Fanfic: Nosso Segredo

Rio de Janeiro, Brasil.

Renata incomodava muitas pessoas pela sua frieza e sua vida solitária. Ela tinha seus motivos. Foi humilhada e traída por Beto. Ela não costumava lembrar de acontecimentos passados - não com muita frequência -  mas muitas vezes vinham sem avisar. Vinham como um flashback. 

As luzes estavam apagadas e gemidos predominavam no quarto de Renata. Acelerou os passos, abriu a porta do quarto e teve a tão indesejada cena: Beto estava com outra. Renata saiu de si.

- Você não é da igreja? Crente não faz isso – Beto disse apavorado.

- Cala a boca! Você conseguiu Beto, tirou a minha paz. E mesmo que eu tenha que pagar pelos meus pecados queimando no fogo do inferno, eu irei pagar, mas não antes de te matar. Por que fez isso? Eu não fui uma boa esposa?

- Olha como você se veste. Olha pra você! É ridícula. Patética. Feia. Esses óculos fundo de garrafa não vão te levar a lugar nenhum. Eu ainda me pergunto: Por que casei com uma mulher tão vulgar?

Ela demorou muito tempo para se recuperar. A frieza consumiu todo o seu ser. Ela não era mais a mesma. Desde então substituiu “Esse cara sou eu” por “Martelo Bigorna”. As roupas largas foram substituídas por roupas coladas, muitas sobre medida para mostrarem suas curvas e seu corpo definido.

Renata havia se afastado da igreja desde que se mudou para o Rio de Janeiro. Hoje ela iria conhecer o apartamento com vista para o mar – seu sonho de consumo.

O trem parou e antes de descer olhou para o seu reflexo no vidro. Seus olhos castanhos pareciam ficar mais claros conforme posicionados de frente para o sol. Seu cabelo escuro combinou com o batom avermelhado. Por sorte ela conseguiu sair antes que o trem tomasse seu rumo.

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A praia não chamou tanta à atenção de Renata. Ela queria mesmo era conhecer o seu apartamento, o seu lar doce lar - Ou não tão doce assim. O Edifício era enorme, bonito, muito bem conservado. Era todo espelhado e refletia os raios do sol. Não tardou e Renata entrou no elevador. Observou o rapaz de óculos escuros ao seu lado e sem motivo algum sorriu. Talvez porque o rapaz estivesse muito engraçado ou porque ela havia apreciado a beleza do mesmo – Ela não poderia negar nenhuma das duas hipóteses.

O elevador se abriu e os dois saíram no mesmo estante. Juntos. Num golpe de olhar os dois se encararam.

- Você pisou no meu pé – Renata arqueou uma das sobrancelhas.

- Não pisaria no seu pé se você não me atropelasse – Áquila respondeu friamente, na mesma dose.

- Eu? Atropelando? Mereço isso. Olha, faz assim, eu vou te enviar um site de download pra você baixar a sua bola. Perdão, é que eu não estou encontrando ela.

Sem olhar para trás ela seguiu em direção ao quarto. Abriu a porta e deu de cara com o apartamento mobiliado e fotos. Estranhou a princípio.

- Licença – Áquila passou pela morena e jogou-se no sofá.

- Ei! Você é louco? Saía de cima do meu sofá. Saía do meu apartamento.

Ele não aguentou e caiu na gargalhada. Ela não imaginava o que realmente estava acontecendo.

- Você está rindo ou tendo um AVC?

- Tão engraçada – Ele foi irônico. – Então você é a colega de quarto?

- Oi?

- Você não leu antes de comprar a sua parte? Dividimos o aluguel, por isso que quando você deu entrada no apartamento, foi mais barato.

- Ah – Renata se mostrou pensativa. – Como eu não desconfiei? Barato demais. Como eu não tenho como arranjar dinheiro agora, o jeito é ficar aqui mesmo. Mereço.

- Calma – Ele se levantou do sofá e abriu os braços. – Eu vou te proteger.

- Se eu não confio nem no santo, acha mesmo que eu vou confiar em você?

- Já que vamos ser amigos – Áquila sorriu. – Comprei um presente para a minha colega de quarto.

- Pra mim? – Ela arqueou uma das sobrancelhas.

- Um chocolate – Ele entregou e percebeu o brilho nos olhos da morena.

Ação e reação. Renata não pensou duas vezes e abriu o chocolate esfomeada. Mordeu de todos os lados.

- Uma delícia – Ela fechou a cara quando sentiu um gosto estranho. – O que? Ai... Minha boca tá ardendo.

A morena correu pelo apartamento inteiro até achar um lugar onde pudesse lavar a sua boca.

- Olha pra mim... Tá melhor? – Áquila filma Renata com o celular.

- Você tá me gravando? O que você fez? Botou pimenta no chocolate, cara? Sério isso? Na boa.. – Gritando – Larga esse celular agora. Eu vou acabar fazendo uma palhaçada contigo, namoral, para. Eu quero saber como você colocou pimenta dentro do chocolate. Você é louco? 

Risos. Áquila Gabriel não imaginava que ter uma colega de quarto seria tão divertido e prazeroso.

- NÃO TEM GRAÇA – Renata deu um tapa no rosto de Áquila e mesmo assim ele não conseguiu parar de rir.

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Noite. Depois de chingamentos e risos os dois foram deitar. Dois quartos no apartamento, claro que Renata ficou com o maior.

- Posso deitar ai? – Áquila perguntou educadamente.

- Por que não deita no seu quarto?

- Aquilo lá não é um quarto. É um espaço muito pequeno e eu vou dormir com uma máquina de lavar e com produtos de limpeza?

Renata revirou os olhos e chegou para o lado, dando espaço para Áquila deitar na cama.

- Obrigado.

- Só não encoste em mim, você tem o seu espaço e eu tenho o meu. Foi avisado! – Ela foi fria.

- Por que eu encostaria em você? Quero distância de você, patricinha! – Ele puxou o cobertor para implicar com Renata.

Ela riu por dentro. A noite foi passando e eles não fizeram por menos; toda hora um puxava o cobertor, não paravam quietos. Sem perceber Renata dormiu com a cabeça apoiada no peitoral de Áquila e ele envolvendo seus braços na cintura da morena.