Fanfics Brasil - Capítulo III. O verdadeiro inimigo. Peripécias Surreais

Fanfic: Peripécias Surreais | Tema: Seres fantásticos, mitos, loucura.


Capítulo: Capítulo III. O verdadeiro inimigo.

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Sr. Morment, deitado em sua cama macia e despida, estava lendo seu livro favorito desde que tinha dezoito anos. Infelizmente, era impossível ver o nome na capa; o tempo desfragmentou todo o dourado das letras, e o que sobrará foram apenas brilhos pequeniníssimos de alguns fragmentos que se tornaram resistentes mesmo com o passar do tempo. A capa azul celeste era um marco em sua cabeceira.


P entrou com passos suaves, com uma roupa leve e cheia de vida. Parecia uma pérola feita de ceda, e seus caimentos eram como gotas de chuva em uma janela. Aproximou-se da cama com uma xícara de chá na mão. Badalava quinze horas no relógio da sala principal, no qual era possível ouvir com precisão devido à porta ter continuado aberta. Junto com os badalares, veio uma corrente de ar gélida e sombria. Sr. Morment com um olhar fixo no livro, se desconcentrou ao perceber seu arrepio na pele que contagiou seus pelos loiros do braço e os tornaram uma alegoria em êxtase. Olhou para P que entendeu o recado instantaneamente, era necessário fechar a porta.


Está com um olhar diferente, jamais visto por mim. Pensou Sr. Morment ao analisar P enquanto tirava os olhos de encontro com os seus. O olhar frio, preciso e tímido, estava quente, estrondoso, e era notável a metamorfose dos olhos verdes para uma tonalidade parecida com o céu em domingos de sol. Fortemente azulados.


Ao fechar a porta, P respirou profundamente, e enquanto se virava para a cama com uma voz de tonalidade um pouco diferente disse:


- Precisamos conver...


A palavra conversar foi interrompida quando P ao se virar, levou um susto ao dar de cara com Sr. Morment de pé a sua frente. Arregalou seus olhos levianamente azuis naquele dia, e depois disso, tudo começou a ocorrer de forma lenta e estranhamente carnal.


 Era possível sentir a respiração de Morment se manifestando cada vez mais rápida. Seu coração pulsava de tal maneira, que sua pele se estremecia. Seu peitoral que estava sempre vivido se encontrava agora mais pálido e reluzente. Devido à iluminação do local talvez. As cortinas estavam escancaradas, e a chuva com sol tornará a casa uma fonte de luz para o mundo. O lençol que embrulhava o corpo de Morment começou levianamente cair e entrar em choque com o chão frio. Em poucos segundos, se encontrava totalmente nu. De uma beleza tão estrondosa que era possível notar os quadros de mulheres do século XVII envergonhadas e alguns outros de uma geração futura, com desejos escondidos de baixo de cedas puras vindas da China, suas carnes se tornavam quentes.


P sentiu sua boca seca, o coração a bater devagar, mas com muita força, como se seu sangue saísse em formato de bolas e se espalhasse pelo seu corpo que se tornara mais quente. A sensação era parecida com um banho de inverno, a vontade de parar era descartada. Seu corpo aclamava por horas daquele prazer confortante.


Quando tomou coragem, desviou o olhar do ombro do Sr. Morment, e o olhou nos olhos que ardiam de desejo e mistério. Por mais que já estivesse entendo tudo que estava acontecendo, e o caminho que aquilo levaria daqui alguns minutos. Sentia medo de se aproximar, ou tentar algo. Sua alma pura e infantil dopou seu coração com inocência e impediu de agir por vontade própria. Tinha medo de cometer algum erro. Nada foi planejado.


Os pés de Sr. Morment se aproximaram ainda mais dos seus, os olhares conversavam e se entendiam, as peles de ambos se tornaram da mesma tonalidade. Logo a mão direita de Morment tocou o braço de P. Que estava com suas veias saltadas, vívidas; uma aflição para Morment. Aqueles braços magros e frágeis, qualquer aperto dava a impressão que as veias rasgariam e o lençol branco estendido no chão se tornaria vermelho vivo.


O modo em que a mão pesada e envelhecida buscava a confiança corporal de P, as suas costas estavam incontroláveis. Estavam arrepiadas e fora de controle, cheias de vida e prontas para impulsionar o resto do corpo para cima de P. E como numa profecia, assim foi feito. Um braço se entrelaçou na cintura de P, enquanto o outro seguiu o caminho de seus cabelos louros e sedosos.  Estavam totalmente conectados, com carnes corporais cheias de calor.


Depois disso, as damas dos quadros começaram a observar a chuva que descia do céu com mais força; e fingiram que nada estava acontecendo no local. Até mesmo o celular de Morment forçou toda sua bateria e se esgotou num sono profundo, para deixar de observar tal cena.


A velocidade e o impulso que os levaram até a cama foi impossível de se medir, de tanta rapidez e agilidade que se aconteceu. Logo, o casaco de P foi de encontro com o lençol branco que ficou perto da porta.


Nenhuma palavra foi dita durante quatorze minutos inteiros; apenas beijos e mordiscadas nas peles eram feitas. Até que quatorze minutos e um segundo depois do inicio da cena corporal, P sussurrou no ouvido de Sr. Morment.


- O que você sente por mim?


Morment permaneceu calado.


- Estou perguntando, quais são seus desejos?


O silencio, ainda reinava.


- E se eu fosse mais inocente? Aquilo que você tanto admira.


Morment por um momento parou de beijar a pele do pescoço de P, e ficou surpreso com tal pergunta. Enquanto isso, P começará a tirar sua blusa feita de lã.


- Não vai mesmo responder minha pergunta?


Morment se irritou com o questionamento, e quando se preparava para tirar P  de cima do seu corpo, a blusa de lã se rasgou e duas imensas asas cinzas de abriram por trás de P.


Aquelas asas vívidas e geladas criaram uma sombra infernal por cima da cama. A iluminação que era Londrina se tornou catastrófica e nada apreciável. Quando Sr. Morment entrou em total delírio ao ver a cena, quis gritar, sorrir, chorar, ter medo, ter amor. Mas não sentia nada disso. Apenas sentia desejo pelo futuro. Os três segundos que estavam por vir, se tornaram minutos na cabeça de Morment. Ele imaginará todos seus futuros sonhos, a realização de todos os que sonhou desde sua adolescência. Conhecer um anjo, ou a criatura chamada morte, o descobrimento do desconhecido, a mitologia se tornando história real. Toda a vida que estava por vir cheia de realização e novidades que ninguém da humanidade havia antes conhecido. Pelo menos, ninguém daquela nova era. Ele era o escolhido, sim ele era o homem escolhido para conhecer toda a ciência por trás do desconhecido.


Depois desses três segundos, quando seus olhos começaram a sorrir e o sentimento de carinho por P começou a se tornar paixão, no meio das penas da asa esquerda, P tirou uma faca feita de prata pura, lançou-a para sua mão direita e com precisão e rapidez, cortou o pescoço do Sr. Morment duas vezes. Da esquerda para direita, e depois da direita para esquerda. O sangue jorrava com voracidade.


Depois dos cortes, Sr. Morment viveu por apenas mais dezoito segundos. Quinze segundos foram o suficiente para perder todas as esperanças, e sentir ódio de si mesmo por ser tão tolo. E os outros três, foram o tempo para aceitar o fato que estava morrendo. Quando seu corpo faleceu, a curiosidade do espírito prevaleceu durante horas. Estava pensando como seria agora, depois da morte. Para ele, nada digno, se assim posso dizer.


 


Por mais que o único som do local fosse o da chuva. Eu gosto de imaginar os fatos a seguir com uma música clássica ao fundo. Alguma música com o violino dramatizando com mais intensidade que os outros instrumentos. Deveras expectativa terá se imaginar isso também.


P, com o rosto sujo de sangue, lambeu a faca e limpou o resto do sangue com a mão do Sr. Morment. A esquerda é claro, a direita estava ensopada de sangue. Levantou-se com muita leveza, suas asas deram um impulso no ar e levaram-lhe até a porta em questões de segundos.


Ao se deparar com um espelho no corredor que levava para o escritório, encontrou o motivo pelo qual Sr. Morment se apaixonará. Estava reluzente de beleza humana, tanta beleza que por um momento, sentiu aprecio.


Ao entrar no escritório, pegou um livro que tinha fitas da cor rosa na capa, e outra fita dentro de um livro amarelo ouro que estava abaixo de um quadro que supostamente seria do Arcanjo Gabriel.


Quando juntou as cinco fitas, se dirigiu até a porta principal, e levantou voo sentido a França. 



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Autor(a): Denis Pinheiro

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