Fanfic: O Solteiro de Ouro (Adaptada) Herroni | Tema: RBD Herroni Maite y Poncho

CAPITULO 27

Alfonso recolheu a sacola com as compras e subiu os degraus de dois em dois. Ao chegar à porta do dormitório de Maite fez uma pausa. Estava encostada. E as cores da habitação surpreenderam-no por um instante. Estava acostumado ao azul alvo, que tinha escolhido Anahí. 
Anahí. Por um segundo ao ver àquela enfermeira, tinha passado mal. 
Não se parecia tanto a Anahí, mas a primeira vista qualquer um as teria confundido. Alfonso estava seguro de que Maite não o tinha notado. No trajeto a casa tinha permanecido calada, tranquila. Provavelmente combatendo o sono. O médico tinha dito que o medicamento contra as náuseas produzia sonolência. Alfonso tinha passado o caminho pensando na nova vida que o esperava com Maite. Estava contente. Não delirantemente feliz, mas sim contente. Anahí tinha-o amado profundamente e ele, cansado de sofrer durante tantos anos almejando Maite, lhe tinha correspondido com carinho e doçura. Não obstante, sempre tinha conservado um pequeno rincão em seu coração, dedicado a seu antigo amor. 
Esperando Maite. Jamais, nem num milhão de anos, teria imaginado o que ia suceder. Alfonso sentia-se culpado. Nunca tinha desejado a morte de Anahí, mas lhe custava esquecer que não tinha sido para ela o amante e esposo que merecia. 
Alfonso empurrou a porta e contemplou Maite na cama, dormindo. Seus cabelos castanhos estavam revoltos, seu rosto em paz, seus lábios ligeiramente entreabertos. Sentou-se silenciosamente numa cadeira, aproximando-a da cama, e tomou a mão de Maite entre as suas. Maite piscou. Entre as trevas, surgiu o brilho de seus olhos. Sorriu e girou a mão para apertar a dele.

— Olá. 
— Olá — respondeu Alfonso gozando de um instante mais doce do que nunca tinha imaginado, com medo de perder —. Acho que vou ter que lhe mudar o nome, terei que lhe chamar Bela Adormecida. 
— Que hora é? Quanto tempo estou dormindo? 
— Umas cinco horas. São sete e meia. 
— Sete e meia! — exclamou Maite tratando de sentar-se e arrumar o pijama, que usava desde o hospital. Alfonso esperava que protestasse, que lhe ordenasse para levá-la imediatamente para sua casa, mas em lugar disso Maite só disse: 
— Pobre Finn, mal comi do que me trouxe.
—Não importa estou certo que lhe perdoa se jantar bem. De qualquer modo, vai trazer-lhe sopa outra vez. 
— Pois amanhã já poderei comer algo mais, pode lhe advertir que seus consomes têm os dias contados. 
— Seguirá conosco amanhã? 
— Suponho — respondeu Maite depois de vacilar, mordendo o lábio. Alfonso não pôde resistir à tentação de acariciar esse lábio. Maite sorriu e estremeceu —. Não sei por que me custa tanto me mudar para cá, claro que pensava em fazê-lo quando nos casássemos. É só que... Sempre me cuidei sozinha: é-me estranho que alguém cuide de mim. Faz-me sentir-me mal, não sei por que. 
Alfonso olhou-a compadecido, recordando a pequena menina que sempre se tinha valido por si mesma. Aquela falta de carinho teria acabado com qualquer um, mas para Maite tinha-a feito mais forte. Maite tinha saído vitoriosa. Não era de estranhar que lhe custasse aceitar ajuda dos demais. 
— Não penso liberá-la de todas suas responsabilidades, Mai. Formaremos uma equipe. Por enquanto, temos que ver deforma a estar tudo bem, no mês de outubro. 
Outubro. Dia dezesseis, para ser exato. Essa era a data em que esperavam os gêmeos. No entanto era muito habitual que o parto se adiantasse nas gravidezes múltiplas.

— Sim, tem razão. Aceitarei a ajuda dos demais — suspirou Maite profundamente —. Importa-lhe que fique na cama esta noite? 
Alfonso respirou profundamente aliviado. Melhor não mencionar o fato de que tinha estado em seu apartamento, fazendo uma pequena mala para ela com as coisas mais necessárias. 
— Parece-me perfeito. Amanhã pela manhã irei a sua casa recolher algumas coisas. 

Os três dias seguintes decorreram tranquilos. Finn informou a Alfonso que Maite dormia muito, ainda que chamasse Penny na galeria com regularidade. Pelas noites, Alfonso e Maite falavam sobre os negócios de ambos, ou liam livros sobre natalidade. Era gratificante, mas Alfonso sabia que aquilo não duraria. E quando Maite estivesse melhor, se impacientaria. E quando chegassem os gêmeos... Nem sequer podia imaginar que ocorreria então. 
Naquela sexta-feira Alfonso passou pela galeria, tal e como tinha prometido a Maite. Penny era jovem, mas sua chefa tinha-a treinado bem. Mal tinha o que fazer, exceto autorizar alguns pagamentos e comprovar a contabilidade. Penny tinha começado a ocupar-se das contas, inclusive. 
Ao voltar para casa, Finn não saiu a seu encontro à porta. Alfonso buscou-o pela casa. Então ouviu risos. Procediam do dormitório de Maite. Acercou-se em silêncio e escutou a Maite dizer: 
— Ora! Rainha. Ademais, coloquei-a num espaço que vale o triplo. Assim que são mais trinta... Vamos ver... Quinze. Marque-me quarenta e cinco pontos, Finn. 
— Bruxa! — riu a gargalhadas Finn, que sempre se tinha considerado um campeão do jogo —. Roubou. Amanhã será a revanche. 
— Como queira — contestou Maite alçando a cabeça ao ver entrar Alfonso —. Olá, que cedo chegou! Acabo de ganhar de Finn até as calças. 
— Vantagem só por três pontos — assinalou Finn —. E só porque não pude me desfazer desse “K”, ao final — se queixou se pondo em pé e se voltando para Alfonso.

— Sinto, não o ouvi chegar. 
— Compreendo-o, não há nada como uma garota, para perder a concentração — se encolheu de ombros Alfonso. 
— Não seja machista! — exclamou Maite. 
— Vê se você é capaz de fazer melhor! — exclamou Finn. 
— Meu forte são os números, não as letras — riu Alfonso. 
Finn e Maite guardaram o jogo, e o mordomo voltou a deixar a mesinha e a cadeira que tinha ocupado em seu lugar original. 
— Será melhor que vá fazer o jantar. Apetece-os frango? 
— Ótimo — aprovou Maite voltando-se para Alfonso, enquanto Finn saia —. Finn é muito divertido. Poderia acostumar-me ao luxo de não fazer nada todo o dia. 
Não o aborreceria o fato de que Maite se casasse com ele porque podia manter a ela e seus filhos sem fazer nada, pensou Alfonso. Não tinha utilizado ele precisamente desse argumento, para convencê-la? 
— Pois poderia fazê-lo, se quisesse — contestou Alfonso —. A mim não importa se volta a trabalhar ou não. 
— Pode ser que a você não, mas a mim sim — contestou Maite horrorizada —. Trabalhei muito, para ficar a frente de Perroni Gallery. É algo mais que um simples emprego. 
Alfonso esteve a ponto de contestar-lhe que lhe tinha custado pouco esquecer a galeria durante aquela semana. No entanto calou. O que lhe sucedia? Preferia não pensar nisso. Conhecia a resposta. Tinha sonhado com Maite durante anos, até que por fim se tinha rendido. De repente esse sonho fazia-se realidade, como por arte de magia. Mas só em parte. Sonhava em consumar a parte física de sua nova relação, mas já não lhe bastava nem sequer isso. Queria que Maite o amasse tanto como a amava. Não só num sentido físico, senão também emocional. Queria-a inteira, em corpo e alma, com seu coração e com sua mente. Queria tudo.