que não quero te assustar. Não acredito que tenha muito sentido em fazê-lo agora.
Dulce sabia que o obstáculo não lhe impediria de entrar se estivesse resolvido a fazê-lo. Agarrou a cadeira com suas mãos trêmulas e a levantou ligeiramente para aproximá-la dela, logo voltou a pôr o respaldo sob o pomo. Christopher colocou a flauta pela abertura. Quando Dulce agarrou o instrumento, ele apoiou um cotovelo contra o marco da porta e a viu soprar em vão no orifício.
— Não está pondo a boca corretamente no bico.
Ela tentou de outra maneira e soprou com todas suas forças, mas não saiu som algum. Ele negou com a cabeça e quis alargar a mão para ajudá-la. Mas a porta o impediu.
— Pode abri-la um pouco mais para que te ensine como fazê-lo?
Dulce, que mais ou menos lhe entendeu, teve a terrível sensação de que estava tentando enganá-la. Seus pensamentos se refletiram em seu rosto, pois ele pôs os olhos em branco e em seguida tentou dissipar suas dúvidas.
— Não farei nada. Só te ensinarei como tocar a flauta.
Dulce escrutinou seu olhar durante um interminável momento. Logo, articulando para que lhe lesse os lábios, disse-lhe:
— Promete?
Ele apertou seu rosto contra a abertura.
— Mais devagar. Não posso...
— Promete? — Enquanto repetia estas palavras, Dulce levou a mão ao coração.
— Se prometo? — ergueu-se e levantou as mãos — Prometo, carinho. — Estalou os dedos — Irei ainda mais longe: juro. Sobre a Bíblia, se tiver uma à mão.
Parecia tão sincero que Dulce esteve a ponto de sorrir. Logo, convencida de que era um engano, mas seguindo a seu coração, afastou a cadeira e abriu a porta. Christopher pareceu surpreso ao ver que a tinha escancarado e durante um momento ficou paralisado, sem saber o que fazer. Um instante depois entrou.
Dulce lhe passou a flauta de maneira brusca. O agarrou e esboçou um daqueles sorrisos maravilhosamente torcidos que o caracterizavam.
— Venha aqui.
Depois de dizer estas palavras, Christopher acendeu um candeeiro e se sentou na cama. Dando golpes no colchão, junto a ele, esperou que Dulce se aproximasse. Ela olhou intranquila para porta aberta. Não estava plenamente segura de que quisesse aventurar-se a chegar até esse ponto da habitação enquanto se encontrava a sós com ele. Quando se voltou para olhá-lo uma vez mais, seu sorriso tornou-se malicioso.
— Jovenzinha, custa muito confiar nas pessoas.
Dulce encolheu os ombros de uma maneira quase imperceptível. Piscou-lhe um olho e estendeu a mão para lhe dar a flauta.
— Não posso te ensinar a tocá-la se ficar aí, no outro extremo do quarto.
Isto era certo e ela sabia. E morria de vontade aprender. Aproximou-se da cama lentamente. Sentar-se junto a ele a deixava nervosa. Debaixo daquela luz trêmula, o homem parecia extraordinariamente corpulento.