Fanfic: De outro ângulo | Tema: Zavaría

    Peche se pegou pensando em María enquanto fazia a barba. Já haviam se passado três dias desde a noite que eles passaram juntos, a noite na qual ele tinha saído de mansinho enquanto o dia amanhecia. 

Antes de ir embora ele a levou para seu quarto e a deixou dormindo ali, do jeitinho que veio ao mundo e então ele roubou um último selinho e sentiu seu cheiro pela última vez antes de cobri-la e vagarosamente fechar a porta do quarto vendo ela se mexer em cima da cama.

Três dias desde aquela noite, três dias que ele não a via e três dias que da hora de acordar até o último suspiro do dia as únicas imagens que ele tinha na cabeça era as de María sorrindo e se entregando totalmente para ele e a única coisa que ele conseguia desenhar eram os olhos dela.

Uma pequena ardência trouxe a alma dele de volta daquela noite à seu corpo e então ele percebeu seu queixo sangrando. Instantaneamente ele soltou o prestobarba na pia.

- Droga!

Limpou o sangue com a mão e encarou seu reflexo no espelho.

- Afinal essa mente é sua ou é dela?

Olhou pra pia. O prestobarba sujo de sangue, voltou-se novamente para o reflexo.

- Vou resolver isso!

Olhou pros lados e passou a mão no bolso, foi até a cama e pegou o celular que tava em cima dela, discou alguns números e esperou a chamada ser completada. Dois toques depois a outra pessoa já estava na linha.

- Sei que ta um pouquinho cedo mas o dia ta tão apago então eu tava pensando... E se a gente se encontrasse na praia daqui a meia hora pra você colorir esse dia cinza?

-

- Hmm proposta tentadora mas não, hoje o dia é da Léia! Ontem ela passou o dia todo trancada dentro de casa, tadinha, fiquei presa na advocacia até tarde, o juíz adiou o caso pra depois do ano novo e eu entrei em recesso, finalmente.

- Tudo bem então Dra advogada, mas e o nosso natal, ta de pé?

- Claro que ta, nunca que vou perder a oportunidade de ver você e Willy brigando a noite toda, quando é que vocês vão se casar mesmo?

- ISOLA! Bate na madeira, não fala isso nem brincando que é pra não atrair, como é que você suporta aquela coisa?

- Do mesmo jeito que eu suporto você, linda.

Sol era a melhor amiga de María e era com ela que María estava no celular a mais ou menos quarenta minutos.

- E seu boy magia, como é mesmo o nome dele...  Peche né!? Quando é que vai apresentar?

- Ele não é meu mas, tava pensando em chamar ele pra passar o natal com a gente, o que acha?

- Só aceito se ele tiver um amigo do mesmo naipe!

- Mas você é do Willy!

- Vai se fu...

- Também te amo fofa mas vou desligar, Léia já ta aqui me cobrando passeio e ainda tenho que expulsar a preguiça, beijo.

- Beijo.

Ligação encerrada. María fez carinho em Léia e a puxou até a cozinha, onde colocou ração em um prato razo e pôs pra ela comer e foi tomar banho.

Enquanto passava o sabonete pelo corpo María se lembrou das mãos de Peche tocando-a e ficou momentaneamente insigura pelo fato de já se terem passado três dias e ele não tinha ligado pra ela. Espantou os pensamentos, terminou o banho e foi se vestir.

Com seu nike cano alto e óculos de sol, um short jeans rasgado, uma regata cavada e um rabo de cavalo María pegou a coleira e balançou na frente de Léia, que no mesmo instante correu e parou aos pés de sua dona. Gabríela colocou a coleira na pitbull e foi em direção a porta com a cachorra.

- Pra onde você quer ir hoje Léia?

María abriu e trancou a porta rápidamente e Léia a puxou inquieta na coleira, elas deram uma volta no quarteirão, depois no quarteirão vizinho e logo após no calçadão da práia. 

Uns 10 minutos de caminhada depois ela avistou um quiosque e assim que sentou em uma mesa Léia começou a latir sem parar.

- Shhhhh, para com isso! 

Léia continuou latindo e começou a andar em direção a areia, María a segurou pela coleira, olhou para as pessoas tomando sol e entendeu os motivos dos latidos. Peche tava sentado na areia ao lado de uma mulher.

Léia puxou a coleira e María a deixou que ela a guiasse em direção a Peche, mas assim que elas estavam chegando perto dele ele e a mulher se entreolharam, e então, se beijaram.