Fanfic: O Solteiro de Ouro (Adaptada) Herroni | Tema: RBD Herroni Maite y Poncho

CAPITULO 31

Maite abriu o livro. Na primeira página escrito a mão com letra elegante, figurava o nome de sua avó de solteira. Alfonso passou uma página e ela leu uma inscrição. Estava escrita com a mesma letra: 
— “Para Ellen Kahleen Sulivan, em ocasião de sua primeira comunhão”. Pergunto-me se será a letra de minha bisavó — disse Maite embargada de emoções contraditórias. 
As lembranças de sua avó estavam cheias de medo, de respeito, de ressentimento. Sua avó sempre tinha lhe falado com dureza, com ira, com desaprovação. Se Ellen Sulivan Perroni tinha querido alguma vez a sua neta bastarda, tal e como a tinha chamado numa ocasião, seus sentimentos desde então estavam enterrados no mais fundo de seu coração. Tanto, que Maite jamais tinha podido afastá-los. Mas Maite jamais deixaria que ninguém chamasse assim seus filhos. Se sentiriam queridos. Prometeu-se. 
— Sabe, acho que minha avó me detestava. 
— Maite, eu... 
— Não, Poncho, estou convencida disso. Você cresceu no seio de uma família cheia de amor, e não se dá conta do que significa conviver com uma mulher como ela. Tinha uma forma de ser muito estranha. Minha mãe e meu avô eram como sombras. Mal recordo algo de minha mãe. Não parece triste? 
— Sinto muito — disse Alfonso aproximando sua cadeira à dela e tomando uma mão de Maite entre as suas. 
— Mais sinto eu. Não só por mim, senão também por minha avó. Não teria sido mais fácil perdoar minha mãe, se sentir feliz de ter uma neta sã? 
— Sim, claro que sim. Quem dera pudesse mudar o passado, Mai. 

— Quem dera pudesse fazê-lo eu — sorriu Maite tratando de esquecer —. Era isto o que queria me ensinar? 
— Não exatamente — contestou Alfonso abrindo a Bíblia pelo centro, onde tinham umas páginas dedicadas à genealogia familiar, com anotações sobre nascimentos, mortes e casamentos —. Olha.

Maite ficou atônita. Naquela página estavam escritos todos os dados de três gerações pelo menos, anteriores à de sua mãe. Tudo anotado com detalhes, cronologicamente. Nomes, lugares de nascimento, datas. Estavam também o nome da mãe de Maite e o seu.
Maite jamais se tinha sentido herdeira de nenhuma tradição familiar, nem sequer sentia que tivesse uma verdadeira família. As lágrimas vieram em seus olhos. Então observou que Alfonso assinalava um dado. Maite leu cuidadosamente. A anotação dizia: “Ellen Kathleen Sulivan, nascida em Boston em 09 de 09 de 1918”. A data da morte estava em branco, igual a da mãe de Maite. Não ficara ninguém para anotá-las, exceto ela. 
Maite leu a linha seguinte: “Shannon Mary Sulivan, nascida em Boston em 09 de 09 de 1918. Falecida em Boston em 27 de 09 de 1918”. Maite alçou a vista atônita. 
— Minha avó tinha uma gêmea! 
— Sim, e era menina também — assentiu Alfonso sorrindo —. O que aposta que eram idênticas? 
— Não posso crer — declarou Maite se deixando cair no respaldo da cadeira e pegando um copo de água —. Pobre menina! Só viveu dezoito dias. Leu todas as anotações? — perguntou endireitando-se de novo. 
— Não. Fiquei estático, quando vi isto — sacudiu Alfonso a cabeça —. Deixei o livro e fiquei andando de um lado para outro, um bom tempo. Em algum dia teremos que advertir nossas filhas de que elas também podem ter gêmeos — acrescentou com um sorriso malicioso. 
Maite pegou a Bíblia e leu cuidadosamente todas as anotações.
— Vamos ver se há mais, em outras gerações. Olha, há outro casal de gêmeos, teve-os a irmã de minha bisavó! Não posso crer que não tivesse notícia de uma coisa assim. Como pode ser que nunca me dissessem nada.

— Pode ser que nem sequer sua mãe soubesse — assinalou Alfonso. 
— Sim, é possível. Muito provável, de fato — contestou Maite afastando a Bíblia e suspirando, cheia de frustração — Talvez o fato de saber que a família era propensa a ter gêmeos tenha mudado muitas coisas. 
— Como que, por exemplo? — perguntou Alfonso colocando-se por trás dela e apoiando pesadamente as mãos em seus ombros, para começar à acariciar e lhe fazer uma massagem —. Eu não penso em mudar nada. Dentro de uns meses você e eu teremos duas preciosas meninas. Suponho que será melhor não lhes pôr o nome de sua avó — acrescentou depois de uma pausa, brincando. 
— Depois — contestou Maite séria. 
A sala de jantar ficou em silêncio por uns instantes, enquanto Alfonso continuava fazendo-lhe massagem nos ombros. Lentamente, seus movimentos foram se tornando mais eróticos, mais sensuais. Alfonso deslizou as mãos por seus antebraços e depois afundou os dedos em seus cabelos. Maite gemeu como um gato satisfeito, sobressaltando-se ao escutar o ruído que ela mesma tinha produzido. O pulso começou a acelerar. Maite respirou fundo, tratando de acalmar-se, e levantou uma mão para tomar à dele e beijá-la. 
— Gosto disso. 
Alfonso aproximou-se de seu lado. Lentamente, olhando-a nos olhos, tomou-a pelo cotovelo e a fez ficar em pé. Então colocou as mãos em sua 

cintura e ela voltou à vista para ele. 
— Mai... 
Sua voz soou rouca, atropelada. Maite alçou os braços para rodeá-lo pela nuca, e ele deslizou os braços por sua cintura para estreitá-la contra si, buscando e reclamando seus lábios firmes, profundamente.

Maite estremeceu. Abriu a boca e sua língua dançou, fazendo sensuais círculos junto à dele, enquanto Alfonso a estreitava com força contra seu peito. Os músculos das pernas de Alfonso estavam duros. Maite gemeu uma vez mais ao notar sua virilidade toda contra si. 
Quanto tempo estivera desejando-o, sem nem sequer se dar conta?, perguntou-se Maite. O amor a embargava por inteiro, enquanto abandonava-se em seus braços e suas caricias. Maite esqueceu que estava grávida, esqueceu as recomendações do médico e começou a mexer os quadris fazendo círculos sinuosos contra ele. A excitação cresceu ao notar a resposta de Alfonso. Ele deslizou as mãos por suas costas e colocou as palmas sobre seu traseiro, pressionando-o contra si. Maite gemeu e se estreitou contra ele, tratando de aproximar-se ainda mais. Mas então ele afastou a boca. 
— Chega — disse Alfonso com respiração entrecortada, alterado —. Não... se... mova. 
Maite parou, surpreendida e incapaz de compreender. Alfonso respirava aceleradamente, seu peito alçava-se e caía junto ao dela, fazendo-a estremecer. Alfonso soltou-a e colocou-a de novo no chão. Gemeu ao sentir o corpo de Maite deslizar-se para abaixo, contra o seu. Agarrou-a e fez-lhe dar um passo atrás. 
—Mai... 
— Por que não? — perguntou ela alçando a vista para ele, com evidente incomodo. 
— Acredite, não é minha escolha — sorriu ele, mostrando também sua frustração —. Não há nada que deseje mais que fazer amor, mas não podemos. Ordens do doutor, lembra? 
— Deus! Em que estaria eu pensando? — exclamou Maite recordando de repente. 
— Não pensava — sorriu ele maliciosamente, com olhos brilhantes —. Nem eu. Mal posso esperar o dia em que o médico nos diga que está completamente bem — acrescentou tomando sua mão esquerda para ver os anéis —. Mas a última coisa que desejaria neste mundo é pôr em perigo nossas filhas.

— Tem razão — suspirou Maite, com os joelhos trêmulos ainda —. Aborrece-me admitir, mas tem razão. Obrigada por parar — acrescentou pondo-se na ponta dos pés e beijando-o brevemente —. Não sei se teria conseguido. 
Alfonso gruiu de mau humor, tomou o rosto de Maite entre suas mãos e a beijou uma última vez com paixão, antes de soltá-la. 
— Ótimo. Obrigado por dizer. Já ia ser difícil dormir, sem necessidade de saber... 
— Sim, mas que gesto tão nobre por sua parte — riu Maite tampando a boca e rindo —. É muito romântico... 
Maite interrompeu-se ao ver transformar-se a expressão de Alfonso. Seu comentário tinha sido sumamente estúpido. Jamais devia esquecer que não tinha nada de romântico no acordo matrimonial ao que tinham chegado. Alfonso aclarou a garganta e comentou:
— Será melhor que vá para cama. Está de pé há muito tempo. 
— Sim, vou — contestou Maite apressando-se em escapar, antes que as lágrimas escorregassem por suas bochechas.