Fanfic: Anjo da escuridão {AyA} [Terminada]

       —Ao diabo com todos os homens! —exclamou Maite ao abrir a porta de seu apartamento onde Anahí e ela passariam a noite. Christian dormiria na casa de seu melhor amigo e padrinho de bodas. — Necessita um brandy —anunciou Maite enquanto se dirigia ao gabinete das bebidas. —Parece um morto.

       —Não —lhe indicou Anahí.

       —Nem sequer um pouco? Muito bem —aceitou Maite ante a negativa reiterada da Anahí. —À cama, então. Levarei-te o jantar.

       —Maite, já são as dez..

       —Devemos ficar em casa como boas meninas —comentou Maite, molesta. —Isso de ir ao clube foi idéia de Christian.

       —Cedo ou tarde tinha que me encontrar com o Alfonso —Anahí se obrigou a sorrir. —Não se preocupe por isso.

       —Tão inocente me achas? Está destroçada.

       —Estava escrito —Anahí elevou os ombros. —Vai se casar, a quem lhe importa?

       —Devia lhe dizer a verdade faz meses!

       —Maite...

       —Afastou-o com deliberação deixando acreditar que havia algo entre Christian e você...

       —Não sabia que estava grávida...

       —E logo lhe disse que não é seu filho —replicou Maite.

       —Acredita que ele queria escutar que o é? —ao ver a careta de seu amiga, Anahí riu com amargura. —Fiz bem, Maite. Já o superei. Não tenho cara de mártir.

       —De verdade pensas assim?

       —Sim —Anahí foi para a cozinha. —E onde está esse jantar que não requer preparação?

       —Já sabe quem te envia esses deliciosos mantimentos cada mês?

       —Tomaso, é obvio —Anahí sorriu. Fazia meses que recebia um pacote de luxo do Harrods.

      —De seu padrasto? —Maite riu. —Pensei que tinha um admirador secreto.

      —Sobretudo no estado em que me encontro —comentou Anahí.

      —Está segura de que é ele?

      —Quem mais? —perguntou com ironia. —Tratei de fazê-lo confessar, mas ele o negou, como era de esperar. Não gosta que lhe dêem os obrigado. Tem que ser ele. Incomodou-se muito quando me neguei a aceitar sua ajuda econômica.

Mais tarde, na habitação de convidados do apartamento, as lágrimas corriam silenciosas pelas bochechas de Anahí e tão rapidamente como fluíam, a garota as secava. Alfonso ia casar se. Isso não era o fim do mundo. Sairia adiante sem ele... Seu matrimônio não era mais que o último ato de uma comédia grotesca.

Por que a alterava tanto? Embora lhe houvesse dito a verdade e Alfonso tivesse aceito que era o pai de seu filho... inclusive embora lhe tivesse pedido que se casasse com ele, ela o teria recusado. Disso estava segura. Era provável que o amasse com essa loucura que às vezes aflige às mulheres, mas Alfonso não lhe agradava e a repudiava a idéia de casar-se com um homem que de antemão lhe dizia que seria infiel a sua mulher. Não, por mais que lhe doesse, estaria mais segura se mantinha seu futuro em suas próprias mãos.

À manhã seguinte, durante o café da manhã de casamento com o Christian e Maite, voltou-lhe a dor do abdômen. Teve que levantar-se da mesa e sentiu mais no banheiro, mas se arrumou a maquiagem que cobria sua palidez antes de retornar.

      —Acredito que deve ir a casa e lhe deitar —lhe indicou Maite quando se tirava o nada convencional vestido de noiva, assistida pela Anahí. —Tanto agitação te esgotou.

Para então Anahí se sentia bastante mal e estava um pouco assustada. A dor era mais intensa. Sabia que deveria visitar seu doutor, mas estava decidida a não arruinar a festa de casamento de seus amigos. Meia hora depois se despedia deles e se dirigia a procurar um táxi à entrada do hotel quando uma pontada terrível a fez dobrar-se. Com um gemido afogado se levou as mãos ao ventre e tratou de chegar a uma cadeira, mas desmaiou no vestíbulo.

       —Se ela morrer, nunca lhe perdoarei isso! —Daisy cruzou a sala de espera correndo e banhada em lágrimas. —Tem idéia de quão perigosa é uma apendicite aguda a estas alturas de sua gravidez? Tem que operá-la, mas pode perder o bebê. Se esse menino morrer, jamais lhe perdoarei isso tampouco, Alfonso!

        —Daisy... Daisy... —Tomaso tratava de tranqüilizá-la, abraçando-a. —Alfonso não veio aqui para...

        —A que veio? —soluçou a mulher. —O que faz aqui agora?

        —Hoje se casaram os dois melhores amigos de Anahí —manifestou Alfonso, tenso. —Por isso estou aqui.

        —E isso o que tem que ver com isto? —indagou Daisy, assombrada.

Anahí recuperou o conhecimento em uma habitação estranha. Tinha a garganta ressecada, doía-lhe a cabeça e agora tinha uma dor diferente. Para sua sorte já não era intenso, só uma moléstia intermitente.

       —Onde estou?

       —Na sala de recuperação.

       —Recuperei-me? E meu bebê? —perguntou aterrorizada.

       —Defendendo-se como um troiano —a enfermeira sorriu antes de que a vista de Anahí voltasse a nublar-se.

A seguinte ocasião em que despertou, sentia-se um pouco menos alheia ao mundo. Sua mãe lhe sujeitava a mão entre soluços depois de lhe explicar a situação.

       —O que me aconteceu? —perguntou com voz débil.

       —Por que não foste ver o doutor? —perguntou sua mãe entre soluços depois de lhe explicar a situação.

       —Essa era minha intenção.

       —Tomaso quer que veja o Alfonso —informou Daisy.

       —A... Alfonso? —repetiu Anahí e tratou de endireitar-se, mas a enfermeira a sujeitou com firmeza. —O que faz aqui?

       —Quer vê-lo?

       —Não... por favor, não —a garota apertou as pálpebras e uma expressão de dor apareceu em suas feições.