Fanfic: Os Lados Do Amor | Tema: Lésbica, Homosexualidade

Júlia

Olhei meu rosto no espelho grande do meu quarto, encarando uma garota de cabelos castanhos, levemente ondulados nas pontas, que caíam perto da cintura e emolduravam um rosto de pele alva, olhos grandes e espertos num tom entre castanho e verde que me encaravam sorrateiramente esperançosos.

Aquela garota que me olhava fixamente através do espelho, tinha muitos planos para aquela noite, depois de dois meses e meio de férias estava se aprontando a voltar para a escola, mais especificamente segundo ano do ensino médio na principal escola particular da cidade, e seria a primeira vez que veria Róger, seu ex namorado, e esperava causar no mínimo surpresa no garoto com seu novo visual sexy.

Ouvi um som vindo da minha cama, sorri desviando a atenção do espelho e de meus pensamentos e encarando Karen, minha melhor amiga, pelo espelho, ela estava sentada terminando de calçar as sandálias de salto altíssimo e falou provocante:

-- Você hoje se vestiu para arrasar, os garotos não vão ter olhos para mais ninguém.

Essa era a intenção, pensei me olhando outra vez, a maquiagem estava perfeita, a mini saia mal cobria meu bumbum, as pernas estavam bronzeadas e brilhantes por causa do sol tomado na praia durante minhas férias, a blusa de um ombro só não cobria toda a barriga e deixava a mostra a cintura fina, com certeza Róger pagaria caro por ter terminado comigo novamente.

-- Você está tramando alguma coisa. -- ouvi Karen comentar e sorri confirmando com um movimento de cabeça, passei as mãos pelos cabelos num gesto sedutor e completei:

-- Estou pronta para rever o Róger.

Karen ficou em pé e segurando a mão da amiga a fez fazer uma volta e falou:

-- Ele vai ficar doido ao ver você assim e perceber a burrada que cometeu ao terminar o namoro.

Sorri para minha amiga e confessei a verdade, para Karen não poderia mentir, ela sempre foi minha melhor amiga, desde que me conheço por gente.

-- Estou morrendo de saudades dele Karen.

-- Eu sei. -- ela falou me abraçando.

-- Espero que ele também sinta minha falta. – falei por fim suspirando

esperançosa, alguma coisa me dizia que aquela seria uma noite muito especial.

Luca

Deitada na cama de minha irmã, eu olhava o teto pensando nas coisas que teria que arrumar para a viagem no dia seguinte. Finalmente as aulas começariam, e uma certeza me dizia que nesse semestre muitas coisas seriam diferentes, não seria mais caloura, os momentos de dificuldade com a adaptação haviam passado, bem, ao menos assim esperava que fosse.

-- Em que você tanto pensa? -- a voz melodiosa de Joana me distraiu, lentamente ergui a cabeça e soltei um assobio antes de falar:

-- Você está maravilhosa! Os garotos vão cair matando!

Ela deu uma volta como se estivesse desfilando e falou:

-- Espero que nesta cidade exista alguém interessante. – com um gesto rápido fechou o zíper do vestido.

Me sentei apoiada nos braços e fui sincera:

-- Pelos seus critérios é complicado ter um que se encaixe.

Ouvi o riso suave de minha irmã que me fizeram falta por muitos dias quando saí de casa para ir estudar fora, sentando ao meu lado ela respondeu suavemente:

-- Sempre aparece alguém...e você...a Bete ligou?

Apertei a boca antes de responder:

-- Não, até agora nada! Acho que desta vez é mesmo o fim.

Joana se recostou no meu braço e falou sincera como sempre:

-- Você está muito tranquila, acho que o amor acabou, você não é de ficar na espera quando gosta mesmo de alguém.

Sorri e fiquei em pé encarando meu rosto no espelho antes de falar:

-- Se é que algum dia foi amor... mas você tem razão, não costumo descansar até conseguir o que, o quem eu quero, depois, sei lá, perde a graça... na verdade acho que nunca senti nada sério.

Minha irmã se aproximou e me abraçou pela cintura, encarei nossas diferenças pelo espelho, os cabelos longos, lisos e dourados dela herdados de minha mãe em contraste total com os meus quase pretos, também lisos, mas curtos, apenas a pele clara e os olhos castanhos eram parecidos, ninguém diria que somos gêmeas.

- Sabia, eu já saiba que você nunca gostou de ninguém, não de verdade...

Me virei e apertei as bochechas rosadas antes de falar:

-- Olha quem fala! Você também nunca gostou de ninguém.

Duas batidas na porta nos interromperam e logo depois um rosto pequeno e bonito de profundos olhos verdes surgiu perguntando:

-- Prontas? Pedro e Luísa estão esperando só por vocês dondocas...

Me irritei ao ouvir isso, eles ficaram lá embaixo e mandaram a pequena para nos avisar, sabiam que se viessem eu daria uns sopapos nos dois por não saberem esperar e falei alto para que eles pudessem ouvir:

-- Diga que esperem, Joana ainda está se maquiando.

Joana nesse momento segurou carinhosamente minha mão e disse:

-- Calma Luca! Estou pronta, vamos logo, ou vamos chegar atrasadas...

Sorri de leve, minha irmã com seu jeito algumas vezes doce, outra vezes teimoso, era uma das poucas pessoas que eu atendia no mundo, e pegando o boné o coloquei sobre os cabelos, virando-o para trás, encarei meu rosto no espelho mais uma vez, estava pronta, calça jeans, tênis, camisa, um bom perfume, que não vivo sem e tudo estava pronto.