Fanfics Brasil - Capítulo II. Seja Bem vindo a Londres. Peripécias Surreais

Fanfic: Peripécias Surreais | Tema: Seres fantásticos, mitos, loucura.


Capítulo: Capítulo II. Seja Bem vindo a Londres.

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Enquanto descia as escadas, levianamente incrédulo com o tempo chuvoso, Sr. Morment pensava se tinha feito à escolha certa ao contratar P para cuidar de sua mansão. Era um sentimento duvidoso e ao mesmo esperançoso. Deixou o tempo falar por si mesmo.


Quando estava chegando perto de sua poltrona favorita as 09h45min, ouviu o som da campainha. Seu coração acelerou e ficou surpreso pela pontualidade de P. Mesmo sendo típico londrino, ele não esperava isso de alguém tão jovem.


Enquanto levantava-se para abrir a porta, o assoalho fazia um barulho diferente, como se os móveis e outros objetos de madeira conversassem entre si sobre a nova pessoa que estaria em casa de segunda de manhã, até o sábado à tarde. Como se estivessem inquietos e curiosos; e nem parecia que já tivessem conhecido P antes.


Quando o assoalho se aquietava, a madeira estrondosa e grossa da porta fez um “toc” forte e intenso. Gostaria de ter repreendido P por tal atitude grotesca, mas decidiu apenas esboçar um sorriso largo com os olhos e dizer um bom dia solene e suave.


P estava com uma bolsa cheia de livros românticos, uma máquina fotográfica de última geração e um álbum de foto que parecia pertencer a uma jovem londrina. Dessas jovens que gostam do preto e do branco entrando em sintonia em roupas de marcas famosas. Ao lado direito da bolsa estava seu guarda chuva verde-musgo, todo encharcado da chuva matinal. Deixou o guarda-chuva do lado de fora, rapidamente colocou a bolsa de baixo do seu braço e entrou na sala com um olhar delicadamente sereno e inseguro.


Os móveis da mansão estavam novamente inquietos, fofocavam de forma nada civilizada; pareciam estar loucos para se movimentarem e fuçarem na bolsa cheia de objetos novos. Amigos e parentes para eles. Móveis são difíceis de lidar de tempos em tempos. Falta de verniz talvez. Ou excesso.


Depois de remexer em seus livros, pegou o álbum de fotos, sorriu levianamente para Sr. Morment e o apontou para a sua direção.


- É de presente para Maryanne. Eu sei que ela é uma menina muito doce.


- Fico muito agradecido, assim que ela sair da biblioteca lhe entregarei.


- Bem, por onde posso começar? Disse P, de forma astuta e ágil.


Depois de explicar todo o procedimento para P, que ouvia e degustava das palavras de Sr. Morment com muita adoração. Notava-se por sua seriedade que não estava ali para brincadeiras, e ao mesmo tempo, a experiência de 12 anos estava exposta em seu olhar tranquilo quando os desafios eram propostos. Depois de tudo dito, se retirou da sala principal, foi até o escritório onde Sr. Morment realizava pesquisas históricas, e começou organizar alguns papéis sobre o tal website que estava entrando na rede naquele mesmo dia.


            A mansão onde Sr. Morment morava era de extrema importância. Uma mansão centenária, que pertenceu a diversas figuras importantes. Estudiosos por assim dizer. Esses estudiosos que lá viveram, eram estudiosos da teologia, verdadeiros mestres e doutores. Reunirão acervos históricos de preço artístico esplêndido. Os estudiosos viviam na mansão como eternos convidados. A família Morment sentia muita admiração por arte e história, e não perdeu a oportunidade de oferecer a mansão para todo o acervo ser mantido nela, assim como os estudiosos.


Durante 143 anos, eles viveram na mansão. Até que a sociedade foi extinta. Todos os membros hoje estão mortos. Alguns de forma trágica. Outros nem tanto. A vida, vocês sabem; uma hora chega ao fim. Uma de nossas certezas é a morte.


E todo o acervo, ficou para o que restou da família, apenas Maryanne e Sr. Morment. Tantos livros, tantas pinturas e esculturas, que Sr. Morment achou egoísta demais apenas ambos poderem aprecia-las. Por isso, ao entrar no tal do website, pessoas de qualquer lugar do mundo podem ver imagens da mansão, e se forem aprovadas, podem visita-la.


A mansão se tornou um museu de angelologia, onde as esculturas falam através dos olhares, os livros se manifestam e contam suas histórias, e até os anjos em pinturas observam os movimentos dos moradores e visitantes, enquanto esses satisfazem seus desejos carnais e espirituais. Um pouco constrangedor, por assim dizer.


P depois de organizar a papelada do escritório, se dirigiu até a biblioteca com intensões de se apresentar a Maryanne. Havia ansiedade em saber se ela já tinha ganhado o álbum que ele tinha feito com tanto esmero.


- Você deve ser quem coordenará a casa... Quero dizer... – Maryanne se sentiu desconfortante ao quase usar o termo formal. Era uma jovem de quatorze anos e formalidade não era seu forte. – Me desculpe. – Disse com as maçãs do rosto vívidas.


P sorriu, respirou fundo e disse de forma um pouco infantil – Não se preocupe querida, pode me chamar de P. É curto e fácil de lembrar não? Ah! Vejo que seu pai lhe entregou o álbum, espero que tenha gostado.


- É lindo, mas, não sou boa com fotografias. – A timidez já havia desaparecido de M. e era possível notar um tom de amizade surgindo no local. P tinha uma aparência muito jovem, e seus traços eram de crianças de comerciais de fraudas e pomadas, então logo a infantilidade de seu ser contagiou M., que se sentira querida.


- Não se preocupe quanto a isso. Adoro fotografar, e tenho grande talento se assim posso me gabar. Quando tivermos um tempo livre, posso lhe ensinar mais do que seu dever de casa.


- Maryanne – Disse Sr. Morment de forma grotesca. – Está na hora de ler o livro que eu havia lhe pedido. Vamos, chega de conversinhas. – A reprovação de Sr. Morment foi aparente. P estranhou tal atitude; parecia que Sr. Morment sentia ciúmes de um modo que P poderia em qualquer momento roubar Maryanne dele.


Decidindo guardar seus sentimentos para si mesmo, P saiu cabisbaixo do local e foi até a cozinha tentar ajudar de alguma forma. Enquanto se retirava formalmente, Sr. Morment o observava com um olhar de ódio e desejo por algo. Aquela casa por muito tempo não sentia uma vibração tão intensa.


A cozinha estava agitada desde cedo, as panelas faziam um som parecido como de uma bateria em execução. A cozinheira tinha um sorriso corporal esplêndido! Tinha gingado e curvas muito abrasileiradas; mesmo não sendo natural do Brasil. Quando ela notou P na cozinha, e sua expressão incrédula, logo parou por um tempo de agitar alguns temperos e arregalou seus olhos negros e fez uma pergunta direta e cigana.


- Vejo que conheceu Maryanne e naturalmente, as reações estranhas de Sr. Morment. Você é iniciante aqui e sei que tem experiência em lidar com famílias, e essa não é muito convencional quanto parece. Seus costumes fogem da realidade às vezes, mesmo com o mundo tão mudado como está. Apenas aviso-lhe para se acostumar com algumas visitas de Sr. Morment no quarto de Maryanne à noite. Ele diz que seu choro é devido às chuvas, mas creio eu que não. E nunca tivemos essa conversa, mas fique atento e de bico calado. Você entrou numa casa não muito fácil de lidar, o silêncio é a resposta.


P notou que aquela mansão era movida de olhares. Tudo se respondia com um olhar sereno e gélido. Sua reação não foi de muita surpresa, e já havia imaginado tais acontecimentos naquela casa. A reação de Sr. Morment parecia muito familiar, com a de alguns conhecidos, de outros tempos. 



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Autor(a): Denis Pinheiro

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Sr. Morment, deitado em sua cama macia e despida, estava lendo seu livro favorito desde que tinha dezoito anos. Infelizmente, era impossível ver o nome na capa; o tempo desfragmentou todo o dourado das letras, e o que sobrará foram apenas brilhos pequeniníssimos de alguns fragmentos que se tornaram resistentes mesmo com o passar do tempo. A capa azul cel ...


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