Fanfic: Agradando Um Principe (Vondy) - TERMINADA | Tema: Vondy - Romance - Hot

- Suponho que sua esposa sabe que... Bem, que passou uns dias na masmorra.

- Três dias - replicou Christopher. - Três dias, como você bem sabe.

- Não sabia, juro. Não até esse dia em que sua mãe se jogou sobre você com o atiçador do fogo. Por que acha que ficou tão furiosa?

- Porque lhe ordenei que saísse de minha casa - respondeu Christopher, apertando os dentes, - e que levasse a esse filho da puta com ela.

Quando o príncipe pareceu acovardar-se, Dulce depositou a mão sobre o braço de seu marido. Christopher agradeceu apertando seus dedos com a mão que ficava livre de uma maneira dolorosa.

- Sim, isso também - admitiu Sua Alteza. - Mas havia mais motivos. Sua mãe sabia como reagiria quando me inteirasse de que o tinha encerrado três dias em uma masmorra. - Um gesto de dor repentina se fez evidente em seu rosto. - Por Deus, Christopher, seriamente acredita que esta questão entre Alfonso e Anahí era só porque desejava atraí-la a Corte? Pois se engana, asseguro-lhe. Não me ocorreu nenhuma outra forma melhor de conseguir que me escute. Tentei dizer isso quando me brindou a ocasião, mas sempre me recusou. Sei que a partir do momento em que ela lhe atiçou esse ferro candente se abriu uma brecha entre você e eu, e toda tentativa por manter uma conversa racional com você foi inútil.

O príncipe se aproximou ainda mais.

- Esperei pacientemente que se acalmasse antes de lhe enviar uma carta. Mas me retornou ela sem abrir. Todas me devolveram sem abrir. Enviei a um mensageiro, e o expulsou a pontapés. - Sua voz começou a tremer. - Achei que cedo ou tarde aceitaria entrar novamente nos círculos sociais, que algum dia saberia que tinha assistido a um baile ou a qualquer outra função social, onde finalmente teria a oportunidade de falar com você cara a cara.

Christopher estava apertando a mão da Dulce com tanta força que ela temeu que a rompesse.

- Mas não o fez - disse Sua Alteza. - Então foi quando soube que tinha preparado a apresentação da Anahí em sociedade, e vi uma via para recuperar aos dois. Porque sabia o que faria algo para protegê-la, inclusive se aventurar a vir ao Carlton House para desenganchá-la de minhas garras.

Christopher continuava sem abrir a boca. Só observava ao príncipe com um olhar vazio.

- Alguma vez vai perdoar-me? - murmurou o príncipe em um sussurro rouco. - Não sabia. Juro. Jamais teria permitido uma coisa assim.

- Como quer que acredite que não sabia? - estalou Christopher. - Não perguntou a minha mãe onde estava, quando desapareci durante três dias?

- Sim. Sua mãe me disse que se tinha encerrado em seu quarto. Seu quarto. Com suficiente comida e com todos seus livros a sua disposição.

Christopher soltou um bufado.

- E quando me apresentei ante você para lhe pedir perdão, não observou que meu aspecto não era o de um menino que passou três dias em seu quarto lendo?

- Estava tão furioso pela forma como se desculpou que não prestei a devida atenção, confesso-o. Olhou-me com um ódio visceral e, simplesmente, disse: "Sinto muito".

- E o que esperava? Tinha passado três dias em uma masmorra lotada de ratos. De noite não havia luz, e me encolhia no velho sofá que minha mãe tinha deixado ali e tentava não pensar em quanto tempo demorariam esses ratos em roer meus pés. Durante o dia, não tinha nada mais que fazer que escutar o som de minha mãe quando me trazia a comida e espremer os miolos pensando em se devia me engolir o orgulho e aceitar ao que ela me pedia que fizesse.

- Você e seu maldito orgulho - bradou o príncipe. - Deveria ter feito o que ela queria no primeiro dia que o prendeu ali embaixo, e depois se apresentar ante mim e soltar toda sua ira.

- E o que teria feito? Afastá-la de seu lado? E o que acha que ela teria feito comigo então?

- Eu teria falado com seu pai; teria lhe dito que sua esposa necessitava de ajuda. - o rosto do príncipe era uma máscara de culpa torturada. - Até que não se jogou em cima com o atiçador, não percebi como estava desequilibrada. Sempre se tinha comportado de um modo um pouco estranho, mas para o final de nossa relação, sua mãe acreditava que era o único vínculo que podia me manter unido a ela, assim quando você agia mal comigo, ela tomava medidas necessárias para discipliná-lo.

- E a você, é claro, parecia-lhe bem. Permanecer três dias encerrados em um quarto tampouco é algo agradável.

- Não, mas pensei que seria uma boa forma de lhe ensinar que não podia falar com o futuro rei como a um delinqüente de rua. - Tentou adotar um ar rígido e arrogante. - Não podia permitir que fosse por aí me chamando filho da puta em público.

- Pois então deveria ter mantido sua maldita franga bem encerrada dentro das calças.

- Se não fosse assim, você não teria nascido.

Depois dessa asserção Christopher emudeceu. Depois olhou com abatimento a seu pai.

- Christopher cometi muitos enganos em minha vida. Mas ter a você não foi um deles. Só desejaria ter tido a opção de te explicar a situação entre seu pai e eu antes que me negasse tal opção.

- O que me queria explicar? Ele era seu amigo antes que lhe roubasse a esposa.

- Eu não a roubei - suspirou. - O seu pai não se interessava pelas mesmas coisas que atraíam a atenção de sua mãe.

- Como aparecer diante da alta sociedade e...

- Como a paixão. Sua mãe era uma mulher apaixonada, em troca seu pai era um asceta. Não mostrava nem um ápice de interesse pela paixão. Assim quando abandonou a sua mãe durante vários meses seguidos, ela encontrou a alguém a quem dar o que tanto desejava.

- Ele a queria - asseverou Christopher com ferocidade.

- A sua maneira, sim. Mas não o suficiente para lhe oferecer o que ela ansiava. Ao visconde só lhe interessavam os livros e os edifícios, mas não as pessoas. - Sorriu com evidente desinteresse. - Exceto você e Anahí. Amava-os com loucura. E Deus sabe que vocês também o amavam. - Sua voz se quebrou. - Eu sentia inveja, porque ele contava com seu amor e seu respeito. Por mais que eu me esforçasse, jamais conseguiria essas atenções.