Fanfic: Agradando Um Principe (Vondy) - TERMINADA | Tema: Vondy - Romance - Hot

O coração da Dulce deu um salto. Christopher parecia abatido, como se tivesse dormido inclusive menos que ela, em todos esses dias. Seus belos olhos estavam agora sulcados por uma sombra de dor. E novamente a barba e o bigode começavam a povoar seu rosto.

- Se esqueceu de ordenar ao mordomo que trancasse a porta.

Ele piscou.

- Não me esqueci.

Dulce precisou armar-se de coragem para não jogar-se em seus braços e lhe dizer que não se preocupasse que tudo ia sair bem. Mas não pensava deixar-se arrastar pelos sentimentos e fazer como se nada tivesse acontecido. Desejava ajudar a esse dragão perdido, assegurar-se que nunca mais voltaria a agir de um modo similar, forçá-lo a sair de sua cova de uma vez por todas.

- Por que não veio você mesmo à cidade? - Resolveu perguntar tentando não perder a compostura. - Por que não trouxe as chaves em pessoa, em lugar de enviá-las com essa nota tão fria?

Christopher não moveu nem um dedo. Manteve-se impassível, como se preparasse para suportar uma série de golpes.

- Porque tinha medo de que não me perdoasse. Disse-te as coisas mais ignominiosas.

- Sim, é certo. Assim no mínimo deveria ter vindo para pedir desculpas pessoalmente.

Um halo de culpa escureceu suas já sombrias feições.

- Para lhe ser honesto, não sabia se aceitaria ver-me. - Com o olhar afundado, derrubou-se no sofá. - E não a teria culpado.

"Maldição, Christopher. Luta por mim", pensou ela com raiva.

- É isso o que esteve fazendo todos estes dias, quando deveria se ter desculpado? Afogar suas penas em álcool nesta masmorra? Afundar em mil pensamentos, em lugar de agir? - Dulce avançou até o sofá, então avistou o famoso quadro.

A tênue luz das velas deixava entrever a espantosa imagem. Não era tal e como ela o tinha imaginado: o típico quadro de um dragão coberto de escamas e com uma longa cauda de réptil. Esse dragão era um ser humano com algumas características dos répteis, uma reminiscência do próprio diabo.

Christopher tinha escolhido um bom aliado como companhia nessas horas de depressão.

- E suponho que esteve olhando isso todo o tempo. - encarou-o indignada. - Seu mordomo tem razão. É... É horrível.

Christopher ergueu a garrafa de uísque, simulando um brinde.

- Esplendidamente horroroso; estou de acordo com minha esposa.

Um nó se apinhou na garganta da Dulce, e teve que realizar mil esforços para não deixar que as lágrimas aflorassem em seus olhos.

- Suponho que acredita que é a imagem mais acertada de você.

- Ah, sim? - Lançou-lhe um olhar desafiante e bebeu um gole da garrafa de uísque depois limpou a boca com o dorso da mão.

- Pois não, não o é. - Dulce se aproximou do quadro, para examiná-lo mais de perto, e então se fixou na mulher loira que jazia aos pés do dragão. Na parte inferior do marco do quadro havia uma placa com uma breve inscrição. Passou os dedos por cima, para podê-la ler com mais segurança.

- E suponho que acha que a mulher vestida de luz sou eu.

- Encaixa contigo. - Então Christopher piscou. - Espera um momento... Como averiguou o título do quadro?

- Acabo-o de ler. Parece ser que enquanto você esbanjava o tempo meditando na masmorra, eu me dediquei a aprender a ler. E graças a Katherine e a Cicely, consegui-o. - Lançou-lhe um sorriso vitorioso. - Esta manhã li uma linha inteira de um poema, eu sozinha.

- Isso é maravilhoso, querida - exclamou ele com absoluta sinceridade. Em seguida voltou a mostrar seu porte taciturno. Depositou a garrafa no chão e prosseguiu: - Isso só demonstra que seu marido é um absoluto inepto. Nem sequer fui capaz de ensiná-la a ler.

O tom de remorso do Christopher só conseguiu que a Dulce lhe encolhesse ainda mais o coração.

- Certo como professor não é muito hábil; mas sem você não teria sido capaz de dar o passo. Convenceu-me de que podia fazê-lo. Se não tivesse mostrado fé em mim, jamais o teria tentado.

Dulce tentou serenar-se antes de continuar falando. Não desejava desviar-se da conversa que a tinha levado até o Castlemaine.

- Mas esse é outro assunto diferente ao que agora nos ocupa. - Olhou-o fixamente e prosseguiu:

- Sabe qual é o verdadeiro problema com você?

- Suponho que veio me dizer - respondeu ele desconfortável.

- Assim é. O problema com você é que sua mãe, que agia como uma cabra, esperava que se comportasse igual a ela: como um patético perito mulherengo de Sua Majestade, e quando se negou, tentou forçá-lo para que o fizesse.