Fanfic: Biology AyA | Tema: RBD, AyA

- Por que você demorou tanto pra sair da escola ontem? – Maite perguntou, batendo o pé junto com a bateria da música enquanto ouvíamos música no volume máximo do meu iPod.
- Cheguei atrasada na aula do Herrera e não consegui terminar de copiar o relatório antes do sinal tocar – respondi, disfarçando um sorriso maligno – Você sabe que eu tenho problemas pra decifrar a caligrafia dos professores.
Estávamos sentadas no chão do pátio do colégio, de frente pra porta por onde entraríamos logo e começaríamos mais um dia de aula. Faltavam apenas dez minutos pra que o sinal tocasse e as portas das classes fossem abertas, mas ainda assim a escola estava praticamente deserta.
Olhei na direção da rua, refletindo sobre o dia anterior enquanto Maite falava alguma coisa sobre a prova de química. Como duas pessoas podiam influenciar tanto meu humor de formas tão diferentes? Primeiro o sr. Ron, todo carinhoso, perfeito e maravilhoso. Depois, o sr. Herrera, totalmente idiota, ridículo e frouxo. E o mais curioso de tudo, eles eram amigos! Essa vai pra minha lista de mistérios da humanidade que eu adoraria desvendar.
Enquanto observava os poucos carros que passavam em frente à escola, um suéter verde musgo ambulante chamou minha atenção. Ergui meu olhar na direção do rosto da pessoa que caminhava escola adentro, e me deparei com um par de olhos castanhos me olhando. Sorri de leve, doida pra agarrá-lo ali mesmo como sempre. Aquela blusa verde era um clássico no guarda-roupa dele, todas as vezes que eu o via usando aquele suéter, era tentação na certa. Deus, eu realmente amava cada detalhe naquele homem.
- Bom dia, meninas – o sr. Ron sorriu ao passar por nós, carregando mil pastas cheias de papéis e uma mochila que provavelmente continha mais pastas iguais às outras. Tenho certeza de que Maite não notou nada de especial naquele sorriso, mas eu o vi de um jeito totalmente diferente.
- Bom dia, professor – respondemos, em uníssono, o que só fez aquele sorriso aumentar. O sr. Ron continuou a andar normalmente em direção à sala dos professores, e eu o segui com o olhar disfarçadamente. Oi, como você consegue ser tão gostoso aos 30 anos de idade? Não posso esquecer de perguntar isso a ele um dia.
- Você tem razão – Maite disse, e eu mais que depressa parei de secar o sr. Ron para olhá-la. Fiz cara de pastel de vento e ela completou a frase – Ele é lindo demais.
Não deu pra não rir daquele comentário, ainda mais com os recentes acontecimentos.
- Pois é, minha cara – suspirei, assentindo devagar – Ele é simplesmente perfeito.
Maite também suspirou e começou a observar a rua vagamente. Sem vergonha, logo voltei a encarar o sr. Ron, que havia parado em frente à sala dos professores pra conversar com uma coisa loura, alta e magra que atendia pelo nome de Miranda Keaton. Eu ainda acertava minhas contas com aquela lambisgóia oxigenada um dia, pode apostar.
- Segura a emoção aí, Any – ouvi Maite rir disfarçadamente, abaixando seu olhar pra disfarçar ainda mais o riso – Sua alma gêmea tá chegando.
Franzi a testa, sem entender, e me virei na direção da saída do colégio. Dei de cara com o professor Herrera chegando, com a maior cara de sono e os cabelos despenteados de um jeito proposital. E atraente, pro meu desgosto.
- Não sei por que eu fui olhar, eu já devia saber que era ele – resmunguei, revirando os olhos e olhando rapidamente pra porta da sala dos professores, agora sem ninguém ao seu redor. Beleza, o sr. Ron e a srta. Keaton já deviam estar no banheiro mais próximo dando sua rapidinha matinal. E eu ali, perdendo meu tempo observando o contorno dos ombros do sr. Herrera, realçados pela blusa pólo azul marinho que ele usava.
Espera aí. Credo, que nojo! Por que eu agora estava com a péssima mania de ficar observando os detalhes daquele verme? Tudo bem que eu adoro ombros masculinos (não só ombros, mas isso não vem ao caso), mas ficar olhando os do Herrera já era desespero demais! Nota mental: evitar encarar qualquer parte do corpo daquele exu.
- Nem bom dia ele dá – Maite comentou, medindo-o de cima a baixo quando ele já tinha passado por nós – Dá pra entender totalmente por que você o odeia tanto.
- Eu odiá-lo tanto tá beleza, agora ele me odiar também é péssimo pra minha nota – bufei, fazendo uma careta – Mas eu não ligo, prefiro ir mal a ter qualquer tipo de simpatia com esse crápula.
- Fala, Herrera – ouvi uma voz conhecida dizer, e vi o sr. Ron surgir do nada com a srta. Keaton.
- Oi, José – o sr. Herrera resmungou, parecendo indisposto. Provavelmente tinha comido alguma aluna do primeiro ano e como ela não devia saber nem beijar, não foi bom e ele ficou de mau humor. Idiota, quem ele pensava que era pra chamá-lo de José? Ele não merecia aquela intimidade toda!
- Não esqueceu o futebol com o terceiro ano depois da aula, né? – José (se o Herrera podia, eu também podia) perguntou, como se já previsse a careta que o amigo fez.
- Totalmente – ele respondeu, batendo com a palma da mão na própria testa – Se bem que eu não ia jogar de qualquer jeito, não dormi nada essa noite.