Fanfic: Agradando Um Principe (Vondy) - TERMINADA | Tema: Vondy - Romance - Hot

Era o único traço delicado do sujeito. O resto de seu ser era certamente grotesco: exibia uma cabeleira má cortada e desalinhada que caía de forma pouco elegante sobre o pescoço de seu traje, e por vestimenta trazia um gasto traje passado de moda e umas velhas botas estragadas.

Para encher o copo, o tipo era enorme. Não era, pois estranho que todo mundo acreditasse o rumor que era filho do Príncipe de Gales e não do visconde. Era evidente que tinha a compleição robusta dos Hanover, mas sem a opulência de carnes de Sua Alteza.

O gigante com o cabelo desalinhado depositou novamente o livro na estante e passou a tomar outro localizado em uma prateleira inferior, com o qual ofereceu a lady Dulce uma vista inigualável de umas invejáveis nádegas e umas musculosas coxas esticadas e escuras sob o tecido das calças desgastadas.

Lady Dulce sentiu uma intensa secura na boca. Era capaz de apreciar uma boa figura masculina quando a tinha diante.

- E bem? - perguntou ele. - A incomodou a irmã do Foxmoor? Soube que é uma moça bastante impertinente.

As palavras a assaltaram de surpresa, tirando a de sua reflexão.

- Não, não mais que qualquer outra dama que se sinta desatendida por um cavalheiro insolente e grosseiro.

Ele se ergueu rapidamente, voltou-se para ela para olhá-la e lady Dulce ficou sem fôlego.

O visconde não se parecia absolutamente a quem se murmurava que era seu progenitor. Em primeiro lugar, tinha uma abundante barba muito pouco elegante. Sua Alteza engoliria um ferro candente antes de deixar crescer uns bigodes tão extensos.

Mas certamente ao príncipe não lhe importaria ter o corpo deste homem: exibia uns musculosos ombros quadrados e um peito largo que se estreitava progressivamente até uma cintura surpreendentemente perfeita.

Inclusive suas panturrilhas pareciam estar bem perfiladas, embora suas meias...

Lady Dulce piscou e voltou a observá-lo. Levava uma meia de cada cor.

- Terminou? - replicou ele.

Ela se sobressaltou.

- Se tiver terminado o que?

- De me examinar da cabeça aos pés.

Maldição. Não tinha intenção de observá-lo tão descaradamente.

- Não pode me culpar de que sinta uma enorme curiosidade. Muito pouca gente teve o prazer de ver Castlemaine e, menos ainda, de ver seu dono.

- A razão é bem simples - respondeu ele ao mesmo tempo em que lhe dava as costas novamente para depositar o livro na prateleira. - E agora, se me desculpar...

- Sinto muito, mas vim com o firme propósito de falar com você.

Ele se limitou a agarrar outro volume.

- Igualzinha ao seu irmão, não é verdade? Não aceita um não por resposta.

- Não quando essa negativa se oferece sem nenhuma explicação.

- Não tenho que dar explicações de por que me nego a falar com um visitante. Entendo que inclusive a etiqueta social me permite escolher a quem desejo ver, especialmente quando estou ocupado.

- Você não está ocupado, o que se passa é que é um covarde.

O visconde se voltou e a olhou furioso.

- O que disse?

"Excelente, Dulce, E por que não lhe esbofeteia o rosto com a luva?", pensou ela, mas é que esse homem a tirava de suas casinhas.

- Chamei-o de covarde. Não mostra nenhum reparo em caluniar a minha família ante sua irmã, mas não se atreve a expressar suas objeções diretamente no rosto.

Uma estonteante gargalhada alagou a biblioteca.

- Acredita que você e seu irmão podem me intimidar?

Dulce sentiu que sua ira ia aumentando.

- Alfonso me contou que se nega a falar com ele.

O visconde voltou a concentrar toda sua atenção no livro.

- Ele sabe perfeitamente por que prefiro falar com os Iversley. E se por acaso eles não foram suficientemente explícitos, faço-lhe saber que desaprovo absolutamente as artimanhas de seu irmão para enredar a minha irmã.

- Meu irmão seria incapaz de enredar a alguém! - protestou ela.

- Pois se é assim, estarei encantado de solucionar esta questão com ele em pessoa - concluiu o visconde. Em seguida tomou outro livro e o folheou com tédio. - Assim diga a seu irmão que não conseguirá ganhar meu beneplácito me enviando sua irmãzinha.

- Ele nem sequer sabe que vim. E estou certa de que não me permitiria que interferisse em seus assuntos.

Lorde Uckermann se voltou e lhe cravou um olhar inquisidor.

- Então, possivelmente deveria respeitar os desejos de seu irmão e não entremeter-se neste assunto.

- Repito-lhe que não vim de parte de meu irmão, mas sim porque me pediu isso sua irmã. – A Lady Dulce não escaparam os sutis traços cavalheirescos do visconde.

- Anahí a envia?

- Sim. Disse-me que você jamais a escutaria porque não tem experiência nas tramas da alta sociedade. Mas tinha a esperança de que atendesse a alguém capaz de lhe assinalar as vantagens de uma aliança entre ela e meu irmão. - Especialmente desde que os Iversley apoiavam a firme decisão de lorde Uckermann de proibir que Alfonso se aproximasse de sua cândida irmã.

O visconde se mostrou contrariado.

- Pois Anahí se equivoca. O assunto está resolvido; não há nada mais que falar.

- O que tem para não deixar que Alfonso corteje sua irmã? É um dos cavalheiros mais desejados de Londres.

- Não me cabe a menor duvida - respondeu ele enquanto movia a mão com impaciência. - E agora, se me desculpar, tenho trabalho por fazer.

Dulce não estava acostumada a que alguém a ignorasse ou a tratasse com tão pouca educação. E que por cima fosse desatendida assim por esse... Esse energúmeno colossal enfurecia-a até limites inusitados.

- Não partirei até que me dê um bom motivo para suas objeções. Porque, com franqueza, não encontro nenhum que seja razoável.

- Pois claro que é incapaz de ver os motivos - recriminou-a ele enquanto a repassava com desdém desde seu chapéu de cor lilás até a ponta de seus muito caros sapatos infantis. Ela teria jurado ver um brilho de admiração em seu olhar até que o visconde declarou com evidente desprezo: - as de sua classe jamais os vêem.