Fanfics Brasil - Anjo da escuridão {AyA} [Terminada]

Fanfic: Anjo da escuridão {AyA} [Terminada]


Capítulo: 4? Capítulo

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Capítulo 2


 


Anahí o olhou de pés a cabeça. Estava maravilhoso.


       —Que atrativo é –lhe havia dito quando o viu pela primeira vez à tenra idade de treze anos. Para sua surpresa, Tomaso riu. Alfonso não.


E ao passar do tempo, seguia admirando-o. Parecia um príncipe tártaro de brilhantes olhos escuros e nariz aristocrático. O efeito total era sensualmente devastador. Aos treze anos não sabia o que o fazia tão perturbador. Agora sim.


Esse homem era muito sensual. Irradiava energia. O ar mesmo vibrava a seu redor e Anahí voltou a perguntar-se, como fizesse muitos anos atrás, como seria estar com ele na cama.


Uma vozinha interior lhe recordou que não era ignorante por completo nesse sentido e a mortificação a envolveu. Não a surpre-endia que essas imagens a visitassem nesse momento. Era a primeira vez que se olhavam frente a frente depois dessa abominável noite mais de seis anos atrás.


       —A polícia. –lhe recordou Alfonso com ironia. —Não disse que ia chamá-la? Ou talvez creia que a publicidade pode te prejudicar?


      —Como convenceu ao guarda para que te deixasse entrar? –perguntou a garota, controlando-se.


      —Disse-lhe que tem tendências suicidas –lhe indicou Alfonso. —E possivelmente as adquira quando terminar contigo.


      —Fora! –ofegou Anahí. —Fora de meu apartamento!


      —Não será teu por muito tempo –lhe indicou ele com divertida crueldade. —E sairá perdendo na operação... Seu preço de venda não cobrirá o valor da hipoteca.


      —Maldito, vá pro inferno! –interrompeu-o ela, trêmula. —Sei a que te refere. Não sou tola...


      —Mas não conseguiu passar em nenhum dos caros cursos aos que assistiu. –contribuiu ele.


      —Sou forte –expressou, negando-se a responder ao ataque.


      —Para minha surpresa, –aceitou Alfonso. —Se me tivesse feito conta, teria sua carreira como modelo e uma boa educação para te respaldar, mas nesta momento, não tem nenhuma das duas...


      —Não posso acreditar que só tenha vindo a te zombar de mim.


      —Vim me certificar de que compreende sua posição atual. Se crê que seu futuro vai costa abaixo está equivocada. A vida poderia ser muito mais dolorosa para ti... Com um pouco de ajuda de minha parte.


      —Está me ameaçando? –perguntou Anahí, com o sangue gelado nas veias.


      —Surpreende-te? –Alfonso se deixou cair em uma poltrona. —Não tenho intenções de permitir que te interponha entre meu pai e sua mãe pela segunda vez...


      —Pela segunda vez? –a jovem umedeceu os lábios ressecados.


      —Conseguiu acabar com sua relação faz seis anos...


      —O que está dizendo?


      —A verdade; e desta vez as coisas partiam bem até que você interveio.


      —Não sei do que está falando.


      —Daisy pediu a papai ontem à noite mais tempo para analisar sua proposta e nós dois sabemos por que, não é assim? –ele arqueou uma sobrancelha.


      —É natural que queira pensar bem as coisas –a garota levantou o queixo de forma altiva. —Não pode me culpar por isso. Por todos os céus, divorciou-se dele faz cinco anos!


      —Maldita egoísta –murmurou Alfonso com suavidade ameaça-dora. —Daisy não tinha nenhuma dúvida até que te viu ontem. –isso a fez ruborizar-se. —Teme perder a sua filha, pode acreditar? Os laços familiares são muito importantes para Daisy. O que foi o que lhe disse?


       —Nada que não voltaria a repetir –declarou Anahí, altiva, apesar de que as lágrimas ameaçavam brotando de seus olhos. —Se tiver dúvidas, não me culpe. Seu pai não foi um modelo de fidelidade quando estiveram casados e talvez isso é o que lhe preocupa.


       —Já te disse faz muitos anos que essas acusações eram falsas –ele apertou o queixo. —E se as repetir diante Daisy, estou disposto a romper cada osso de seu vingativo corpo.


Assombrada pela profundidade de sua ira, Anahí empalideceu e deu um passo atrás. Era certo que não tinha provas concretas a respeito da vida adúltera de Tomaso um ano antes de que seus pais se sepa-rassem, mas o havia dito ao Alfonso e, por uma fração de segundo, a expressão dele a convenceu de que estava informado da aventura extraconjugal de seu pai. Anahí tomou por surpresa e sua negativa ocorreu muito tarde para que fosse acreditável.


Alfonso o sabia embora para ele não havia nada imoral no compor-tamento de seu pai. Em seu mundo, que um homem tivesse amantes era o mais comum. Mas se sua mãe se inteirasse, isso a destroçaria. Agora se perguntava se Daisy estaria inteirada naquela época de que Tomaso tinha uma amante.


      —O que lhe disse? –insistiu ele, furioso.


      —Nada... que seja de sua incumbência –insistiu Anahí.


      —Tratando-se da felicidade de meu pai, é de minha incum-bência.


      —Duvido que ele agradeça sua interferência... e se minha mãe se inteira de que vieste me ameaçar...


       —Pensa dizer-lhe. –Alfonso parecia um felino selvagem a ponto de saltar.


Anahí não pensava fazê-lo, mas estava furiosa e se limitou a elevar um ombro em um gesto provocador.


      —Talvez sim... ou talvez não –manifestou com doçura, mas lançando faíscas verdes pelos olhos. —Terá que esperar para vê, não é assim, Alfonso?


Para seu prazer, viu-o empalidecer, e então sorriu satisfeita. Alfonso tinha cometido uma tolice ao ir ameaçá-la. Ele apertou os punhos e se levantou.


      —Esta noite vim a sua casa para apelar a seus bons sentimentos.


      —No que se refere, não os tenho, Alfonso –lhe indicou ela.


      —Poderia te esmagar com uma mão –lhe assegurou com fúria selvagem no olhar. —E o farei se interferir no caminho de nossos pais.


Era evidente que Alfonso a odiava. E Anahí sabia por que, o motivo estava latente entre eles, sem expressar-se, mas vivo. Estremeceu, incapaz de sustentar mais esse olhar frio e inclemente.


A porta de entrada se fechou com suavidade quando ele partiu. Vencida pela tensão, desabou-se na cadeira mais próxima. Sentia-se doente. Alfonso a tinha acusado de ser vingativa quando só desejava a felicidade de sua mãe. Tinha sido uma egoísta ao lhe insinuar que se Daisy voltasse a casar-se com Tomaso, deixaria de vê-la?


Mas, não era isso não é verdade? Não suportava Alfonso e a feroz hostilidade entre eles seria dolorosamente evidente para seus pais. Não contribuiria para felicidade conjugal, assim que o contato com sua mãe só poderia dar-se quando Alfonso não estivesse presente. Era culpa dela? As lágrimas surgiram. As lembranças voltavam...


Era certo. Incomodou-lhe muito o que sua mãe voltasse a casar-se anos atrás. Se tivesse conhecido a Tomaso antes do casamento, se o tivesse tratado bem, possivelmente teria reagido de outra ma-neira. 


As mudanças materiais em seu estilo de vida não ajudaram. Anahí foi enviada a um internato onde suas companheiras se burlavam dela por seu sotaque. Suas amigas e a tia avó que lhe davam segurança lhe foram arrancadas de repente. Em lugar de ver mais a sua mãe, foi afastada dela. Era tão difícil entender que se sentisse ferida e sozinha?


O maior assombro recebeu ao inteirar-se de que, na ausência de seus pais, Alfonso seria o responsável por ela. Seu meio-irmão a governava com mão de ferro. Quando foi expulsa da escola por haver escapado uma noite, foi ele quem se fez acusação e a instalou em um convento de disciplina rígida; também foi ele quem a castigou quando suspendeu os exames e a fez passar as férias assistindo a aulas particulares.


Ao Tomaso divertia a atitude autoritária de seu filho, assim que as poucas vezes que estava presente, não interferia. Daisy adquiriu o hábito de sair da habitação cada vez que sua filha solicitava sua ajuda. Por desafiar ao Alfonso, Anahí se negou a estudar. Com freqüência se metia em problemas na escola, mas não lhe importava, já que isso a fez popular entre suas companheiras.


Aos dezessete anos, seu meio-irmão a tirou gritando do carro de seu primeiro namorado. Tinha saído às escondidas a seu encontro, temerosa de que sua mãe considerasse que Josh, de vinte e dois anos, era muito velho para ela. Passaram a noite jogando boliches... nada podia ser mais inócuo. Josh parou o carro a uns cem metros da entrada da casa e estava a ponto de lhe dar um beijo, quando a porta se abriu com violência e foi arrastada do veículo por Alfonso.


       —Volta a te aproximar dela e te quebrarei os dedos um a um –comentou Alfonso ao Josh com um sorriso frio. Esse foi o final do romance e a notícia correu de boca em boca. O moço se encarregou disso. «Sai com a Anahí e terá que as ver-te com o Alfonso Herrera». Não era de surpreender que destroçasse sua vida social. Até seus amigas se burlaram dela. Entretanto, não satisfeito havendo-a humilhado, seu meio-irmão comentou o incidente ao Tomaso e a Daisy, assegurando-se assim de que a pouca liberdade de que desfrutava-lhe fosse recortada.


Era de surpreender que aborrecesse ao Alfonso? Ainda se estre-mecia ao recordar os anos em que teve que suportar seus sermões. Mas ele não era a pessoa certa para dar lições a ninguém.


Desde que nasceu, sempre chamou a atenção. Quando Tomaso e sua milionária esposa brasileira se separaram, Alfonso foi o menino mais disputado do mundo ocidental. Tomaso foi o perdedor, mas quando sua esposa faleceu, voltou a lutar pela custódia, nessa ocasião contra a avó materna. Tomaso ao fim resultou triunfante, mas nunca conseguiu controlar o caráter explosivo de seu filho.


Suas aventuras de adolescente causaram sensação na Europa. Aos dezoito anos herdou a fortuna de sua mãe e durante vários anos se dedicou a viver como um selvagem. Seu apetite insaciável de mulheres formosas era conhecido por todo mundo.


Quando seus pensamentos ameaçavam chegar a seu aniversário de dezoito anos, Anahí freou as lembranças. Preparou-se para dormir, separando-se de sua mente as ameaças do Alfonso... depois de tudo, o que podia lhe fazer?


Amanhecia quando despertou uma hora depois, de um horrível pesadelo, tremendo. À luz do dia, o temor ainda a perseguia.


Foi servir se um copo de água à cozinha. Sobre pernas débeis, sentou-se em uma cadeira com o olhar perdido no espaço. Lhe permitiu dar uma festa para celebrar seu aniversário de dezoito anos. Devido aos exames escolares, a festa se celebrou vários meses depois da data. O motivo do festejo era duplo: Seu aniversário e que tivesse terminado a escola. Para variar, Daisy e Tomaso tinham que sair, mas Alfonso não teve o tato suficiente. Por mais estranho que fosse, horas mais tarde, agradeceria ao céu que ele estivesse ali.


Antes de que a festa começasse, Alfonso a assombrou ao felicitá-la por sua aparência antes de retirar-se a suas habitações ao outro extremo da casa. Acabava de retornar do estrangeiro e fazia quase um ano que não o via. Anahí se perguntou se ao fim ele teria mudado sua atitude com ela.


Tinha prometido que não se serviria álcool durante a festa, mas a maioria de seus convidados levaram vinho. Temerosa de fazer-se notar, aceitou tomar um par de taças. A metade da reunião, apresentaram-se seis meninos não convidados, mas dado que um deles era o irmão de uma de suas melhores amigas, Anahí os deixou passar.


Aconteceu na biblioteca. Algumas casais se refugiaram ali e Anahí foi tirá-los dali, pois estavam um pouco bêbados e nessa habitação se guardavam muitos objetos valiosos. Nesse momento devia ter pedido ajuda ao Alfonso, mas a maioria dos assistentes eram seus amigos e não quis pô-los em evidência.


Estava apagando um abajur quando alguém tratou de agarrá-la pelas costas e Anahí deixou escapar um grito. Primeiro pensou que era um dos meninos que lhe estava fazendo uma brincadeira, mas quando sentiu que a arrastavam ao chão se deu conta de que, quem fosse, não estava brincando.


O tipo era muito forte. Anahí se defendeu como pôde, tratando de lhe dar chutes e arranhá-lo quando lhe subiu a saia até a cintura e lhe mordiscou a curva exposta dos seios. Lhe deu um golpe na cabeça e lhe cobriu a boca com uma mão para evitar que voltasse a gritar. Seguia lutando por soltar-se quando a luz principal se acendeu e ficou livre de repente.


Seu atacante fugiu e Anahí não conseguiu lhe ver a cara, mas para seu assombro, Alfonso não tratou de detê-lo. Simplesmente girou sobre seus pés e saiu para anunciar que a festa tinha terminado. Nesse momento não pôde compreender que seu meio-irmão tinha interpretado erroneamente o que acabava de ocorrer.


Tremendo e chorando, Anahí subiu correndo a sua habitação. Se tirou a roupa e se meteu na ducha, ansiosa por lavar o toque das mãos que a tinham manchado. Tinha marcas nos seios e um galo na cabeça. Ainda tremia aterrorizada sentada na cama, quando Alfonso chamou e entrou na habitação.


       —Prostituta! –ainda atordoada pelo incidente a jovem o olhou incrédula.


       —Ele me atacou –conseguiu balbuciar. —Tentava me violentar...


Ainda recordava a forma em que Alfonso a olhou. Estava pálido, rígido pela tensão. Reconheceu a fúria que lutava por controlar. Por um momento, pareceu-lhe que acreditava, que estava molesto con-sigo mesmo por ter permitido que seu assaltante escapasse em lugar de chamar à polícia. Mas suas palavras derrubaram essa esperança.


       —Revira-me o estômago –manifestou entre dentes. —Nunca esquecerei o que vi esta noite.


Não lhe deu a oportunidade de explicar-se, não duvidou em acre-ditar no pior dela. Sua reação a levou a cair em lágrimas. Quando se acalmou, aterrorizou-a ele pensar no que poderia dizer a sua mãe e ao Tomaso.


Não pensou no que fez a seguir. Se soubesse o que ocorreria, teria permanecido na segurança de seu quarto... mas tinha tantos desejos de que Alfonso a escutasse e acreditasse, que nem sequer pensou em vestir uma bata.


Bateu na porta dele. Mesmo que via uma luz interior que escapava da habitação, não obteve resposta. Entrou sem fazer ruído. O abajur de mesa iluminava o corpo de Alfonso. Estava dormindo. E nesse momento, Anahí fez algo que ela mesma se negava a reconhecer depois.


Um lençol branco logo que cobria seus quadris. Estava nu e ela duvidou quanto a se devia despertá-lo. Agora reconhecia que se encontrava enfeitiçada por sua beleza masculina, mas então não sabia. Pela primeira vez reagiu ao atrativo físico de Alfonso. Não era o filho de Tomaso, seu arrogante e atrativo meio-irmão. Não, foi algo mais pessoal, muito mais íntimo, e as sensações que ele des-pertava em lhe resultavam dolorosamente novas.


Ele abriu os olhos. Algo brilhou em seu olhar enquanto ela se achava ali, paralisada, até que Alfonso levantou as mãos e com decisão a fez deitar-se junto a ele.


       —Caríssima... bela mia –murmurou apaixonado contra seus lábios e a garota pensou que a estava confundindo com outra pessoa. Não era possível que a chamasse de maneira tão afetuosa.


       —Alfonso! –ofegou incrédula antes de que a calasse com seus lábios.


Anahí não podia dizer que tivesse levantado a voz nem um dedo para rechaçá-lo. A terrível verdade era que não tinha intenções de fazê-lo. De fato, não recordava que algo tivesse passado por sua mente nesses momentos enfebrecidos.


A explosão de desejo, de necessidade, de ânsia, foi instantâneo. A invasão da língua de Alfonso em sua boca provocou nela intensas quebras de onda de prazer. Em segundos se converteu em argila maleável. Alfonso a beijava com erotismo eletrizante. Rodeou-o com os braços com abandono e o feitiço continuou até que uma voz masculina ressonou no dormitório, interrompendo-os.


       —Preparou uma armadilha! –rugiu Alfonso, olhando-a com fúria.


Apesar de que tinham transcorrido seis anos do acontecimento, Anahí ainda se estremecia ao recordar o momento em que seu meio-irmão a soltou e ela viu o Tomaso ao pé da cama. Ignorando-a, este ficou a gritar a seu filho em italiano. Normalmente tranqüilo, o pai de Alfonso estava furioso pelo que acabava de presenciar.


Mas logo, de maneira estranha, acalmou-se. Até esboçou um sorriso amargo ao dizer algo cortante. Logo Tomaso se tirou a jaqueta para colocá-la sobre os ombros de Anahí e quase a arrastou para fora da habitação, pronunciando palavras violentas contra seu filho por cima do ombro. Seu adorado filho...


Daisy foi depois a sua habitação. A jovem tratou de explicar o inexplicável, mas as lágrimas a afligiram.


       —Deixa passar, querida –murmurou Daisy, também com lá-grimas nos olhos. —Sei que deve te sentir mau, mas a sua idade, fazemos tolices... é difícil controlar seus sentimentos, mas o superará...


Sua mãe supunha que se arrojou aos braços de seu enteado porque estava apaixonada por ele e Anahí estava tão envergonhada e confusa que não pôde protestar. Odiava ao Alfonso e, não obstante, quando ele a tocou tinha estalado em chamas. Não era um desco-berta que queria compartilhar com sua mãe.


Alfonso interpretou sua presença ao lado da cama como um convite sexual. Por que o fez e por que reagiu dessa maneira nunca  compre-enderia. Ele jamais insinuou que a considerasse atraente. A teria confundido com outra mulher? Não lhe parecia lógico. Por que a tocou? Para humilhá-la... machucá-la... e, quando esperava deter-se?


À manhã seguinte, Alfonso se tinha partido para seu apartamento em Londres. Tomaso assegurou à garota que ele não a culpava, que a considerava inocente, entretanto, isso só a fez sentir-se mais culpada que nunca. Tinha muito medo de provocar uma ruptura entre pai e filho, por isso tratou de justificar ao Alfonso, mas Tomaso a sossegou, lhe dizendo que seu filho era oito anos maior que ela.


      —Não posso raciocinar como Tomaso –lhe indicou Daisy mais tarde. —É muito rígido a respeito a muitas coisas e, embora lhe hei dito que não foram mais que uns beijos, não quer me escutar. Diz que já não pode confiar no Alfonso e está muito molesto com ele. Acredito que lhe ordenou que se fosse e isso deve destroçar a ambos. Até agora estavam tão unidos...


Alfonso a acusou de lhe haver feito uma armadilha. E era lógico que pensasse isso porque, tal e como resultaram as coisas, bem pôde havê-lo feito. Seu pai lhe ordenou que se fosse e ela foi liberada de qualquer responsabilidade pelo incidente.


Um par de dias mais tarde, partiu com uma amiga e sua família a passar um mês de férias na França e, enquanto estava ali, recebeu uma carta de sua mãe, lhe dizendo que se separava de Tomaso.


Ela teve a culpa disso? inclinava-se a pensar que não. Fazia uns meses que Daisy não era a mesma, havia algo que estava mal em sua relação com o Tomaso, certa tensão que nada tinha que ver com o que ocorreu entre o Alfonso e ela.


Santo Deus, como era possível que sua mãe queria voltar a casar-se com o Tomaso? No momento que o pensou, Anahí se desprezou por isso. Como podia ser tão egoísta? Estaria Christopher certo ao dizer que seu rechaço à reconciliação de Daisy e Tomaso fosse mais o reflexo de seu ódio pelo Alfonso que uma preocupação autêntica pela felicidade de sua mãe?


No meio da manhã do dia seguinte recebeu uma chamada de Dela Donaldson, a administradora da agência de modelos em que trabalhava desde os dezoito anos.


       —Tenho um trabalho de última hora para ti... Se o orgulho te permite aceitá-lo –anunciou ela.


Anahí se mordeu o lábio, caso que a comissão seria menor que as que antes recebia.


       —Um folheto de férias –continuou a mulher sem esperar resposta. —Para uma assinatura muito respeitada –adicionou. —Vilas St. Saviour. O mesmo senhor St. Saviour esteve aqui faz menos de meia hora e insistiu em que queria a ti. Se mal não recordar, os encargos nos que pedem a ti não abundam estes dias –enfatizou a agente.


       —Me alegro –manifestou Anahí, tensa. Sua reunião com Dela um mês atrás, destoou muito de ser agradável. Como boa empresaria, à mulher não importava se Danny Philips mentia. O que reprovava a Anahí era que, em sua estupidez, deixou-se arrastar a tão má publicidade. A agência perdeu sua suculenta comissão quando o contrato Fantasy foi cancelado.


        —Perfeito. O senhor St. Saviour considera que é uma dama com classe. Mas tive que reduzir sua tarifa acostumada –manifestou Dela. —Seu avião sai amanhã pela tarde.


        —Tão logo?


        —Estará livre até na segunda-feira –lhe recordou a agente. — As tomadas serão na Itália... estará de volta na sábado. Usarão um fotógrafo que não conheço, mas não pode ser exigente. As outras modelos são italianas.


Anahí deixou o telefone em seu lugar quando Dela terminou de lhe dar as instruções para a viagem. Ao dia seguinte estaria na Itália. Teria ido só pelo preço do bilhete de avião, reconheceu, embora só fosse para afastar-se um pouco de tudo aquilo. Na manhã seguinte chamou a sua mãe, mas não a localizou. Chamou Christopher em seu trabalho para o informar de seus planos.


 


 


Já era tarde quando seu avião tocou a terra em Pisa. Seu nome foi mencionado no sistema de alto-falantes do aeroporto e foi recebida no mostrador da companhia de aviação por um homenzinho insigni-ficante que agarrou sua mala e a fez segui-lo a um carro de aluguel.


Seu destino era uma elegante urbanização no vale de La Magra, um pouco afastado do setor turístico. Anahí não conhecia a Toscana, já que durante suas visitas a Roma e Milão nunca teve tempo para fazer turismo. Com um sorriso reprimido, disse-se que devia aproveitar melhor a época em que esteve no topo da popularidade, pois agora não podia dar-se esses luxos. Teria que aceitar o que lhe oferecessem, só para sobreviver.


Estava muito escuro para apreciar a paisagem, assim apoiou a cabeça no respaldo do assento e dormiu, despertando com sobressalto quando a porta do carro se abriu e a brisa fresca lhe deu na cara.


O condutor do táxi já tinha baixado sua mala. Ao descer, Anahí contemplou uma pedra enorme frente a ela, com uma imponente porta de carvalho. A jovem franziu o cenho. Mais parecia a entrada a um convento que a um hotel. O taxista atirou de uma corda para chamar e retornou a seu veículo.


       —Signorina Puente –se anunciou Anahí à anciã que abriu a porta.


       —Sou surda –lhe indicou a mulher com um sorriso tocando-a orelha. —Sou Stella.


Perguntando-se se seria verdade que era surda, Anahí tomou sua mala e a seguiu por um amplo e escuro pátio. A mulher a levou até um vestíbulo que parecia mais acolhedor que o que o exterior indicava. Não obstante, não havia recepção... e tudo estava muito silencioso.


Enquanto seguia à anciã por uma escadinha de caracol a garota sorriu para si. O lugar era muito distinto aos hotéis de luxo que conhecia. Quanto ao silêncio, não era a temporada alta e não estavam na zona hoteleira. Também era tarde e as outras modelos se encontrariam descansando, dispostas a apresentar-se à sessão de fotografia a primeira hora.


Stella a levou a uma habitação com antigüidades autênticas e dimensões tão impressionantes que a deixaram boquiaberta. Uma impressionante cama com dossel e cortinados de brocado dominava o quarto. Uma porta aberta conduzia a um banheiro com instalações modernas. Janelas francesas davam a uma terraço de pedra adornada com flores.


Enquanto Anahí procurava a acostumada lista com o regulamento do hotel, Stella desapareceu. A jovem riu pela rapidez com a que a anciã partiu e fixou a vista em uma bandeja com café e sanduíches sobre uma mesa perto da cama.


Não lhe agradava tomar café antes de dormir e procurou um telefone. Não o  havia. Dirigiu-se para a porta, mas se deteve. Não seria próprio pedir que lhe levassem água mineral a essa hora se Stella era a única integrante do pessoal em serviço.


Deu-se uma ducha rápida, comeu um sanduíche e deu uns goles de café antes de meter-se na cama. Parecia-lhe estranho que ninguém tivesse saído para recebê-la, nem sequer o fotógrafo para lhe dar instruções para a sessão do dia seguinte. Talvez a fama a fazia sentir-se muito importante, repreendeu-se. E não podia queixar do alojamento. Minutos depois de apagar a luz, estava profundamente adormecida.


        —Buongiorno, signorina...


      —Buon o que seja –murmurou Anahí, despertando-se e abriu os olhos quando abriam as cortinas, iluminando a habitação com um sol brilhante. Ao endireitar-se, reconheceu que a voz era de homem, tratou de cobrir-se com as mantas, dizendo-se que se alguém tinha que entrar em sua habitação, preferia que tivesse sido uma donzela e não um servente.


      —Giorno –terminou o homem por ela com voz firme.


«E um servente irritante», disse-se a garota, molesta. O que mais a irritava era que sua voz fosse tão parecida com a de Alfonso.


Entrecerrou as pálpebras para ver bem ao intruso à luz brilhante e quase deixou cair o lençol que a cobria.


Com olhos incrédulos, exclamou:


      —A... Alfonso?



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Autor(a): theangelanni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 14



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  • jucirbd Postado em 09/04/2009 - 17:04:04

    muito linda sua web
    escreve uma segunda temporada

  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:58:00

    MAIISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:58:00

    MAIISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:57:59

    MAIISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:57:59

    MAIISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:57:59

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  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:57:58

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  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:56:43

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  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:56:42

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  • mariahsouza Postado em 30/03/2009 - 17:56:41

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