Fanfic: Química Perfeita ⋆ Ponny | Tema: RBD - AyA, Ponny

PONCHO

— O Poncho quer se fingir de americano. — Alejandro se intromete. — Cara, faça o que você quiser, mas não tente ser alguma coisa além de mexicano. Além do mais, ninguém acreditaria.

— Cale a boca — eu aviso. — Não quero ser americano. Mas também não quero que pensem que sou igual a meu pai.

— Chega de brigas por hoje — pede nossa mãe.

Alejandro cantarola “Mojado”, provocando-me com uma referência aos imigrantes ilegais.
Já aguentei o suficiente, agora ele foi longe demais. Levanto-me, arrastando a cadeira. Alejandro também se ergue e me encara, bloqueando minha passagem. Ele sabe o quanto posso ser durão.

Qualquer dia, seu ego exagerado ainda vai metê-lo em apuros... E com a pessoa errada.

— Sente-se, Alejandro — minha mãe ordena.

— Mexicano sujo! — Alejandro me xinga, forçando um profundo sotaque. — Pior ainda: você é um bandido... Um marginal de gangue!

— Alejandro! — minha mãe repreende, severamente, avançando pra ele.

Mas fico entre os dois e pego meu irmão pela gola da camisa.

— Sim, isso é tudo o que as pessoas pensam de mim — eu digo. — Continue falando esse monte de besteiras e elas vão pensar isso de você também.

— Mano, as pessoas sempre vão pensar assim, de qualquer jeito. Se eu quero, ou não, tanto faz.

— Você está enganado, Alejandro. — Eu o solto. — Você pode ser bem melhor.

— Do que você?

— Sim, melhor do que eu, e você sabe disso muito bem. Agora, peça desculpas à nossa mãe, por falar assim na frente dela.

Alejandro me olha nos olhos e vê que não estou brincando.

— Desculpe, madre — ele diz e volta a se sentar.

Mantenho meus olhos nos dele, enquanto seu ego vai a nocaute. Virando-se de costas pra nós, minha mãe abre a geladeira, tentando ocultar as lágrimas. Poxa, ela se preocupa com Alejandro. Ele está começando o segundo ano. Durante os próximos dois anos, ou ele se apruma ou se acaba de uma vez.

Pego minha jaqueta preta, preciso dar o fora daqui. Beijo minha mãe no rosto e peço desculpas por arruinar seu café da manhã. Saio de casa, pensando em como farei pra manter Alejandro e Luis longe do meu caminho, enquanto tento guiá-los pra um caminho melhor. Ah, que ironia, tudo isso. 

Na rua, rapazes usando lenços com as mesmas cores que eu fazem o sinal da gangue Sangue Latino. Minhas veias se incendeiam quando respondo a saudação, antes de montar em minha moto. Os caras esperam que eu seja durão e frio, um membro de gangue. E é isso que dou a eles. Inventei um espetáculo infernal, pro mundo exterior. Tão infernal, que às vezes até eu me surpreendo.

— Poncho, espere!

Uma voz familiar me chama. Carmen Sanchez, minha vizinha e ex-namorada, corre em minha direção.

— Oi, Carmen — eu resmungo.

— Que tal me dar uma carona até o colégio?

Sua minissaia preta mostra pernas incríveis; a blusa é justa, realçando os seios pequenos e firmes. Houve um tempo em que eu faria qualquer coisa por essa garota. Mas isso foi no verão, antes de eu pegá-la com outro cara, na cama. Ou melhor: no carro, como de fato foi.

— Vamos, Poncho. Prometo que não mordo, a não ser que você me peça.

Carmen é minha parceira, na Sangue Latino. Se somos um casal, ou não, já não importa. Ainda nos apoiamos mutuamente. Este é nosso código de honra.

Carmen monta na garupa e, deliberadamente, segura em minhas coxas, o que não causa o efeito que ela provavelmente esperava. Se Carmen pensa que vou esquecer o passado... Que nada! De jeito nenhum. Minha história me define.

Tento me concentrar no aqui e agora: o ano letivo que começa, meu último no Colégio Fairfield. É difícil porque, após a formatura, meu futuro provavelmente será tão miserável quanto todos os outros anos.

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