Fanfics Brasil - 1 Eu sou o rei dos demônios The king`s daughter

Fanfic: The king`s daughter | Tema: Demônios, Vampiros, Bruxos, Fadas, Lobisomens


Capítulo: 1 Eu sou o rei dos demônios

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POV Katherine – 2009


Encostei a cabeça no vidro do carro, estava gelado e embaçado. Desenhei alguns círculos enquanto minha mãe apertava minha mão, era seu sinal silencioso de que tudo ficaria bem, e com a outra segurava Pietro para que não deixasse seu pirulito cair. Sim, ela tinha essa capacidade. Pietro tinha apenas 4 anos mas era simplesmente uma máquina de sobrevivo-de-açúcar. Acho que ele pegou essa mania de mim, porque eu até hoje com 12 anos sempre tenho uma balinha no bolço.


-Katherine. Tudo vai ficar bem –mamãe apertou mais minha mão e sorriu.


O sorriso dela era aquele que podia parar uma guerra e encontrar a cura pro câncer. Ela era incrivelmente linda, sua voz era pacifica e sua pele era branca como neve.


-Mamãe, você continua repetindo isso desde que saímos do hotel.


-Camomilaaaaaaaaaa –Pietro gritava isso sempre quando via uma arvore. Ah, como eu poderia fazer um desmatamento só pra ele calar a boca.


-Pietro, estamos numa cidade, não tem arvores aqui... –comecei a dizer, mas não consegui terminar a frase. Estávamos em uma estrada de terra, e havia vários pinheiros cercando a estranha. Cheguei para frente e enfiei o nariz na janela- COMO? A gente estava andando pelo transito de Nova York agora pouco!


-Mágica –mamãe apertou meu nariz com a ponta dos dedos.


Se uma coisa eu aprendi todos esses anos é: nunca faça perguntas. Certo, se você não quiser ter pesadelos a noite, não faça perguntas do tipo “Como?” ou “Por quê?” para minha mãe. Com o tempo minha mãe foi percebendo que eu sempre perguntava e as respostas sempre me davam medo, ela passou a responder “Mágica” coisa que afinal eu sabia que não era.


-Camomilaaaaaaaaaa dois! Três! Quatro! Cinco! –Pietro cutucou a janela freneticamente apontado para as arvores.


-Para onde vamos, mãe? –perguntei um pouco mais animada. Fazia anos que não saiamos daquele hotel. “Ordens do seu pai” minha mãe sempre dizia.


-Visitar seu pai –ela deu um sorriso fraco- Pietro, não morda o palito do pirulito, mas sim O pirulito.


-Ah –Foi só o que consegui dizer.


Não gostava do meu pai e pra falar a verdade acho que nunca vou gostar. Ele tinha cabelos cacheados e um rosto severo caindo pelos olhos totalmente pretos. Não vejo como mamãe conseguiu ter algo com ele, ou se apaixonar por ele. Ele só dava ordens pra mamãe e nunca dirigiu uma frase inteira pra mim nem para Pietro. Mas nessa história minha mãe também era a certa vilã. Os dois não respondiam perguntas do tipo “Por que não posso estudar como uma criança normal?” ou “Como Pietro botou fogo no pirulito dele semana passada?” ou até “Por que não posso sair de casa, quero dizer, do hotel?” porque casa eu nunca tive.


-Ele vai mudar as regras dessa vez? –perguntei emburrada- Não posso tomar chá antes de dormir? Ou o Pietro não pode dizer camomila toda vez que vê uma arvore?


-Meu amor, sabe que as coisas funcionam assim porque tem que ser assim –ela passou a mão no meu cabelo- Tudo que faço é direcionado para o futuro.


-Sei, sei –Balancei a cabeça imitando a voz dela- “Eu vivo no futuro, nunca no presente”


-Minha voz é assim? –ela deu uma risada e Pietro riu junto mesmo estando olhando para as arvores- Hoje todos as suas perguntas serão respondidas Katherine.


-Todinhas? –não consegui disfarçar meu animo.


-Sim. Finalmente nós poderemos viver no presente.


-Sabe que nunca vou entender essas suas poesias malucas não é? –beijei o rosto dela.


-Tenho certeza que sim –Ela voltou a atenção para frente e sussurrou algo no ouvido do motorista, que com um tranco, acelerou mais ainda.


O carro paroudepois de 17 “Camomilaaaaaaaa” e alguns minutos de minha mãe dizendo “Tudo vai ficar bem” e “Vivo no futuro, não no presente”. A casa na qual paramos era mais para igreja do que casa, e nem precisei perguntar se ali era ou não a casa do meu pai. Assim que saltamos o ar frio congelou minhas pernas e meus braços e me agarrei a Pietro, ou ele se agarrou a mim. Ele subiu rápido ao meu colo e me abracei a ele como se ele fosse um ursinho de olhos azuis. Mamãe andou alguns passos há frente enquanto observava as janelas do 3 andar, como se esperasse que algo saísse dali. Depois do carro que nos trouxe até ali virar a esquina, mamãe virou para trás e observou eu e Pietro agarrados um ao outro, sorriu, e fez um sinal para seguirmos ela.


-Cecily! –A voz de minha avó pareceu balançar o chão.


Ela pareceu saltitando pelo jardim com dois sacos pretos na mão. Estávamos na metade do jardim até a porta e parecia tudo bem até minha avó aparecer. Sabe, ela era legal, por mais que seja minha avó por parte de pai, ela não parecia nada com meu pai.


-Quisquiliae! –Minha mãe sorriu e trocou dois beijos no rosto com ela.


Sim, a família do meu pai sempre tinha nomes estranhos e com significados obscuros.


-Me chame de Liae, Cecily –Ela colocou os sacos nos chão e me observou por um tempo- Chegue mais perto da vovó, criança.


Dei alguns passos e veio aquilo que eu nunca gostei nela. O fedor. Ela tinha sempre saco de lixo na mão e sempre fedia a lixo. Ela me observou por um tempo e depois observou Pietro no meu colo.


-Que lindos olhos roxos, Katherine! –Liae apontou para meu rosto- E que sorriso encantador? Você é tão magnifica!


-Eu vó! Eu! –Pietro bateu palmas querendo elogios também.


-Você tem olhos lindos –ela se virou pegou o saco de lixo e voltou para o jardim.


Demorei um tempo pra perceber que Pietro havia ficado triste e enterrado seu rosto no meu ombro.


-Ela é um monstro mamãe –passei a mão nas costas dele murmurando coisas positivas sobre sua aparência.


-Ela gosta de pessoas diferentes –Mamãe voltou a andar em direção a porta e eu a segui.


-Eu sou diferente? –perguntei apertando o passo para alcança-la.


-Todos somos –ela abriu a porta grande de madeira com dificuldade e entramos.


O ar lá dentro era mais frio ainda, mesmo todas as janelas sendo grandes vitrais de anjos -o que era um pouco irônico- fechados. Papai estava no topo da escada principal, encarando minha mãe fixamente com o mesmo ar solene de sempre. Ele nem sequer olhou para Pietro ou para mim.


-Cecily. Você veio –seu tom de voz era sempre o mesmo, isso me assustava.


-Você vai dizer a verdade a eles –Ela escondeu o rosto com as mãos- Não tenho coragem de contar.


-Com prazer Cecily –Ele desceu as escadas com passos pesados e eu juro que só voltei a respirar quando ele estava frente a frente com minha mãe- Vamos para sala de jantar. Meus filhos devem estar com fome.


Ele nunca nos dirigia uma palavra por “Você” ou simplesmente nossos nomes. Era sempre “minha filha” ou meu filhos”.


Andamos por vários corredores totalmente pintados de pretos, sem decoração, sem quadros, nada. Apenas preto. Finalmente chegamos a sala de jantar. Uma mesa enorme com mais de 20 cadeiras de madeira entalhadas por figuras de cobras saindo dos apoios. Estranhamente, eu achei bonito.


Papai sentou na cadeira principal e mamãe ao lado dele, sentei ao lado dela e Pietro sentou no colo de minha mãe.


-O que tem a perguntar? –Ele disse depois de longos minutos em silêncio.


Eu sempre imaginei esse momento, sempre imaginei de cor e de trás pra frente todas as perguntas que eu faria, mas ali, agora, todas sumiram.


-Por que não posso estudar?


-Porque você é a minha filha.


-Tá –Respondi com a voz tremula- Por que não podemos ter uma casa?


-Porque não é seguro –Sua voz demostrava tédio.


-Então por que não moramos aqui com você? Nesse castelão?


-Porque aqui não é casa de família para crianças crescerem.


-E o que tem eu ser sua filha?


-Eu sou o rei dos demônios –Ele sorriu- E você é um demônio também.



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Autor(a): pensadora

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Virei para minha mãe na esperança dela levantar e rir do meu pai dizendo que ele era louco, mas ela apenas mordeu o lábio e assentiu com olhos marejados. -Como nos filmes? Com chifre? –Eu elevei a voz- Eu não tenho chifres! -Poderíamos ter dito depois –Ela encarou a palma das mãos que descansava em seu colo. -Agora tu ...



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