Fanfic: Agradando Um Principe (Vondy) - TERMINADA | Tema: Vondy - Romance - Hot

- E diz que se encerrou com um quadro?

- Sim, senhora. Esse horrível quadro de um dragão que pintou o senhor Blake. - Aproximou-se mais a ela. - É muito feio. Mas o visconde insiste em tê-lo em seu quarto, exceto quando o leva a masmorra. E isso sempre significa que está de mau humor ou deprimido.

- Entendo. - Christopher lhe tinha mencionado que às vezes descia à masmorra para ventilar seu mau humor. Se fazia quase duas horas que se entrincheirara ali embaixo, certamente era mau sinal. Dulce engoliu em seco. - Bom, suponho que será melhor que vá vê-lo.

O mordomo a guiou pela asa da casa dedicada aos criados debaixo do piso principal, e depois lhe mostrou uma diminuta porta colocada em uma sombria parede de pedra.

- Essa é a entrada às escadas. Não tema. Daqui até embaixo não há um grande trecho.

Um desagradável calafrio percorreu as costas da Dulce. Brincar sobre a masmorra com o Christopher era uma coisa, mas outra bem distinta era unir-se a seu marido nesse lugar depois de que ele tivesse estado ingerindo uísque durante duas horas, acompanhado por um tétrico quadro.

Mas se tinha chegado até ali...

- Obrigada - agradeceu ao mordomo sua ajuda e abriu a porta.

Mal tinha descido três degraus da escassamente iluminada escada de pedra quando uma voz quebrada lhe chegou de baixo.

- Me deixe sozinho, Anahí. Não se preocupe; amanhã estarei em perfeito estado para sua maldita reunião. Mas esta noite preciso estar sozinho, para repensar sobre todos meus pecados. - O tom se fez mais melancólico. - Só Deus sabe que tenho suficientes pecados para estar ocupado durante muito mais horas.

Dulce notou que o coração lhe encolhia. Não soava como a voz de um homem que tivesse estado bebendo. Mas o desespero em seu tom era mais alarmante que qualquer outro que denotasse embriaguez. Apressou-se a descer o resto dos degraus até que acessou a uma sala certamente estranha, de uns seis metros de largura por seis metros de comprimento, com um teto tão baixo que era virtualmente impossível que alguém se mantivesse erguido. Uma fria prisão, feita inteiramente de pedra. Em uma das paredes alguém tinha aproximado um sofá desmantelado, uma clara incongruência dado o resto do contexto: embolorada as paredes de pedra e as correntes oxidadas.

A tênue luz do dia se filtrava por uma janela do teto, mas virtualmente toda a luz provinha das velas, uma pilha delas, inseridas em uns estragados candelabros pendurados e alinha duas na parede. E em meio de todo isso destacava Christopher, lhe dando as costas.

Na verdade não era um lugar adequado para ninguém, nem para um adulto nem para um menino de treze anos. Agora que o tinha visto, compreendeu muitas coisas sobre seu marido que antes jamais tinha conseguido compreender.

Dulce sentiu um ódio repentino pela a mãe de Christopher, e pelo príncipe. Como se tinham atrevido a rachar a integridade psíquica de um menino encerrando-o nesse horrível lugar? Tinham-no convencido de que não merecia nada melhor, e pelo que parecia, Christopher continuava acreditando-o com convicção.

Não era pois de estranhar que ele tentasse conseguir algo à força. Não confiava em poder obtê-lo de outro modo. Pois bem, tinha chegado o momento de lhe ensinar outras vias alternativas.

Um barulhinho proveniente do chão, muito perto dela, recordou-lhe o que Christopher lhe tinha comentado sobre os ratos e, sem podê-lo remediar, Dulce lançou um grito.

- Maldita seja, Anahí - disparou ele ao mesmo tempo em que se voltava. - Disse-lhe que... - Ficou petrificado ao ver sua esposa. - Dulce? - pigarreou com incredulidade. - O que faz aqui?