Fanfic: Agradando Um Principe (Vondy) - TERMINADA | Tema: Vondy - Romance - Hot

- Como sabe?

Dulce soltou um suspiro.

- Quando Cicely me começou a dar aulas...

- Cicely? Pensei que era sua dama de companhia.

- É, mas é muito mais que isso. Antes foi minha preceptora .

Christopher arqueou uma sobrancelha, desconcertado.

- O duque não podia permitir-se pagar uma preceptora?

- Claro que podia. Mas felizmente Cicely o dissuadiu. - Virou-se, para ficar de frente ao seu marido. - Veja, Cicely era prima irmã de meu pai, e deveu viver conosco pouco depois de que eu nascer. Seu pai acabava de morrer. Era uma mulher simples proveniente de uma família humilde, assim tinha todos os números para converter-se na típica solteirona. Foi ela a primeira que se deu conta de meus problemas e como conhecia as pretensões que minha mãe albergava a respeito de seus filhos, arrumou para converter-se em minha preceptora antes que alguém mais descobrisse meu problema.

- Seus pais não sabiam?

Ela sacudiu negativamente a cabeça.

- Minha mãe teria morrido de vergonha. E meu pai compartilhava muito poucas horas conosco. Passava a maior parte do tempo ocupado em seus afazeres sociais, e quase nunca estava em casa. Nem sequer Alfonso sabe.

Christopher franziu o cenho.

- Assim Cicely é a única que sabe que não pode ler?

- Sei o que está pensando. Mas Cicely não tentou jamais tirar vantagem de meu segredo. Pôs todo seu empenho em me ensinar a ler. Ensinava-me uma letra, mas eu via outra. E quando cresci, fiz a prova com outras pessoas. Às vezes pedia ao Alfonso que me lesse uma palavra fácil, uma das poucas que tinha conseguido aprender de cor. Lembro perfeitamente quando lhe pedi que me lesse "as", e ele me disse que não era "as", porém "sa". - Grossas lágrimas brotaram de seus olhos.

- Sou incapaz de ler nem sequer uma só palavra.

- Assim atirou a toalha?

Dulce lhe cravou um olhar agudo.

- É claro que não, mas é muito frustrante. Entretanto, teria insistido ainda mais se não fosse por essas dores de cabeça.

- É certo, mencionou-o ontem.

- Se tento ler, invade-me uma terrível dor de cabeça. Cicely consultou a um doutor em segredo e ele sugeriu que não continuasse tentando. Que minha mente estava danificada, possivelmente por alguma febre infantil, e que se continuava com essa obsessão, poderia danificá-la ainda mais. Assim tivemos que abandonar nossas lições.

- E não tornou a tentar.

- Às vezes o faço, mas então reaparece a dor de cabeça.

- Compreendo.

E era certo. Compreendia-o. A senhorita Tremaine tinha consultado a um incompetente, ou possivelmente tinha tido a clara intenção de consultar com um incompetente, e Dulce, que confiava às cegas em sua prima, tinha acreditado nas palavras desse mentecapto, e tinha assumido que sofria de um problema mental que não tinha remédio.

Christopher quis averiguar mais.

- Então, se não pode ler nada. Como lê as concertas? Não é fácil ocultar uma questão como essa ao resto da sociedade.

- Tenho meus métodos. - Seu sorriso parecia forçado. - Se alguém me pede que leia algo me desculpo alegando que tenho a vista cansada ou que esqueci as lentes ou que prefiro ler em privado.

Tal como tinha feito no dia anterior com a carta da Anahí.

- E se alguém insiste muito, como você fez ontem de noite, minto sobre o que li ou mudo de assunto. - Olhou-o com resolução. - A maioria das pessoas não é tão insistente. E tampouco me pediriam que lesse algo que fosse escandaloso.

- Como pode estar tão segura, se não pode ler?

Dulce encolheu os ombros.

- Cicely sempre está perto para me dizer o que está escrito quando ninguém põe atenção. De fato, Cicely lê tudo por mim. Compra-me as traduções das óperas com antecipação suficiente para me ler com calma. Escreve e lê todas minhas notas. Lê a imprensa e as revistas da alta sociedade...